NÃO POSSO TE AMAR [Revisando]

58. irmãs reconciliadas.

Nihara Vitti

Inacreditável. No momento em que a esperança de reconciliação se acendia, descubro que ele teve esse tempo todo com o meu diário que teve acesso a ele, explorando cada página e decifrando meus pensamentos mais íntimos.

E ainda utilizou essas informações para manipular, para obter vantagem sobre mim. Tobias revelou-se um autêntico idiota, desrespeitoso e invasor de privacidade.

    Foi precipitado tentarmos nos reconciliar tão cedo. Foi um erro apaixonar-me por ele; eu temia ser magoada novamente, e aqui estou, com o coração doendo, apesar de amá-lo intensamente. Só queria estar ao seu lado, construir uma família juntos. Talvez isso não seja para mim, são tantos os obstáculos, cada dia um problema diferente, talvez seja hora de desistir, parar de insistir em algo que só nos mágoa.

    Estou na minha sala, finalizando os últimos detalhes da campanha para a nova parceria com um gigante do ramo de produtos de limpeza. Em instantes, nos encontraremos na reunião. Honestamente, não queria ter que lidar com Tobias.

    Continuo profundamente chateada, após descobrir que ele tem conhecimento de coisas profundas e até constrangedoras sobre o meu passado. O conflito interno se intensifica, e cada clique do mouse parece uma contagem regressiva para um confronto inevitável.

    Estou cansada, das coisas serem sempre tão difíceis. Suspiro e levanto-me firme, organizo os documentos, mas os papéis todos caem no chão quando me desequilibro, segurando a mesa para não cair. Natalie entra e corre em meu auxílio, ajudando-me a sentar.

    — Nihara, por favor, não se levante, vou chamar o médico…

    — Não, não precisa, estou bem, foi só uma tontura. Acho que levantei-me depressa demais.

    — Nihara, você está muito pálida. E não é a primeira vez que passa mal. Os últimos dias foram difíceis, eu sei, mas algo mais está acontecendo, acho melhor procurar um médico.

    Ela me encara suplicante, acho mesmo que ela exagera. Só preciso descansar um pouco.

    — Querida, obrigada pela preocupação, mas estou bem — insisto, agora com a voz em tom imperativo. Natalie se ergue e se afasta, cedendo-me passagem. Dou um longo gole na água e saio; ela vem atrás.

    — Nihara, por favor. Deixe de ser tão teimosa.

    Paro, soltando um longo suspiro de irritação, miro seus olhos cinza cheios de preocupação, mas ainda assim não posso evitar ficar nervosa com tanta insistência.

    — Eu já disse que estou bem — grito. — Sei muito bem cuidar de mim, não precisa ficar monitorando o que como, se como, se trabalho demais, quando devo ir ao médico. Esta não é a sua função. Então pare de se intrometer nos meus assuntos pessoais, está bem?

    Ela maneia a cabeça, com o olhar surpreso e triste.

    — Agora vamos.