Capítulo 12

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|NIC|

O dia amanhece com uma leveza que faz meu peito parecer mais leve também. Tenho passado tanto tempo com Max que sinto que há uma conexão cada vez mais forte entre nós, mesmo que nenhum de nós tenha ainda falado diretamente sobre isso. E hoje, sábado, é mais um dia para nós dois. Ele me mandou uma mensagem cedo, empolgado para continuarmos as compras de móveis para o apartamento dele. Esse projeto virou nosso pequeno ritual, um momento para estarmos juntos.

Quando chego na entrada do prédio, pois não queria que ele me buscasse na casa dos meus pais e com isso levantasse suspeita sobre nós, Max já está me esperando com aquele sorriso que me desmonta por inteira. Seus braços se abrem em minha direção, e eu me vejo enlaçada num abraço caloroso, o perfume dele invadindo meus sentidos. Não resisto; o abraço dele me acolhe, me traz uma sensação de pertencimento.

— Pronta para transformar meu apartamento? — Ele pergunta, com um brilho malicioso nos olhos, me segurando ainda mais perto.

— Se depender de mim, ele vai ficar perfeito — sorrio, tentando soar mais confiante do que estou realmente me sentindo.

A verdade é que estou cada vez mais apaixonada, e isso é assustador. Tento não pensar muito nisso, apenas aproveito o momento. Fazemos algumas paradas em lojas e nos perdemos em meio a móveis e objetos de decoração. A cada item que ele escolhe, ele me pergunta o que acho, busca minha opinião como se eu fosse uma peça essencial para transformar aquele espaço em um lar. Em um momento, enquanto observo uma mesa que me chamou atenção, sinto os braços dele me cercarem por trás. Seu corpo se aproxima do meu, e sua cabeça repousa no meu ombro, seus lábios tocando minha nuca. Um arrepio percorre minha espinha.

— Você está tão cheirosa... — ele murmura, baixinho, perto do meu ouvido, a voz baixa e rouca. — Queria passar o dia inteiro assim, envolvido no seu calor.

Meu coração dispara, e, por um momento, fecho os olhos, tentando controlar a explosão de sensações. Respiro fundo, e, para disfarçar o quanto estou afetada, abro um sorriso e digo:

— Então, é melhor terminarmos essas compras logo, senão você não vai querer sair daqui.

Ele ri, me apertando um pouco mais antes de me soltar. Continuamos nosso passeio, mas a tensão entre nós só cresce, e tenho certeza de que Max percebe isso. Ele me olha de lado, com aquele sorriso satisfeito, e, a cada vez que nossos olhares se encontram, sinto minhas defesas enfraquecendo mais.

Com as compras finalmente feitas, voltamos ao apartamento dele. Max se ocupa em pedir algo para almoçarmos, e aproveitamos o tempo de espera conversando, rindo, trocando olhares que falam mais do que qualquer palavra. O jeito como ele me olha, como me toca levemente ao falar, como se estivesse me envolvendo em sua presença, me faz esquecer de tudo. Aqui, com ele, me sinto em paz.

A tarde se desenrola preguiçosa, e entre risadas e conversas, tudo parece perfeito... até a campainha tocar. Max se levanta para atender, enquanto fico sentada no sofá, tentando organizar as almofadas que compramos. Ouço ele abrir a porta e, logo em seguida, uma voz feminina, diferente e que nunca ouvi antes, preenche o ambiente e logo me faz ficar em alerta.

— Olívia! — Ele exclama, surpreso, mas amigável. — Oi, tudo bem? Não sabia que você viria.

— Max, desculpe aparecer assim, mas eu precisava muito falar com você sobre um caso — ela diz, a voz tentando soar casual, mas com uma urgência que me soa... um tanto suspeita.

Sinto um aperto no peito e, com o canto do olho, vejo uma mulher de aparência elegante entrando no apartamento. Ela se aproxima de Max com uma familiaridade que me incomoda. Tento manter a compostura, mas não posso ignorar o ciúme que começa a borbulhar dentro de mim. Max se volta para mim e nos apresenta uma a outra.

— Nic, esta é a juíza Olívia Fernandes, minha colega do tribunal. Olívia, esta é a Nic.

Olívia sorri para mim, mas é um sorriso que não chega aos olhos. Sua expressão é cortês, mas vejo algo mais ali. Ela me observa de cima a baixo antes de estender a mão, e eu a cumprimento, tentando não deixar transparecer o que estou sentindo.

— Muito prazer, Nic — ela diz, a voz suave e polida. — Eu já ouvi falar muito de você.

— O prazer é meu — respondo, mantendo um sorriso educado.

Tento soar natural, mas não posso deixar de notar como ela parece confortável demais aqui, ao lado de Max.

— Nic, você se importa de esperar um pouco? — Max me pergunta, com um pedido genuíno no olhar. — Olívia precisa conversar sobre um assunto de trabalho urgente.

— Claro, sem problemas — respondo, embora meu peito queime com a ideia de que ela tenha chegado justo no nosso momento, ocupando a atenção dele de forma tão inesperada.

Eles se afastam até a cozinha, onde conversam em voz baixa. Fico no sofá, tentando não focar muito na cena, mas é impossível. Vejo Max inclinado, ouvindo-a atentamente, enquanto ela fala com gestos exagerados e olha para ele como se ele fosse o centro do universo. Ela o toca no braço algumas vezes, rindo de algo que só eles entendem. E meu coração se aperta.

A sensação de ciúme é algo que me pega desprevenida, me derrubando como uma onda inesperada. Tento racionalizar, tento dizer a mim mesma que Olívia é apenas uma colega de trabalho, e que Max me escolheu para estar aqui. Mas, ao ver a forma como ela se aproxima dele, como o observa com um brilho nos olhos, uma inquietação começa a crescer dentro de mim.

Max ri de algo que ela diz, e a cena me enche de uma sensação incômoda. Não sou cega. Sei o que estou vendo, e sei o que ela está tentando fazer. A cada toque, a cada risada exagerada, sinto como se estivesse sendo empurrada para fora daquele momento, como se eu não pertencesse a essa parte da vida dele. Depois de alguns minutos, ele se aproxima de mim, visivelmente sem jeito, e diz:

— Nic, desculpe por isso. Vamos terminar rapidinho, eu prometo.

— Sem problemas, Max — respondo, sorrindo, embora por dentro eu esteja magoada e insegura.

Ele retorna para onde Olívia está e continua a conversa, deixando claro que ela tem a atenção dele agora. Tento me distrair, mas, quando a vejo sorrir de novo para ele, me forço a respirar fundo e segurar firme a almofada no meu colo.

— Então, Max, obrigada por me ouvir — ouço Olívia dizer, de uma forma que parece mais intima do que deveria. — Você é sempre tão gentil... fico feliz por ter você como colega.

Eles trocam mais algumas palavras, e Max parece despreocupado, como se realmente estivesse ajudando uma colega. Mas eu sinto o peso da situação de uma forma que ele, claramente, não sente. Quando finalmente ela se despede, quase sinto um alívio físico. Max fecha a porta e volta para mim com um sorriso, como se nada tivesse acontecido. Tento me recompor, manter meu próprio sorriso, mas não é fácil.

— Desculpa de novo pela interrupção, Nic. Olívia só queria trocar uma ideia rápida.

— Tudo bem — digo, forçando um sorriso. — Eu entendo.

Ele se senta ao meu lado, colocando uma mão sobre a minha.

— Ei, não deixa isso estragar nosso dia, tá? É só trabalho.

Assinto, mas por dentro sinto uma mistura de alívio e insegurança. Não quero admitir o ciúme, mas também não posso negar o desconforto que Olívia me causou. Max aperta minha mão e sorri, mas, enquanto olho para ele, sei que essa insegurança não é infundada e o pior, ainda vai me acompanhar por um bom tempo.

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