Capítulo 3

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*Desconhecida narrando*

Sinto a água escorrer pelo meu corpo, levando toda sujeira em direção ao ralo embaixo dos meus pés.

Minha mente gira sem parar, confusa e procurando por qualquer informação, mas nada aparece.

A dor de cabeça latejante diminuiu e me sinto um pouco melhor agora.

Desligo o chuveiro da maneira como a garota que conheci a pouco tempo me ensinou e abro a porta de vidro.

Pego a toalha, passo o pano macio pelo meu corpo e depois no meu cabelo.

Visto a roupa que estava usando há alguns minutos e viro na direção da porta, mas meu corpo paralisa ao ver meu reflexo no espelho à minha frente.

Minhas pernas compridas cobertas pela calça preta confortável, a camisa que deixa meus braços expostos e com algumas gotas de água que escorre do meu cabelo.

Por fim, analiso cada parte do meu rosto.

Olhos claros, nariz pequeno, nenhum arranhão ou marca.

Forço meus pés a se aproximarem da porta e minha mão gira a maçaneta.

Saio do banheiro com uma pequena satisfação dentro do peito, por conseguir fixar a imagem do meu rosto na minha mente.

Escuto vozes familiares quando estou quase chegando onde o homem me deixou há algum tempo.

Evelyn- Laura, você não acredita mesmo nisso- a garota comenta- não é?!- acrescenta.

Assim que vejo as duas garotas em pé perto de uma das portas, decido parar no mesmo lugar.

Laura- eu sei, é loucura- diz- mas e se for verdade?- pergunta.

Evelyn- essa garota provavelmente tá fingindo que não lembra- rebate- é impossível que alguém perca totalmente a memória- diz, sem acreditar.

Laura- mas por que?- questiona, confusa- por que ela estaria fingindo?- acrescenta.

Evelyn- eu ainda não sei- responde, passando a mão pelo cabelo- mas vou descobrir- diz, decidida.

Eu sinto uma sensação diferente dentro do peito, mal percebo quando a minha visão fica embaçada e minha respiração pesa.

Joana- tá tudo pronto- a sua voz atrai a minha atenção.

Vejo quando ela aparece ao lado das duas que ainda continuam em pé e a mulher logo me vê parada aqui.

Joana- ah, você tá aí- diz e vejo um pequeno sorriso se formar no seu rosto.

As duas garotas olham na minha direção também e eu decido me aproximar.

Com passos lentos e sem desviar os olhos do chão, paro um pouco distante delas.

Joana- ah, pode deixar isso comigo- fala, estendendo a mão na minha direção e pegando a toalha.

De repente, o som da porta sendo aberta atrai a atenção de todas nós.

Vejo o homem alto, moreno e com alguns desenhos que cobrem a pele dos seus braços.

Joana- Miguel, chegou bem na hora- comenta, com um pequeno sorriso no rosto.

Miguel- vamos- fala, olhando pra mim.

Joana- deixa a menina comer antes- pede.

Miguel- não tenho tempo pra perder- rebate, olhando pra ela rapidamente.

A mulher solta um longo suspiro e percebo que não está disposta a continuar essa discussão.

Miguel- vamos- repete, com os olhos fixos em mim.

Operação CegaOnde histórias criam vida. Descubra agora