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Xiao Zhan

Ele esteve na delegacia durante horas, enquanto Xerife Jones e seu vice,  Pearson,  questionaram  ele.  Eles  tentaram  usar  a  rotina  de policial  bom  e  policial  ruim,  que  ele  reconheceria  a  uma  milha  de distância. Eles o deixavam em paz por uma hora de cada vez, com a boca seca de se defender, e depois voltavam para oferecer um copo escasso de água para molhar sua boca antes que outro o atacasse.
E aqui ele se sentou novamente, sozinho com seus pensamentos enquanto  eles  o  observavam  por  trás  do  espelho  bidirecional, esperando  que ele  quebrasse.  Ele  passara  por  muito  pior  em  seus quatro  anos  no  sistema  penitenciário  e,  ainda  assim,  Xiao Zhan  estava petrificado que poderia potencialmente perder tudo. Já deveria ter.
Ele  não  conseguiu  abalar  o  olhar  que  tinha  visto  no  rosto  de Yibo.  A  dúvida  momentânea  que  passou  por  seus  olhos.  A confusão sobre Xiao Zhan adormecer no sofá na noite anterior depois de deixar sua cama quente. Ele podia imaginá-lo tentando acrescentar tudo,  uma  linha  do  tempo  dos  eventos,  exatamente  como  o  xerife estava  tentando  estabelecer  agora.  Ele  não  sabia  o  que  faria  se  o perdesse - o homem que passou a significar tudo.

Xiao Zhan usou seu tempo na prisão para crescer, para entender seus erros, para que nunca os cometesse novamente, e isso ainda não era suficiente. Talvez ele ainda tivesse lições para aprender sobre amor e perda. Seu peito estava vazio ao pensar nisso. Quando ele teria um pouco de sorte?
Raiva branca surgiu dentro dele. Por que Yibo duvidava dele? O
que ele já havia feito para colocar a dúvida lá? Apenas uma vez ele omitiu informações sobre si mesmo, no início de sua amizade. E ele veio limpo. Ele tentou ser um homem honrado, o tipo de homem de quem seu avô teria orgulho, e ele acabou aqui de qualquer maneira.
Como se nada disso importasse.
Tudo  por  causa  de  uma  alegação  falsa.  Parecia  quase  uma montagem ou uma piada prática.
Certamente  Bobby  não  conhecia  os  detalhes  de  seus  crimes passados  -  apenas  que  havia  um  crime  em  seu  registro.  O  xerife Jones com certeza sabia.
A porta se abriu e o xerife entrou por conta própria desta vez. Xiao Zhan olhou para o espelho bidirecional do outro lado da sala, chocado com seu  próprio  reflexo  desgrenhado,  com  os  cabelos  arrepiados  por enfiar os dedos nele. Ele estava ciente de que Pearson estava por trás disso, procurando qualquer linguagem corporal culpada que pudesse denunciá-lo.

— Vamos passar por isso mais uma vez — disse Jones, sentando-se à sua frente na mesa de metal. Xiao Zhan engoliu sua raiva, os dedos tremendo nas coxas.
— Minha história não vai mudar — respondeu Xiao Zhan com os dentes cerrados.

—  Como  eu  já  disse,  apareci  para  trabalhar  na  casa  de Bobby  ontem  de  manhã.  Eu  já  tinha  terminado  a  pintura,  então precisava  substituir  as  calhas.  Peguei  a  escada  de  onde  estava  ao lado  da  garagem  e  comecei  a  trabalhar.  Bobby  acenou  para  mim quando entrou no carro e saiu para a loja de equipamentos, como nos  outros  dias.  Trabalhei  a  manhã  toda,  parei  para  almoçar  por volta das doze horas e depois fiz o resto do trabalho naquela tarde.
Fim da história.
— Você notou o cadeado na porta da garagem?
Ele encolheu os ombros.
— Vagamente. Passei por ele dezenas de vezes todos os dias e não vi nada fora do lugar.
— E Bobby fez você perceber que ele gostava de reconstruir carros clássicos e manter peças aleatórias dentro daquela garagem?
Ele se lembrou da breve discussão algumas semanas atrás.  — Não nessas  palavras  exatas,  mas  sim.  Apenas  uma  vez  em  sua  loja  de equipamentos quando discutimos pela primeira vez sobre o emprego.

O xerife Jones cruzou os braços e recostou-se na cadeira, um olhar presunçoso no rosto.  — E foi por isso que você aceitou o emprego, certo? Para ter acesso a essas peças?
—  De  jeito  nenhum!  —  Ele  latiu,  depois  moderou  sua  voz.  
— Fiquei feliz por ter algum trabalho em meu caminho. Quero continuar a ganhar a vida.  Legalmente.   
O xerife Jones se inclinou para a frente como se tivesse algo nele.
— No entanto, você está fazendo o trabalho para Bobby debaixo da mesa sem uma licença adequada.
Porra.  Embora a licença fosse a menor das suas preocupações.  — Solicitei uma licença; apenas esperando isso acontecer. Certamente, você pode procurar essas informações.
— Claro. Puxei seus outros registros também.

"DE LUZ SOLAR E POEIRA ESTELAROnde histórias criam vida. Descubra agora