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Wang Yibo

Wang Yibo olhou por cima do corredor, continuando a assistir a troca na frente dele. Ele estava escutando. Ele normalmente não se importava o suficiente para prestar atenção a coisas assim. Mas algo sobre o homem chamou a atenção de Yibo desde o início - as roupas fracas, desbotadas, a bolsa que ele carregava. Havia algo na maneira como ele se movia, na queda de seus ombros, como se carregasse o peso do mundo sobre eles, e isso chamou a atenção de Yibo, porque ele imaginou que tinha a mesma aparência.
Estranhamente, ele se viu naquele homem.

— Eu não quero isso — disse Bobby, o dono da loja. Ele colocou as etiquetas de volta na mão do homem.

— Então eu não posso alugar o seu equipamento. ..

As sobrancelhas de Yibo franziram. Não havia uma parte dele que não entendesse de onde o homem estava vindo. Ele também não era do tipo que pegava esmolas. Ele cresceu sem família - dentro e fora de um orfanato. Ele sempre foi capaz de cuidar de si mesmo. Ele nunca se deixou apoiar em ninguém... até Ziyi. Ele desviou
desses pensamentos antes que eles tivessem a chance de puxá-lo para baixo.

— Uma vara de pescar e uma isca são muito diferentes de um conjunto de placas de identificação. Vou pegar o equipamento e já volto — disse Bobby enquanto se voltava para a sala dos fundos. A marcha pesada do homem o seguiu. Não foi um coxo muito pronunciado, mas seus passos eram um pouco mais pesados por causa disso.
Não é da minha conta. Por que eu deveria me importar?  Ele olhou para baixo, tentando decidir o que comprar.

— Não há necessidade. Agradeço sua oferta, mas não poderei aceitá-lo — disse o homem manco.

Wang Yibo olhou para cima novamente. Por que diabos ele estava tão interessado na conversa deles?

O cara pegou suas etiquetas de volta e virou-se para Wang Yibo. Seus olhos se encontraram e... algo estranho bateu em Wang Yibo, um sentimento estranho que ele não reconheceu a princípio... e então ele fez. Um fantasma de ciúmes. Era ridículo ter ciúmes da liberdade do homem, mas ele estava. Se não fosse por Ziyi, pela casa, ele provavelmente seria como ele. Teria sido muito mais fácil se perder no mundo como ele queria se não precisasse tentar cumprir as promessas para sua esposa morta.

“ Prometa-me, Yibo. Prometa que não vai se fechar. Que você comprará a casa, realizará nossos sonhos. Que você será feliz.”

Droga. As memórias nunca pararam. Ele não podia estar feliz, mas ele com certeza faria o resto. E ele encontraria uma maneira de ajudar esse homem, porque era o que Ziyi faria.

O homem parou, olhou para  Yibo também, como se talvez ele pudesse ver o que Yibo estava pensando, saber que  Yibo os estava observando, mas então ele continuou, saiu da loja.
Wang Yibo colocou as iscas de volta e foi em direção à porta.

— Ei — Ele chamou quando saiu.
O homem se virou, as sobrancelhas unidas em confusão.
— Eu tenho algum equipamento extra, se você quiser...
— Eu também não vou fazer um acordo com você. Eu não preciso de pena. Não aceito esmolas.
— Não é uma esmola — respondeu .
— Eu faria o mesmo.

— Então você sabe que não vou levar o equipamento a menos que possamos trocar alguma coisa, e não tenho muito.

Frustrado, Wang Yibo passou a mão pelo rosto. O que diabos ele estava fazendo? Se o cara não queria ajuda, esse era o problema dele.

O cara não se moveu imediatamente, apenas olhou para Wang Yibo, inclinou a cabeça levemente, como se tentasse descobrir alguma coisa. O que Wang Yibo viu refletido ali quase o fez tropeçar para trás.

"DE LUZ SOLAR E POEIRA ESTELAROnde histórias criam vida. Descubra agora