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     Yibo

Foi um dia estranho depois disso. Eles voltaram para casa em silêncio. Xiao Zhan pigarreou e disse que iria trabalhar. Yibo divagou sobre uma lição que precisava preparar, dando muito mais informações do que realmente era necessário. Ambos estavam se sentindo um pouco crus, ele pensou, vulneráveis, pelo menos ele sabia que estava. O que ele disse a Xiao Zhan tinha sido verdade. Esse homem que ele não conhecia bem, que era um estranho antes de se estabelecer na casa de Yibo, era tudo o que tinha. E ele não queria perder isso.
O pensamento de estar sozinho novamente o fez sofrer profundamente, o fez se sentir aberto. O pensamento de perder Xiao Zhan, seu amigo, causou uma dor aguda no peito, que se enterrou profundamente em lugares que ele não tinha mais certeza de ter.
Talvez ele estivesse errado, mas não importava que Xiao Zhan estivesse na prisão. O que ele havia feito estava errado, mas diabos, quem sabia, Yibo poderia estar no mesmo tipo de situação se não tivesse encontrado Ziyi.

Ele olhou para as placas de identificação que estavam ao lado de seu computador. Ele não tinha certeza por que as colocou lá quando entrou mais cedo, por que seus olhos continuavam sendo atraídos por elas. Elas o lembraram de Xiao Zhan, é claro. Elas eram um símbolo do tipo de homem que ele era, o tipo que daria sua posse mais preciosa a alguém em confiança. Essas placas também significavam algo para Yibo.

Eles pularam o café da manhã, então ele se perguntou se Xiao Zhan estava com tanta fome quanto ele. Yibo fez o almoço e eles comeram em silêncio juntos antes de Xiao Zhan se despedir do lado de fora novamente e Yibo desaparecer no andar de cima... para ficar obcecado com o porquê de isso estar afetando tanto ele. Por que o pensamento de Xiao Zhan partir havia deixado um buraco dentro dele.
Yibo fez um assado e batatas para o jantar. Diferente da rotina habitual, dessa vez ele colocou a comida na mesa, também os pratos, antes de chamar Xiao Zhan. Era provável que ele estivesse protelando - e talvez por isso ele colocou a maldita mesa para eles -, mas o motivo não importava muito para.
Quando ele saiu pela porta dos fundos, havia um Xiao Zhan, sem camisa, jeans pendurados nos quadris, olhando as rosas de Ziyi, arrancando folhas velhas do mato. Ele sentiu como se o ar tivesse sido sugado dele. O momento ficou pesado dentro de sua caixa torácica. Havia algo... inferno, quase íntimo em vê-lo cuidar gentilmente de rosas que deveriam ser um memorial para Ziyi.
E havia algo na pele beijada pelo sol de Xiao Zhan que o fez tremer.

— Oh, ei — disse Xiao Zhan, seus olhos disparando para Yibo antes de voltar para o mato.
— Elas são realmente lindas. Não acredito no quanto algumas delas se abriram.

O peito de Xiao Zhan brilhava, o sol brilhando em gotas de suor. Ele era esbelto, mas mais corpulento do que Yibo, seus abdominais musculosos de uma maneira que os de Yibo não eram. Seu cérebro lhe disse que eram coisas inesperadas para se notar sobre outro homem, pelo menos para ele, mas ele notou-as em Xiao Zhan. —
Sim, lindas — respondeu ele, mas não tinha cem por cento de certeza de que estava falando sobre as flores.
— O jantar está pronto... se você quer vir comer.

— Tudo bem — Ele respondeu.

Eles entraram juntos e, como sempre, Xiao Zhan foi ao banheiro para se limpar primeiro. Yibo arrumou os utensílios, novamente parando até Xiao Zhan sair.
— Cheira muito bem. — Disse Xiao Zhan.

— Obrigado. — Foi só quando eles estavam sentados, no meio da refeição juntos, que Yibo acrescentou: — Sinto muito por esta manhã. Eu não deveria ter voltado aqui assim. Fiquei chocado... me senti um pouco traído, mas não sei dizer o porquê. Eu não deveria ter reagido da maneira que reagi.

— Você tinha todos os motivos para reagir assim. Você acabou de descobrir que o homem a quem ofereceu um quarto em sua casa é um criminoso.

— Você, Xiao Zhan. Eu descobri que você é um criminoso. Isso é diferente de um homem qualquer.

"DE LUZ SOLAR E POEIRA ESTELAROnde histórias criam vida. Descubra agora