Capítulo 7

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|NICOLE|

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|NICOLE|

Não vou mentir e dizer que as coisas estão bem, quando na realidade não estão. Porque a verdade é essa, eu sou uma boba que por algumas vezes acaba se deixando levar pelas palavras de Max, e quase chego a acreditar que ele está falando sério comigo, que não é apenas brincadeira ou uma piada de alguém que me conhece desde a infância. Contudo, sei que ele não faz isso para me magoar. Max é só... só um sem noção mesmo, que adora pegar no meu pé, apesar de me ver somente como um garota que não mudou muito com o passar do tempo, assim como ele mesmo havia mencionado a algum tempo atrás, quando me deixou no estacionamento do prédio onde moro. 

Sei que provavelmente nunca iremos ultrapassar a linha da amizade que existe entre nós. Nós não podemos, nem devemos fazer isso. Max já tem todo o estilo de vida dele preparado, sabe o que está fazendo da vida e o que quer para o futuro, enquanto eu estou apenas no início de tudo, sem saber muito bem para onde ir ou o que fazer. A única coisa que sei com total certeza, que faço corretamente, é estudar. Essa é a parte mais fácil para mim, pois medicina é algo que está em meu sangue, que corre em minhas veias com extrema naturalidade. Cuidar de pessoas. E essa é uma paixão a qual herdei da minha mãe e que compartilhamos desde o momento em que decidi qual curso queria estudar na faculdade.

Eu sou ótima nisso e uma excelente aluna de fato. Uma das melhores da minha turma, sem querer me gabar, é claro. Mas, além disso, eu não tenho mais nada grandioso ou memorável planejado para o futuro. Não que eu queira terceiriza a culpa, entretanto, acho que por ter crescido cercada com muito amor, sendo super protegida e bastante mimada por todos os lados, tanto da parte dos meus avós maternos, pais e também do meu irmão mais velho, Lorenzo, acredito que nunca tive a preocupação real e genuína de sair da minha zona de conforto para conquistar novas coisas... um mundo além das paredes do meu quarto.

E é por essa e outras razões que eu me sinto bastante insegura e receosa de dar um passo adiante em qualquer coisa ligada a relacionamentos, seja com qualquer pessoa. Uma série de dúvidas e medos me assombram com diversos pensamentos ferinos. E se eu errar? E se eu não for boa o suficiente como todos sempre disseram que eu era durante a vida toda? E se eu não conseguir corresponder as expectativas que são esperadas de mim? E se eu... se eu fracassar? É um fardo muito para lidar, e é por essa razão que tenho medo de tentar. 

Mas, eu quero. Eu quero poder um dia erguer a cabeça e dizer bem alto: eu venci o medo e me arrisquei. Me lancei de cabeça e fiz o que desejava durante a vida. Contudo, por hora... isso é só uma vontade que arde escondida lá no fundo do meu peito. É o que pondero comigo mesma, meio desanimada e cansada, enquanto percorro os últimos metros que me levam para o apartamento dos meus pais. 

-aaah, amor! Não faz isso senão eu vou gritar para o prédio todo ouvir...

A voz manhosa misturada a uma risadinha maldosa atinge meus ouvidos como um tapa, e faz com que eu erga as mãos imediatamente para tampa-los, para assim poupar minha mente de ter que escutar mais alguma frase a qual irá me deixar completamente traumatizada pelo resto da vida. 

-Mamãe, eu já estou em casa.

Eu aviso ao fechar a porta do apartamento as minhas costas, no intuito de que ela e papai saibam que há uma terceira pessoa em casa, e assim, esperem que pelo menos eu vá para o meu quarto, para continuarem a namorar no sofá feito um casalzinho de adolescentes na puberdade, como estão fazendo nesse exato instante. Porque pelo amor de Deus, ninguém merece passar por isso quase todo santo dia. É traumático e meio agoniante ver seus pais ou qualquer outro casal se agarrando dessa maneira, com tamanha intimidade, dando uns amassos pesados a sua frente. É de fazer os olhos doerem e saltarem do rosto!

-Que pena! Poderia ter demorado um pouquinho mais.

Minha mãe comenta engraçadinha e eu já me preparo mentalmente para mais alguma piada de cunho duvidoso que ela irá disparar, e que deixará, tanto eu quanto papai, constrangidos. Dona Maya é uma pessoa que... sinceramente, não conhece as palavras limite e bom senso.

-Sabia que se tivesse chegado a uns minutinhos atrás você iria descobrir como veio a esse mundo, menina? 

Pelos céus, mãe! Que coisa mais... mais absurda de se dizer para a própria filha! Eu a recrimino com um olhar de reprovação no rosto, semelhante ao do papai, mesmo sem lhe responder o que se passa por minha mente, ao que ela apena ri com gosto das feições contrariadas e de desgosto que estamos lhe dirigindo nesse minuto.

-Para com isso, mulher. Não diga essas coisas para a minha princesinha. Ela é só uma menina ainda, e não tem que ouvir essas bobagens, pelo amor de Deus.

Papai sai em minha defesa, na tentativa de me poupar de ter que ouvir as bobagens que ela diz, porém, mamãe não deixa passar em branco e o rebate na mesma hora, inconformada com o pensamento dele e disposta a provar o seu ponto de vista. Dessa forma, só nos resta apenas ficarmos quietinhos e escutá-la atentamente para não provocar uma terceira guerra mundial dentro de casa.

-Que foi? Eu menti por acaso, oras? Além do mais, a Nic já é uma garota crescida, Fábio. Uma mulher, que algum dia vai fazer isso também com alguém que realmente goste, não vai? Então pare de tratá-la como uma criança. Ela precisa crescer e aprender a viver a vida dela de modo independente alguma hora, homem. Ela tem que amadurecer...

Mamãe diz com bastante seriedade fazendo-nos perceber que ela já não está mais brincando nesse momento. Ela está bastante convicta e segura de cada palavra que está destinando a nós dois, a mim e a papai. Arregalo os olhos, surpresa com a mudança abrupta de clima que se instala na sala, e sabendo muito bem que aí vem bronca pela frente... Pronto, era só o que faltava agora!

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