Pedro Fraga.
Estávamos na sala do esconderijo, aquele cubículo abafado que a gente usava pra resolver nossos assuntos.
O cheiro de maconha e whisky era forte.
Eu tava sentado na poltrona de couro surrado, com um copo de whisky na mão, enquanto o Cerol e o Baiano trocavam olhares de ódio. Precisava resolver logo essa história do rato que tava passando informação pra polícia, mas a tensão entre os dois tava atrapalhando.
Fraga: Baiano, preciso de você pra descobrir quem tá passando as informações do morro pra polícia - falei, tentando manter a calma.
Baiano: Tem certeza disso, Fraga? Já matei um amigo meu antes, o que me impede de matar outro? - Respondeu, encarando o Cerol com uma frieza que gelava a espinha.
Cerol: Cê tá me ameaçando, Baiano? Se pensa que só porque tá ajudando o Fraga eu não posso fuzilar tua cara, tá muito enganado. - A raiva dele era palpável.
Fraga: Cerol, se acalma. A gente precisa trabalhar junto nessa - tentei intervir, mas ele continuou.
Cerol: Você matou meu irmão na covardia e ainda tem a cara de pau de chamar o Lucas de irmão. Na primeira oportunidade, matou ele.
Baiano: Matei porque ele tava pelo errado, roubando dentro do morro e devendo mó grana - Baiano se defendeu, mas o Cerol só ficava mais furioso.
Cerol: Você devia ter morrido na cadeia, Baiano. Meu irmão não merecia chamar um filho da puta como você de amigo! - Cerol retrucou, dando um passo ameaçador na direção dele.
Levantei da poltrona e me coloquei entre os dois.
Fraga: Chega! Isso não é o foco agora. Temos um problema maior pra resolver. - Apontei para os papéis na mesa de centro com informações sobre os últimos vazamentos.
Os dois se afastaram, mas o clima continuava pesado. Eu tomei um gole do meu whisky, tentando pensar numa maneira de manter a situação sob controle.
Fraga: Vamos fazer o seguinte: a gente vai dividir as tarefas. Cerol, você vai investigar os caras novos que entraram na boca nos últimos meses. Baiano, você vai cuidar dos contatos externos. A gente precisa descobrir quem tá entregando a gente - expliquei.
Baiano: E se for alguém de dentro mesmo? - Perguntou, ainda desconfiado.
Fraga: Aí a gente resolve, mas primeiro vamos eliminar as possibilidades externas - Respondi, tentando passar confiança.
Cerol deu uma tragada profunda no baseado e soltou a fumaça devagar, como se isso fosse ajudar a controlar a raiva.
Cerol: Beleza, Fraga. Vou investigar esses novatos, mas se eu descobrir que é o Baiano, ele vai pagar! - disse Cerol, ainda encarando o Baiano.
Baiano: E se for eu, vou pagar. Mas se for alguém que você confia, quero ver se vai ter a mesma coragem! - Rebateu.
Fraga: Chega de ameaça, porra! - Interrompi de novo, perdendo a paciência. - A gente tá junto nessa. Um rato tá ferrando a gente e vocês ficam se matando por causa de rixa antiga. Foco, caralho!
Os dois finalmente pareceram entender a gravidade da situação. Baiano apagou o baseado no cinzeiro, se recostando na parede. Cerol sentou na cadeira em frente à mesa, ainda fumando.
Cerol: Fraga, cê sabe que confio em você, mas essa história tá me tirando do sério! - Cerol falou mais calmo.
Fraga: Também tô puto, Cerol, mas se a gente não trabalhar junto, o morro vai pro caralho! - falei, tentando manter a calma.
Baiano: Então é isso. Eu cuido dos contatos externos e o Cerol dos novatos. A gente se encontra aqui em dois dias pra comparar as informações - Resumiu, como se quisesse acabar logo com a reunião.
Fraga: Isso mesmo. E sem tretas até lá. A gente tem que tá unido - Reforcei, olhando nos olhos dos dois.
Cerol assentiu, ainda relutante, e Baiano deu um sorriso de canto, claramente desconfiado. Mas pelo menos parecia que tínhamos um plano. Eu só esperava que funcionasse antes que tudo desmoronasse de vez.
Os dois saíram da sala, cada um pro seu lado. Fiquei lá por mais um tempo, bebendo meu whisky e pensando no que poderia dar errado.
Precisávamos descobrir quem era o rato rápido, antes que ele causasse mais estrago. E torci pra que Baiano e Cerol conseguissem manter a calma até lá.
A última coisa que precisava era de uma guerra interna.
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Vida Rasa
FanfictionComplexo da Penha - Rio de Janeiro. Em Vida Rasa, mergulhe na vida tumultuada de Pedro, vulgo Fraga, um cafajeste que se vê enredado em amores intensos. Entre traições e conflitos, ele busca redenção, mas será que seu coração superficial pode encont...