Jardins à chuva

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Saímos do corredor e entrámos por vários caminhos que, no final, íam dar a mais um jardim. Mas este era muito mais bonito.

Andámos e andámos, mas a certa altura começou a choviscar.

- Em pequena adorava andar à chuva. - disse eu

- Então anda divertir-te! - disse o Eduardo, puxando-me para a chuva

- Ed! Nós não podemos estar à chuva.

- Porquê?

- Vamos ficar encharcados.

- Descontrai.

- Sabes que não consigo. - disse eu

- Consegues. Até porque o mar e a água fazem-te relaxar, não é?

O que ele disse era uma grande verdade, fiquei sem respostas para o contrariar.

- Está bem, já me convenceste.

Começou a chover mais intensamente mas nem nos apercebemos pois estávamos a brincar como duas crianças de 5 anos. Foi absolutamente fantástico.

- Estás a gostar? - disse ele ficando a apenas um metro de mim enquanto chapinhava.

- Estou a gostar mas estou a ficar encharcada.

Nesse momento, distrái-me e desequilibrei-me, era queda certa. Contra tudo o que pensava, ele agarrou-me e evitou que ficasse mais coberta de água do que já estava.

- Obrigada. - disse eu baixinho

- De nada, era meu dever como cavalheiro. - disse ele num tom igualmente baixo

Começou a formar-se uma atmosfera estranha entre nós, as nossas cabeças aproximaram-se para os lábios se encontrarem mas ao mesmo tempo sabíamos que não devíamos. Não queríamos estragar a nossa amizade. Os nossos narizes chegaram a tocar-se, mas não passou disso. Quando estávamos a milímetros de os nossos lábios se conhecerem eu desvie-me e escondi a minha cabeça algures entre o seu pescoço e o seu ombro.

- Ed? - disse eu a sussurrar

- Sim?

- Nada, esquece.

- Podes dizer, acredita.

- Tenho vergonha.

- Podes confiar em mim.

- Eu... eu já beijei o Bernardo, mas acho que não o devia ter feito

Ele ficou um algo triste mas apressou-se colocar-nos de novo de pé e a abraçar-me.

- Não faz mal. - disse ele num tom muito calmo

- Como é que tu sabes?

- Sabendo.

- Mas se gosto de outra pessoa... o que devo fazer?

- Isto não é por seres a rapariga, assim como a minha irmã, que protejo e admiro mais, mas é simplesmente um conselho de amigo.

- O quê? Qual?

- Afasta-te do Bernardo. - disse ele

Fiquei um pouco assustada em relação ao Bernardo. O que é que ele tinha feito que tinha irritado tanto o James e o Eduardo?!

- Tens a certeza que é o que devo fazer? - perguntei

- Sim, acredita, a menos que elem tenha mudado imenso, nunca confies nele.

- Ok.

Acho que vou seguir o conselho que ele e o James me deram, vou afastar-me dele. É triste, mas deve ser o melhor.

O Eduardo notou que eu estava embaraçada e confusa, mas também arrependida, por isso pegou-me ao colo e levou-me assim para dentro da mansão. Bateu à porta do quarto de Clara, pedindo para que ela nos seguisse e depois levou-me para o quarto dele, que ficava pegado com um outro que estava quase vazio e que tinha apenas um armário a dividir esse quarto do outro. Deve ser o quarto para as visitas do Eduardo. Também tinha visto uma porta dentro do quarto de Clara, calculo que também seja outro quarto para as visitas dela. Prático, não é?

Pousou-me sentada sobre a cama e apressou-se em tirar um casaco e algumas camisas do armário dele, que ficava no quarto ao lado. Voltou com algumas camisas na mão e disse-me:

- Escolhe a que gostares mais e vesti-a.

Ouvi-o gritar para o corredor chamando por Clara, mas ela não aparecia.

Voltou para ao pé de mim e continuou a conversa:

- Visto que a minha irmã nunca mais vem, com roupa de menina vais ter de te contentar com as minhas camisas, mas não te preocupes, daqui a bocado já vais ao quarto dela escolher algo para vestir, mas primeiro vai tomar um banho.

- Obrigada Ed. Bem estou a precisar.

- Não te demores, a seguir sou eu quem precisa de tomar banho.

- Ok. - disse eu, fechando a porta da casa de banho.

Peguei numa toalha lavada, que se encontrava no armário da casa de banho e fui tomar banho, soube-me tão bem.

Vesti de novo a minha roupa interior, que por sorte não se tinha molhado, e vesti uma camisa azul das que o Eduardo me tinha dado.

Vesti também uns calções curtos que penso que fossem da irmã, pois eram rosa e eram o meu tamanho, ela deve ter chegado a meio do meu banho e deixou-mos em cima da cama.

No quarto nem sinal do Eduardo ou da Clara pelo menos até eu começar a fazer um rabo-de-cavalo com o meu cabelo, nessa altura entraram os dois porta-adentro.

Clara atirou um vestido parecido ao meu, para que ninguém nota-se a diferença. Enquanto o Eduardo escolheu rapidamente uma roupa do armário dele e enfiou-se na casa de banho.

Vesti-me e agradeci à Clara por me ajudar a não apanhar uma grande constipação, ou pior, ficar mal vista perante a família do Eduardo.

O Eduardo saiu minutos depois da casa de banho, já vestido, e, todos juntos ( eu, o Eduardo e a Clara ) voltámos ao salão, como se nada tivesse acontecido.




beyourself2504 - 2015



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