Capítulo 30

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A música comumente usada em casamentos soava alta pelos auto-falantes dispostos por todo o gramado. As pessoas olhavam para trás com sorrisos forçados, olhando para mim como se fosse uma exposição cara. Sinto meu coração se apertar a cada passo dado no tapete branco e lustroso, podendo muito bem ser uma seda fina. No altar, Daniel me olhava com o maior dos sorrisos.

Visto de longe - ou por todos que não sabiam a verdade - seu sorriso poderia ser descrito como alegre e jovial. Contudo, seus olhos me diziam a verdeira razão dos dentes retos estarem sendo expostos tão lindamente. Acho que a palavra que se encaixava perfeitamente era: vitória! Suas ires me diziam com todas as letras que ele havia ganhado. Que de agora em diante eu não teria mais escolha.

Vocês devem estra pensando: calma! Alec conseguirá um jeito. Entretanto, já haviam se passado minutos demais para que ele pudesse ter pensado em algo. Agora vendo, aquele beijo calmo e delicioso poderia ter sido uma despedida velada. Ele devia ter desistido disto, era arriscado demais a final de contas. Nossa paixão juvenil não merecia tanto esforço.

Rio nasalado, ainda andando calmamente e sendo guiada por um Anthony feliz e pomposo. O motivo da minha risada, no entanto, era o fato do meu pensamento recente não fazer o menor sentido. Alec era obstinado, era mais fácil ele morrer do que desistir. E se eu o conhecesse tão bem quanto achava, tinha certeza de que sua mente maluca já havia pensado em algo. Talvez já até estivesse rolando.

Sigo com uma calmaria fingida pelo restante do caminho, logo sendo entregue nas mãos asquerosas de Daniel e obtendo um olhar muito significativo de papai. Algo como: não ferre isso, garota!

Sinto um aperto em meu peito a medida que a cerimônia vai tomando seriedade. O padre falava lindas palavras, sorrindo amigavelmente para nós. Meu noivo estava sério, muito concentrado em cumprir seu dever matrimonial. Eu, por outro lado, estava com o corpo formingando de vontade de sair daqui.

— Peço perdão pelo atraso! — Uma voz soa alta. Na verdade, o homem quase gritava. — O trânsito nesta época do ano é infernal, se soubesse teria vindo bem mais cedo.

Viro-me para ver a figura barulhenta, encontrando um Nathan muito bem vestido e de óculos escuros. Sinto vontade de rir ao vê-lo cambalear entre os bancos em busca de um lugar para se sentar. Todos - literalemente todos -, o olhavam como se o cara fosse uma aberração.

Me pego pensando na razão da sua presença ali, mas logo meus pensamentos são enevoados pelo retorno da voz grave do padre. Evito suspirar, almejando que isso acabasse logo.

— Eu acho tão lindo! — A voz de Nathan soa novamente, ainda mais alta do que antes. — Sabe? Dois jovens tão legais se casando assim. Muito lindo e conveniente, não acham?

Algumas pessoas ao redor prendem o riso, olhando diretamente para ele. Meu pai, por outro lado, estava mais do que irritado com a interrupção.

— Na minha família, no entanto. — Ele continua. — Temos uma tradição especial de cantar uma música antes do votos dos noivos. Algo bem supersticioso, mas mesmo assim não se pode arriscar. Que tal cantarmos em uníssono antes que algo dê errado?

Não consigo não rir quando ele passa a cantar. Contudo, o pior não foi sua voz alta e estridente cantando uma música que eu nem ao menos conhecia, mas o fato das pessoas o estarem acompanhando. Era uma cena engraçada demais para sequer cogitar segurar o riso.

— Puta que me pariu. — Daniel resmunga ao meu lado, claramente irritado com toda a canção em grupo que rolava lá embaixo.

— Quem é esse cara? — Ouço papai resmungar, sem dúvidas pensando se mandava os seguranças pega-lo ou não.

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