|NIC|
Enquanto olho para meu reflexo no espelho, sinto o coração martelar no peito. O vestido azul royal desliza sobre minha pele, a seda caindo suavemente até os joelhos. Foi um presente da Alice, minha cunhada, que disse que um dia eu ia precisar de algo especial, mesmo que não soubesse para quê. E agora aqui estou eu, vestida para um jantar com Max. Não que seja um encontro... pelo menos é o que continuo tentando me convencer, mesmo que o nervosismo insista em me lembrar o contrário.
Respiro fundo, tentando afastar os pensamentos que invadem minha cabeça desde que ele me convidou para sair. Max disse que queria conversar, resolver qualquer mal-entendido. Ele notou que estou meio distante. Meu coração se aperta, mas sei que preciso encarar isso. De qualquer forma, tenho que tentar entender o que sinto e, quem sabe, encontrar coragem para confessar. Assim que saio do quarto, minha mãe me surpreende na sala. Ao me ver, ela solta um assobio de aprovação.
— Uau, minha filha! Parece que vai ganhar o mundo hoje, hein? — ela brinca, com um sorriso afetuoso.
Minha pele esquenta instantaneamente, e sinto as bochechas arderem.
— Mãe... — murmuro, tentando disfarçar o constrangimento.
— Vai, querida... — Ela se aproxima, ajustando uma mecha do meu cabelo. — Só aproveite, e viva um pouco. Você não precisa ter todas as respostas agora, ok? Lembre-se do que eu te disse, às vezes, arriscar vale muito a pena.
Antes que eu possa responder, meu pai entra na sala, lançando um olhar desconfiado para mim.
— E aí? Vai para onde toda produzida desse jeito? — Ele levanta uma sobrancelha, claramente querendo me proteger do que for.
Mas antes que eu possa responder, minha mãe intervém, entrelaçando os braços e empurrando levemente meu pai para trás.
— Deixe ela viver, Fábio! — ela diz, com um brilho divertido nos olhos. — Agora vai, Nic. Vai e aproveita a noite. Se quiser, pode até voltar só de madrugada, ou... — ela pisca — ...nem precisa voltar hoje.
Ela me empurra para fora da porta, enquanto meu pai ainda protesta com um murmúrio, mas antes que ele tenha tempo de intervir, estou fora de casa, respirando fundo. No estacionamento do prédio, vejo o carro de Max à espera. Ele está do lado de fora, com a porta aberta, e um sorriso tranquilo no rosto. Quando me aproximo, seus olhos brilham ao me ver, e ele segura minha mão, me fazendo dar uma voltinha.
— Você está linda, Nic. — Sua voz é suave, mas firme, e o tom de admiração é inegável.
Sinto as bochechas queimarem, e tudo que consigo murmurar é:
— Você também está bonito, Max.
Ele pisca para mim, e entramos no carro, enquanto sigo com o coração acelerado, torcendo para conseguir manter a calma durante o jantar. Chegamos a um restaurante no centro da cidade, e a noite começa com uma leveza que eu não esperava. Max está sorridente, descontraído, conduzindo a conversa sobre coisas triviais, e isso me relaxa um pouco. Ele é atencioso, faz piadas que me fazem rir, e quando terminamos a sobremesa, saímos para caminhar. Sinto que talvez esse seja o momento certo para abrir o coração, mas ainda hesito.
E enquanto andamos pela rua iluminada, Max segura minha mão, entrelaçando seus dedos nos meus. Meu coração parece que vai saltar do peito com aquele simples gesto, e é ele quem finalmente quebra o silêncio entre nós.
— Nic, o que está acontecendo? — Sua voz é suave, mas seu olhar é sério. — Você está distante, meio... ausente. Quero entender. Você sabe que pode falar comigo sobre qualquer coisa, não sabe?
Minha boca se abre, as palavras formigando na ponta da língua. Preciso dizer o que sinto, preciso ser honesta sobre tudo. Mas antes que eu consiga falar uma palavra, algo inesperado acontece. Um homem surge do nada, segurando uma arma e a apontando diretamente para nós. Meu corpo congela. O assaltante grita, exigindo que entreguemos tudo, e antes que eu possa reagir, sinto um puxão violento em minha bolsa. Ele me empurra com tanta força que eu perco o equilíbrio, cambaleando para trás. Em um piscar de olhos, Max me segura, impedindo que eu caia no chão.
— Fica atrás de mim, Nic — ele sussurra, mas seu olhar é firme. Ele se coloca à minha frente, a voz tranquila, tentando acalmar o assaltante. — Calma, cara. Pode levar tudo, só não faça nada com ela.
Mas o assaltante parece cada vez mais nervoso, alterado por alguma substância ilícita, e o medo me paralisa dos pés a cabeça. Em um segundo, um som ensurdecedor toma conta do ambiente. O disparo é alto, e o mundo ao meu redor parece desacelerar. Vejo Max vacilar, e ele cai de joelhos diante de mim, uma expressão de dor deformando seu rosto.
— Max! — grito, minha voz tremendo, o pânico dominando cada célula do meu corpo. Ele me olha por um breve momento, os olhos escurecidos pela dor, antes de inclinar para o chão.
Caio de joelhos ao lado dele, minhas mãos tremendo descontroladamente. As lágrimas escorrem pelo meu rosto enquanto pressiono acima das mãos dele, sob o local do ferimento, tentando desesperadamente fazer alguma coisa para ajudar.
— Max, por favor... Fica comigo — murmuro, minha voz um sussurro desesperado. Ele tenta sorrir, mas o esforço parece grande demais, e isso só aumenta o meu desespero.
Com as mãos tremendo, pego o celular e ligo para o socorro. A linha parece demorar uma eternidade para atender, e cada segundo que passa parece um golpe contra meu coração.
— Alô? Eu... preciso de uma ambulância! — grito, a voz embargada pelo desespero. — Meu... meu amigo foi baleado. Por favor, venham rápido!
Enquanto espero, pressiono o ferimento de Max, acima das mãos dele, tentando fazer o possível até a chegada do socorro, mas é difícil quando tudo que vejo é o rosto dele, a dor nos olhos dele, que ele tenta disfarçar para não me assustar, e o medo de que ele me deixe. Ele leva uma mão ao meu rosto e acaricia minha bochecha.
— Vai ficar tudo bem, Nic... Não foi nada demais. — ele murmura e tenta me tranquilizar, mas isso só faz as lágrimas aumentarem.
— Não... Max, não fala assim. Fica comigo. — Minha voz é quase um lamento, minha mente se recusando a aceitar o que está acontecendo. — Você prometeu... que não ia me deixar.
Ele sorri para me confortar, e aquele esforço só me faz soluçar mais. Sinto como se o chão estivesse desmoronando, como se meu coração estivesse sendo esmagado.
— A ambulância... já está vindo, Max. Você vai ficar bem, entendeu? Você vai ficar bem. — Tento convencê-lo, mas minha própria voz é frágil, e quebrada pelo medo.
Os minutos parecem eternos, mas finalmente escuto as sirenes ao longe. Fecho os olhos, apertando a mão dele e fazendo uma promessa silenciosa de que vou fazer de tudo para que ele saia dessa. Meu peito se aperta, e sinto que não consigo respirar direito, mas sei que preciso ser forte, que preciso estar ali para ele. E, enquanto as luzes da ambulância se aproximam, tudo o que me resta é pedir a Deus para que isso seja apenas um pesadelo do qual vamos acordar juntos.
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Uma Escolha para Nic [Completo]
Chick-Lit[livro 7] Spin-off de Um Recomeço para Fábio (série Amores & Histórias) Nicole ou simplesmente Nic, é uma boa garota, fruto do lindo e complicado amor de seus pais, Maya e Fábio Fonseca. Por ser a única neta dos avós e irmã caçula de Lorenzo, Nic...