Capítulo 22

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Pedro Fraga.

Eu estava sentado em uma pequena cela, olhando pela janela de grades enquanto alguns detentos passam pelo corredor.

— Ei, Fraga! Você tem direito a uma ligação - Me levanto rapidamente.

Fraga: É sério? Beleza, me dá o telefone.

O guarda me entrega o telefone e eu disco o número do celular descartável do Cerol, indo pra o canto na cela.

Cerol: Alô?

Fraga: E aí, Cerol! É o Fraga. Tô na merda aqui, mano.- Falei o mais baixo possível.

Cerol: Porra, Fraga já fazem 3 dias, cê tá onde?

Fraga: No Bangú, fui pego pela polícia, os caras me encaixaram aqui.

Cerol: Caralho, e agora?

Fraga: Olha, preciso que você e o Mauê assumam a gerência das lojinhas lá no morro. O Hg vai ficar no comando da boca.

Cerol: Entendi, chefe e o Miguel?

Fraga: O Miguel vai ficar na tua responsa, Cerol. Cuida bem dele!

Cerol: Pode deixar, Fraga. Vou cuidar do moleque como se fosse meu.

Fraga: Beleza. E olha, no interrogatório eles me perguntaram sobre a Beca, eu neguei até o fim.

Cerol: Firmeza, mano. Nós vamos dar um jeito nisso.

Fraga: Preciso da tua ajuda durante esse tempo, Cerol. Minha pena foi mais de 15 anos, mas eu vou dar um jeito de sair daqui.

Cerol: Tamo junto, pode contar comigo!

Fraga: Jaé, e fica ligado, Cerol. Tô desconfiando de geral, quase ninguém sabia que eu tava no postinho antes de ser preso.

Cerol: Pode deixar, vou ficar esperto.

Fraga: Tá certo. Vou entrar em contato em breve. Tô negociando umas coisas aqui dentro.

Cerol: Firmeza, Fraga.

Desliguei o telefone e entregando ao guarda, voltando para sua cela.

O presídio era um lugar sujo, abafado e cheio de sombras, o ar era pesado, impregnado com o cheiro de suor e cigarro, as celas eram pequenas e escuras, e os detentos circulavam pelos corredores com olhares desconfiados, cada um cuidando de seus próprios interesses.

Era um ambiente hostil, onde a lei era ditada pelos mais fortes e os mais espertos.

No horário do almoço, um guarda se aproximou da minha cela.

— Fraga, hora do almoço. Vem comigo até a enfermaria.

Fraga: Enfermaria? Mas eu não tô me sentindo mal, por que eu deveria ir até lá?

— Não é questão de escolha, é ordem. Vem.

Fiquei confuso, o meu coração batia forte no peito, enquanto eu tentava imaginar o motivo da convocação.

Ao chegar à enfermaria, me deparei com uma cena surpreendente, lá estava Oliveira, um misto de surpresa e desconfiança se misturou em meus pensamentos enquanto nos encarávamos em silêncio por alguns segundos.

Oliveira: E aí, Fraga. Sentiu minha falta?

Fraga: O que você tá fazendo aqui, Oliveira? Pensei que nunca mais ia te ver.

Fraga: O Cerol me mandou aqui, as coisas mudaram, meu amigo. E precisamos conversar sobre alguns assuntos importantes.

Fraga: Como assim?

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