Capítulo 21

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A felicidade que sinto depois da noite com Nic é algo que não cabe em palavras dentro de mim. A imagem dela nos meus braços, adormecida com um sorriso suave no rosto, é como uma tatuagem na minha mente. Pela primeira vez, sinto que ela está completamente entregue, e é uma sensação avassaladora que quase não consigo suportar de tanta alegria. Estou tão pleno, tão incrivelmente feliz, que mal consigo me concentrar nas coisas que deveria fazer ao chegar no trabalho. Não quero pensar em mais nada que não seja ela.

Minha Nic... a mulher que eu amo me ama tanto quanto eu a amo também e isso é maravilhoso!

Mas assim que entro no tribunal, sinto um ar pesado me cercar, uma espécie de silêncio desconfortável que se dissipa assim que dou as costas. Vejo alguns colegas cochichando, desviando o olhar rapidamente ao perceberem que os observei. Não consigo entender de onde vem isso, e a princípio ignoro, tentando me focar nas tarefas que preciso resolver, com o pensamento ainda em Nic e na promessa de vê-la à noite.

O clima estranho persiste, no entanto, e começa a me incomodar de verdade quando um dos promotores mais velhos, Duarte, me chama para conversar.

— Max, você sabe que eu te admiro como profissional e como pessoa, não é? — ele diz, com um olhar paternal que normalmente eu respeitaria, mas que agora parece carregado de algo mais.

— Claro, Duarte. O que está acontecendo? — pergunto, tentando manter a calma.

Ele respira fundo, como se tentasse encontrar as palavras certas.

— Há rumores circulando, Max. Rumores de que você estaria... envolvido com alguém bem mais jovem. E, bem, alguns estão dizendo que ela é menor de idade.

Meu estômago revira, e o impacto é como um soco no peito. Nic é maior de idade, e não há absolutamente nada de errado ou impróprio em nosso relacionamento. Mas, ainda assim, sinto uma pontada de raiva misturada com indignação.

— Isso é mentira! — digo com firmeza. — Nicole tem dezoito anos, e o que temos é legítimo. Não é algo que envolva absolutamente nenhuma ilegalidade, Duarte.

Ele assente, mas o olhar de desconfiança não desaparece completamente.

— Espero que seja verdade, Max, mas você sabe como esses rumores podem ser destrutivos, principalmente para quem trabalha no tribunal.

A sensação de injustiça me corrói, e quando saio da sala dele, o peso dos olhares ao redor parece ainda mais sufocante. Não consigo ignorar os murmúrios que agora são sussurros quase audíveis, e uma fúria surda começa a se formar dentro de mim. Sei que alguém armou isso, e o nome que surge na minha mente é inevitável.

Olívia.

Encontro-a no corredor, com seu sorriso enigmático e o olhar de quem sabe muito mais do que deveria. Meu coração acelera, e o impulso de confrontá-la ali mesmo é quase irresistível.

— Precisamos conversar — digo, contendo a raiva que transborda na minha voz.

Ela me segue até uma sala de reunião vazia, e assim que a porta se fecha, me viro para ela.

— Foi você, não foi? Foi você quem espalhou esses rumores sobre mim e Nic.

Ela não tenta negar. Ao contrário, sorri como se eu tivesse lhe dado um elogio.

— Max, eu só... comentei algumas coisas. As pessoas tiram suas próprias conclusões, sabe? — Ela faz um gesto despreocupado com a mão, mas seus olhos brilham com uma intenção maliciosa, a qual eu jamais havia percebido antes.

Como pude ser tão cego assim? Nic sempre teve razão ao desconfiar dela, agora eu vejo.

— Por quê? — minha voz é firme, mas sinto o sangue ferver. — Por que você está fazendo isso? Você sabe que o que está espalhando é mentira.

Ela se aproxima, lenta e perigosamente, com um olhar que nunca vi nela antes.

— Porque você está com a pessoa errada, Max. Você sabe disso, e eu sei disso. Aquela garota não é para você. E eu... bem, eu sou. Só estou fazendo você enxergar o que é óbvio para todos.

Dou um passo para trás, a repulsa tomando conta de mim.

— Você está completamente equivocada, Olívia. O que tenho com Nic é algo que você nunca vai entender. Ela é a mulher que eu amo, e nada, absolutamente nada, vai me fazer desistir dela.

Olívia ergue uma sobrancelha, como se minha declaração fosse um desafio.

— Ah, Max, você é tão... idealista. E se eu dissesse que posso tornar as coisas muito mais difíceis para você, caso insista nessa... relação? — A palavra sai de sua boca com desprezo.

— Isso é uma ameaça? — pergunto, cruzando os braços, o olhar fixo no dela.

Ela dá de ombros, mantendo o sorriso frio.

— Digamos que é um aviso. A garota não é adequada para você. Ela não entende o mundo em que você vive, o que você precisa para se manter respeitável, para continuar sua carreira sem manchas.

Meu coração se acelera, mas não de medo. É raiva, pura e incandescente.

— Escute bem, Olívia. Nada, absolutamente nada, vai me fazer abrir mão de Nic. Eu amo aquela mulher, e eu jamais trocaria esse amor por uma ilusão conveniente. — Dou um passo para mais perto, deixando que ela veja o quanto estou disposto a lutar. — Se você continuar com essa farsa, vai se arrepender.

Ela ri suavemente, um som que ecoa na sala vazia, sem calor.

— Então estamos em guerra, Max. E te garanto que vou fazer você ver que eu sou a pessoa certa.

A declaração dela me pega desprevenido, mas não pela ameaça, e sim pela frieza. Ela realmente acredita nisso.

— Guerra? Pois faça o que quiser, Olívia. Mas esteja avisada, eu não perco batalhas que envolvem o que amo.

Saio da sala sem olhar para trás, sentindo o peso de sua ameaça pairando sobre mim. O caminho de volta ao meu escritório parece mais longo, os olhares ainda mais duros. Mas dentro de mim, a determinação que cresce é ainda mais intensa. Quando finalmente estou sozinho, fecho a porta e deixo o rosto cair nas mãos por um momento, respirando fundo para me acalmar. Sinto o coração bater com força, o pensamento em Nic, no sorriso dela, na sensação de tê-la ao meu lado, penso comigo mesmo... nada vai me afastar dela.


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Uma Escolha para Nic [Completo]Onde histórias criam vida. Descubra agora