Capítulo 14

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|NIC|

As aulas hoje passam como uma névoa diante dos meus olhos, cada palavra do professor se misturando com os meus pensamentos e me tirando o foco. Não consigo tirar Max da cabeça. Ele está em cada canto da minha mente, e a cena de sábado passado, nós dois naquele ringue, não sai do meu coração. O jeito que ele me olhou, me tocou... tão próximo, tão intenso... Como eu posso me concentrar em qualquer coisa depois de sentir algo tão forte?

Caio, meu colega de turma, é o primeiro a notar que estou no mundo da lua. Ele me cutuca, levantando a sobrancelha com um sorrisinho tímido.

— Tá com a cabeça longe, Nic? — ele pergunta com o tom curioso de sempre.

Eu me ajeito na cadeira, tentando disfarçar o meu constrangimento.

— Só tô um pouco cansada, Caio. Nada de mais. — digo, desviando o olhar. Sei que ele não vai acreditar, mas é tudo que consigo pensar para responder.

Ele sorri de um jeito compreensivo, mas sei que ele sabe bem e entende que não vou me abrir. Caio é alguém legal, alguém a quem ajudo com as disciplinas, e ele sempre faz o possível para estar por perto quando preciso. É um cara atencioso e sempre presente. Só que agora, mal consigo segurar minha própria confusão, quanto mais dividir isso com outra pessoa.

Assim que a aula termina, respiro fundo e sigo para casa. A cidade está cheia de movimento, mas tudo parece distante, como se estivesse em outro ritmo. E eu só consigo pensar em Max, na maneira como ele me toca, como me olha, como me faz sentir especial... Mas também estou com medo. Ele é tão... incrível. Tão confiante, maduro, lindo. Ele tem uma presença forte, um homem que sabe o que quer, e eu não consigo deixar de me sentir tão... menina perto dele. Tão vulnerável.

Quando chego em casa, minha mãe está na sala, ocupada com alguns papéis e uma xícara de chá na mão. Assim que entro, ela me olha de relance e sorri, um sorriso afetuoso que sempre parece ver através de mim.

— Oi, filha — minha mãe diz, fechando os papéis e se virando totalmente para mim. — Tudo bem com você?

— Sim, mãe — murmuro, tentando parecer tranquila.

Mas dona Maya me conhece bem demais para se deixar enganar. Ela me observa por um momento, e depois, com um tom leve, comenta:

— Sabe, você anda meio... distante esses dias. — Ela me olha com um brilho travesso. — Ainda não pensou na nossa conversa de uns dias atrás? Quando vai sair e aproveitar mais a vida, arrumar um namorado, se apaixonar pra valer?

O sangue me foge do rosto, e sinto o calor tomar conta de mim. É automático. Minha mente vai direto para Max, e minhas bochechas ardem.

— Mãe... — Tento disfarçar, mas ela apenas levanta as sobrancelhas, vendo além das minhas palavras.

— Ah, Nic... — ela diz, rindo baixinho. — Você não precisa me contar nada agora, mas é claro que tem alguém. E quando você estiver pronta para falar sobre isso, vou estar aqui para escutar. Só quero que você saiba que é normal ter medo, mas não vale a pena viver sempre assim. Às vezes, precisamos nos arriscar um pouco.

As palavras dela me tocam de um jeito profundo, e ao mesmo tempo, sinto o peso de uma dúvida esmagadora. Ela não sabe o que se passa na minha cabeça. Eu queria tanto me entregar a esse sentimento, queria tanto... Mas e se eu estiver enganada? E se tudo acabar em dor?

— Eu só... Eu só não sei se estou pronta, mãe. — Minha voz sai num murmúrio, enquanto olho para o chão.

Ela estende a mão e segura a minha, apertando-a de forma reconfortante.

— Não tem nada de errado em ter medo, Nic. Mas a vida não espera que a gente esteja cem por cento preparada para tudo. — Ela dá um sorriso carinhoso e incentivador. — O importante é você se perguntar: vale a pena arriscar?

A pergunta dela ecoa na minha cabeça enquanto sigo para o quarto e me deixo cair na cama, exausta, mas com os pensamentos em um turbilhão maluco. Depois de um banho quente, fico sentada na beira da cama, relembrando cada segundo do último sábado, revivendo a sensação do corpo de Max contra o meu, o calor do toque dele, a intensidade do olhar. Meus olhos se fecham, e é como se eu estivesse de volta ao ringue, sentindo-o tão próximo, tão presente, com o desejo e o carinho refletidos no olhar dele.

Mas então, surge a imagem de Olívia. Não é a primeira vez que esse pensamento me atormenta. Ela é tão confiante, tão bonita e experiente. Tem a mesma maturidade que Max, aquela segurança de quem sabe onde pisa, o tipo de mulher que parece feita para ele. E eu... me sinto uma garota, quase sem chão ao lado dele. Como posso competir com alguém como Olívia?

Deitada ali, as dúvidas começam a se misturar com o medo. E se eu não for suficiente para ele? E se, no fim das contas, ele se aproximar mais dela, alguém que tem muito mais a oferecer do que eu? Meu coração se aperta ao pensar nisso, e sinto as lágrimas ameaçarem cair. Talvez eu devesse desistir agora, me proteger antes que ele se canse de mim. Mas palavras de minha mãe, no entanto, ecoam na minha mente. Ela disse para eu me arriscar, viver um pouco... Mas como? Como posso correr o risco de me machucar assim, de entregar meu coração para alguém que talvez esteja melhor ao lado de outra?

Tento afastar os pensamentos, mas é inútil. Imagino Olívia e Max juntos, conversando sobre o trabalho, compartilhando uma rotina que eu nem entendo direito. Meu peito aperta, e o ciúme surge como uma onda forte, inesperada. Odeio sentir isso, mas não consigo evitar. Olívia é a mulher que ele deveria querer. Não uma menina insegura como eu, com o coração tão exposto. Tento afugentar o pensamento, mas o medo de perder Max para ela toma conta de mim. E, ao mesmo tempo, a dor de não me entregar completamente ao que sinto por ele me corrói. Estou dividida entre esse amor que me consome e o receio de acabar despedaçada.

Me encolho na cama, apertando o travesseiro contra o peito, como se isso pudesse proteger meu coração. Fecho os olhos, respirando fundo, tentando encontrar coragem dentro de mim. A verdade é que estou apaixonada por Max. E isso assusta, pois significa que posso me machucar de verdade. Mas também significa que posso viver algo especial, algo verdadeiro. E enquanto respiro fundo, decido que, talvez, o melhor seja tentar. Sim, o medo está aqui, latejando, mas a ideia de perder Max sem ao menos tentar... isso seria pior. Se minha mãe estivesse aqui agora, sei que me diria para dar um passo de cada vez, seguir o meu coração, e lembrar que a vida é sobre os riscos que escolhemos enfrentar.

Então me pergunto, eu realmente devo tentar?


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