Uma Escolha para Nic [Completo]

Capítulo 19

|NIC|

Cada dia que passo com Max me sinto mais envolvida, mais apaixonada, mas, ao mesmo tempo, começo a sentir que essa felicidade toda é boa demais para ser real. Passar esses momentos com Max é como descobrir um mundo que nunca imaginei existir. A cada beijo, a cada toque, ele me faz acreditar que sou tudo o que ele quer, que não há espaço para mais ninguém na vida dele. Ele me faz sentir que sou especial, única, como se tudo fosse simples e claro. Nos momentos em que estamos juntos, nada mais parece importar; há só ele e essa certeza que vem com o toque dos seus dedos, o som do seu riso e o calor que sempre queima entre nós. Mas ultimamente, esse sentimento de segurança que ele me traz está sendo desafiado, e a culpada é Olívia, a juíza, sua vizinha de porta, com sua presença incômoda, que não nos deixa em paz, ainda que eu tente me convencer do contrário.

Cada vez que ela aparece, sinto como se estivesse sendo puxada de volta à realidade, onde nada é tão fácil quanto eu gostaria que fosse. Olívia é impecável. Ela é segura, uma mulher confiante e bem-sucedida, acostumada a conseguir o que quer. E, como vizinha e colega de trabalho dele, ela está lá, em cada canto do mundo de Max, como uma constante irritante que insiste em me lembrar que não sou parte do universo dele do jeito que ela é. E isso corrói algo dentro de mim, uma insegurança que luto para não transparecer, mas que vai ganhando força.

Tudo começa com pequenos encontros casuais dela, que se tornaram cada vez mais frequentes. Ela aparece no corredor quando estamos chegando no apartamento de Max, sempre com um sorriso meio debochado e uma desculpa esfarrapada sobre trabalho. Sei que ela sente o que está acontecendo entre mim e Max, e está decidida a tornar as coisas mais difíceis. Hoje, estou no apartamento dele, ainda envolta na paz que ele me traz, até o toque insistente da campainha interromper o momento.

— Eu vou ver quem é — Max se levanta, mas no fundo eu já sei. Meu estômago revira com uma pontada de irritação, porque já sei que é Olívia.

Mal Max abre a porta e ela aparece, com um sorriso insinuante, dizendo que é urgente discutir um processo com ele. Fico tensa imediatamente e sinto um nó de raiva se formar na minha garganta, mas me seguro. "Ela não pode atrapalhar se eu não deixar", penso.

— Ah, não sabia que você tinha companhia, Max — ela comenta, fingindo surpresa ao me ver. O sorriso dela é educado, mas o brilho malicioso nos olhos denuncia o verdadeiro propósito de sua visita.

— Pois é, Olívia, ele tem — respondo, um pouco mais fria do que eu pretendia. Max parece não perceber o que está acontecendo, sua expressão é apenas de paciência.

Ela solta uma risadinha e dá de ombros. — É só uma questão de cinco minutos, Max. Eu prometo que não vou atrapalhar.

Max suspira, visivelmente incomodado, mas não a impede. Isso só piora as coisas. Ele é um homem adulto, bem-sucedido, deveria ver que essa situação é absurda. Então ele me diz que será rápido, mas, enquanto ela se senta no sofá com uma familiaridade que me irrita, como se estivesse em casa, eu me sinto cada vez mais deslocada. Olívia lança um sorriso casual na minha direção, mas seus olhos brilham com uma satisfação que Max não percebe.