11° Episódio.

2.2K 137 21
                                    

Jasmine narrando.

Acordei era 07h23, não tinha problema já que minha aula começa 09h. Vi serpente dormindo ao meu lado, e acordei a mesma com um beijinho.

Jasmine: bom dia, sr. Serpente. - abro um sorrisinho.

Serpente: bom dia, né. - ela se espreguiça, e eu me levanto. - vai pra onde?

Jasmine: pra onde mais seria? Pra faculdade né. - digo entrando no banheiro. - e você prometeu que iria me levar. Todos os dias.

Serpente: cacete, porque fui falar? - falo pra mim mesma. - e pra tá lá que horas?

Jasmine: relaxa, minha aula começa às 09h e termina às 18h. - digo tirando meu pijama.

Serpente: então eu vou lá em casa tomar banho né, porque eu não vou podre. Tranquilo? - ela diz perto da porta.

Jasmine: vai logo, fedorenta. - falo rindo e entro debaixo do chuveiro.

Logo após, escuto a porta do quarto ser fechada. Provavelmente era serpente indo embora. Terminei meu banho e me vesti, fiz uma maquiagem leve pra tirar a cara de cansaço.

Fui tomar meu café da manhã e fiquei esperando a serpente, é eu confesso que ela demora muito. Misericórdia.

LC: eu tô de olho em vocês duas, Jas. - ele fala terminando de beber seu café.

Jasmine: pai, relaxa. Ela é dona daqui, mais também é muito legal. - digo mexendo no telefone.

LC: idai? Você pode sr meter em muitas coisas, por causa dessa garota. Não gosto da ideia de vocês estarem se pegando. - ele cruza os braços.

Juliana: como se você fosse diferente, né, Lucas. - ela se refere ao passado do meu pai. - sabia que eu me apaixonei por você quando estava no crime também? E foi tão louco por mim, ao ponto de falar com seu chefe pra você sair.

Jasmine: caramba, dessa eu não sabia. - falo incrédula.

Juliana: poise minha filha. - ela se senta à minha frente. - seu pai trabalhava pra um homem um tempo atrás. Eu e minha mãe acabamos nos mudando pro morro, e assim que esse aí me viu, se apaixonou. Eu fazia de tudo pra não me envolver, até porque, eu não queria alguma do crime. Então, eu falei que só ficaria com ele se ele largasse essa vida. E desde então, estamos aqui, juntos.

Jasmine: que broxa mãe! - eu falo.

Juliana: que broxa o que menina, isso é amor. - ela fala sorrindo. - e vê se toma cuidado na hora de dar.

Jasmine: fala sério. - reviro os olhos e vou até a porta após escutar uma buzina.

Fechei a casa e adentrei no carro. Não conversamos nada no caminho, então ela só me deixou, esperou eu entrar e foi embora.

Enquanto andava pelos corredores, escutei muitos cochichos sobre mim. Parece que eu sou a única menina bonita aqui.

Com o desconforto, fui ao banheiro. Fui ver minha aparência e ver o que tinha tanto no meu corpo, pra estarem falando por aí.

Ao me ver no espelho, 3 meninas entram no banheiro. E que todo mundo falava delas, uma era a Rafaela loirinha do olho azul. E as outras duas, não conhecia muito bem.

Dizem aqui, que essa Rafaela é a "popular" na faculdade, ainda existe isso? Poise. Só sei, que desde quando eu entrei aqui ela me olhava torto e com nojo.

O banheiro fica um clima tenso, porém, continuei me olhando. Logo essa Rafaela e as amiguinhas dela quebram a terrível paz do banheiro.

Rafaela: olha lá gente, a macaquinha. - ela fala e todas riem de mim.

Xxx: aí amiga! Que maldade, ela nem é tão preta assim. - fala ironicamente.

Sinto uma delas se aproximarem de mim, e rapidamente vejo o rosto perfeito de Rafaela. A menina em que todos os garotos queriam pegar, e transar. Uma verdadeira marmitinha.

Rafaela: como você consegue se achar linda tendo essa cor? Esse cabelo? - ela fala tirando sarro da minha aparência.

Xxx: ela é tão feia.. - diz pra amiguinha ao lado dela.

Rafaela: você é tão gorda, porque não faz uma dieta? Pra ficar que nem a mim? Ou talvez uma plástica pra mudar esse seu rosto feio. - ela diz rindo.

Logo as três fazem barulho de macaco, eu não aguentava mais nem um segundo estar naquele banheiro. Eu estava de saco cheio dessas três. Eu não consegui conter minha raiva e tristeza, e acabei falando.

Jasmine: você quer falar o que de mim, em? Eu posso ser tudo isso sim. Mais pelo menos, eu não fico saindo dando pra todo mundo. Pelo menos eu tenho empatia com as pessoas. - digo enquanto lágrimas escorrem pelo meu rosto. - Só por você ser magrinha do corpo perfeito, loira dos olhos azuis, não altera em nada das suas atitudes e personalidade. Você não passa de uma branquela racista pra mim. Marmita de 5 reais que vende na esquina, vê se para um pouco? Além de você estar afetando a si mesma, está afetando pessoas que não tem nada a ver com a dor que tem dentro do seu peito!

Xxx: olha, ela tá chorando. - todas riem novamente, menos Rafaela.

Não aguentava mais estar naquele lugar, eu apenas saí correndo e fui pra sala. Abaixei a cabeça e chorei a aula toda, não conseguia nem um pouco me concentrar na aula.

Além de aguentarmos tudo isso, passamos por assédio nessa faculdade. Eu odeio esse lugar, que antes eu amava e que minha vida dependia desse lugar.

Tempo depois, 18h10..

Andando novamente pelos corredores da escola, senti uma mão passando na minha bunda, e senti um desconforto enorme. Eu só queria sair daquele lugar.

Andei mais rápido, e finalmente saí de dentro daquele lugar. Suspirei um ar de alívio que eu nunca tinha feito antes.

Sinto a ânsia de vômito chegando, e logo vejo serpente me esperando. Pressionou minha barriga e minha boca, não fazer um desastre no carro de serpente.

Serpente: você tá bem? - ela parece preocupada.

Não consigo segurar, abro a porta e acabo vomitando na rua. Estava preso desde quando eu cheguei nesse inferno. Me senti melhor depois daquilo, mas, quando entrei no carro lembrei de mais cedo. E acabei chorando na frente de serpente.

Jasmine: eu odeio esse lugar serpente, eu não quero nunca mais ter que voltar aqui. - digo desesperada pra minha voz sair.

Serpente: foi aquilo de novo? Quem fez isso com você? - ela altera sua voz.

Jasmine: só me tira daqui, por favor. - visto meu casaco e me sinto mais confortável.

Quando chegamos em casa, corri pro quarto. Não queria saber de mais nada, apenas chorar. Ouço a porta ser aberta. E quando vou procurar saber quem é, vejo serpente.

Ela se aproxima de mim com cuidado, e deita ao meu lado. Ela não fala nada, só fica em silêncio me vendo chorar. Agradeci mentalmente por isso.

Fiquei horas ali, que acabei adormecendo. Minha cabeça estava latejando, e meu rosto não aguentava mais sentir as lágrimas.

Serpente dormiu comigo, pra eu não me sentir sozinha. E que qualquer coisa, eu estaria ali, pra chorar no seu colo..

Minha sunshine. Onde histórias criam vida. Descubra agora