Capítulo 01

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Pedro Fraga.

Escutei meu celular tocando, ainda com os olhos fechados, procurei o mesmo, ao sentir ele, abri os olhos e vi que era um número desconhecido, mesmo assim atendi.

- Coé Fraga, é o Cerol, tive que mudar de número, chegou uma reclamação de um morador sobre o Miguel.

Fraga: Que porra esse moleque fez agora? - Disse que a voz rouca, pelo fato de ter acabado de acordar.

Cerol: Roubou um celular, aqui dentro do morro.

Fraga: Esse moleque só me traz problema, vai se fuder! - Sentei na cama, olhei pro lado e vi uma loira dormindo.- Segura um pouquinho aí Cerol, já tô indo!

Cerol: Jaé!

Levantei e logo fui tomar um banho, escovei os dentes, peguei uma camisa e deixei no ombro, coloquei uma bermuda, calcei minha kenner e voltei pro quarto.

Fraga: Aí fia, levanta! - Dei uns empurrãozinhos no braço dela.

— Bom dia! - Disse ao acordar.

Fraga: Se veste e sai! - Respondi seco enquanto pegava o radinho e as armas.

— Ué, cê vai pra onde?

Fraga: Porra, virou minha mãe agora? Se veste logo aí!

Ela se levantou com as roupas na mão e foi até o banheiro, em minutos eu escutei o barulho do chuveiro. Quando ela saiu, eu tava sentado na cama, respondendo uma mina no instagram.

— Vai querer me ver de novo quando? - Tirou minha atenção do celular, vi que a mesma colocava os brincos.

Fraga: Qual é o teu nome mesmo?

— Kathlyn - Respondeu após passar batom.

Assenti e desci pra sala, me sentei no sofá, esperando ela descer as escadas, assim que ela fez isso, foi direto pra porta.

Kath: Vai me levar até em casa? - Me levantei indo até a porta.

Fraga: Ih, vai dar não mas depois eu te ligo! - Ela me deu um beijo e saiu.

Fui até a cozinha, fiz um misto e abri uma lata de coca, quando terminei de comer, tranquei a casa, peguei o meu carro recém comprado, uma velar branca e fui pra boca.

Meu nome é Pedro, mais conhecido como Fraga, tenho 25 anos, nascido e criado no complexo da penha, meu sonho era ser jogador de futebol mas como sempre, quem mora em favela não recebe  as mesmas oportunidades de quem mora nos prédio de Copacabana.

O crime tava mais presente no meu dia a dia do que o futebol, aquele pensamento de querer mudar de vida, a ilusão do dinheiro fácil, dos status, a ganância e as drogas, aos 14 eu me envolvi. Obviamente, me envolvi porque eu quis, tudo aconteceu muito rápido, um dia eu era um aviãozinho, no outro eu era o dono do morro.

Achava que nem ia passar dos 18 e agora me pego pensando que amanhã, é o meu aniversário de 26, não me arrependo de ter me envolvido e se algum dia eu me arrepender, não posso mais voltar atrás.

Estacionei o carro na frente da boca e fui direto pra salinha, ao abrir a porta, vi um senhor, o Miguel e o Cerol que bolava um beck, me sentei na minha mesa e encarei o Miguel.

Fraga: Bom dia, como posso ajudar o senhor!? - Perguntei calmo mesmo estando cheio de ódio por terem me acordado pra resolver problema logo cedo.

— Bom dia Fraga, ontem eu tava subindo a escadaria depois de um dia super cansativo de trabalho, era umas 10 da noite, de repente esse menino me parou, apontou uma faca e mandou eu entregar o meu celular, se não ele ia me matar! - Apontava pra o Miguel enquanto falava.

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