Capítulo 30

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*Laura narrando*

Arrumo o travesseiro que está abaixo da sua perna, tentando deixá-la mais confortável.

Laura- melhorou?- pergunto, olhando pra ela.

Maya- sim, valeu- diz, assentindo.

Vejo a expressão de desânimo que ainda domina seu rosto, igual vi quando cheguei aqui.

Laura- aí, você vai ficar bem- digo, tentando tranquilizar ela.

Seus olhos continuam fixos na sua perna, quase totalmente coberta por um gesso branco.

Minha atenção se prende ao seu braço enfaixado, mas tento não demonstrar que também estou abalada com o que aconteceu.

Laura- eu tenho que ir- anuncio, atraindo sua atenção- mas volto ainda hoje, tá bom?!- acrescento, pegando a minha bolsa que estava em cima do balcão ao lado da cama.

Maya- quero ir pra casa- diz, com o tom de voz baixo.

Sinto um pequeno aperto surgir dentro do meu peito ao ver seus olhos brilharem por conta das lágrimas.

Laura- você vai- digo, me aproximando- logo- acrescento.

Ela segue em silêncio e sei que não consegui convencê-la muito bem.

Dou um beijo na sua bochecha e me despeço, indo em direção à porta logo em seguida.

Assim que fecho a porta atrás de mim, começo a andar pelo corredor, indo em direção a saída.

Evelyn- ei, Laura!- escuto ela me chamar e olho na sua direção.

Laura- oi- digo, enquanto ela se aproxima.

Evelyn- tô indo ver a Maya agora- comenta- como ela tá?- pergunta, ajeitando o jaleco no seu corpo.

Laura- tá triste, mas ela nunca vai admitir isso- respondo, depois de um longo suspiro.

Evelyn- deve estar sendo difícil pra ela- fala, com um pesar no tom de voz.

Eu assinto e lembro do olhar que vi no seu rosto antes de ir embora.

Laura- sabe quando ela pode ir pra casa?- pergunto, com um certo receio da sua resposta.

Evelyn- vou confirmar com o meu chefe, ele é o médico que tá responsável por ela- explica- mas talvez leve alguns dias- acrescenta, me fazendo suspirar mais uma vez.

Laura- imaginei- digo.

Evelyn- eu queria falar com você sobre isso- comenta e eu assinto, prestando atenção- quando ela for pra casa, vai precisar que alguém fique a maior parte do tempo com ela- acrescenta- vai precisar de bastante apoio, principalmente nas primeiras semanas- explica.

Eu não fico surpresa com o que ela diz, até porque já imaginava que diria isso, mas acho que eu estava tentando adiar pensar sobre esse assunto.

Laura- eu vou dar um jeito- digo, passando a mão pelo cabelo.

Evelyn- todo o tempo livre que eu tiver, posso ajudar com ela- oferece- então, não hesita em me chamar- acrescenta e eu abro um pequeno sorriso no rosto.

Laura- valeu, Eve- agradeço, abraçando ela.

Me despeço dela logo em seguida e vou em direção a porta mais uma vez, enquanto minha mente tenta desesperadamente encontrar alguma solução.

...

Abro a porta e passo por ela, entrando em casa.

Arregalo os olhos ao encontrar quatro rostos familiares no meio da minha sala, mas acabo abrindo um sorriso enorme ao ver o que estão fazendo.

Luiza- oi- diz, sendo a primeira a perceber minha presença.

Laura- oi- digo, enquanto os outros olham na minha direção também.

Lucas- e ai, mina- fala, terminando de limpar a mesa.

Vinícius- e ai- diz, fazendo um gesto com a cabeça.

Melanie- como foi lá?- pergunta, sem parar de varrer o chão.

Eu solto um longo suspiro ao me lembrar da visita com a minha prima e jogo as chaves que estou segurando no sofá à minha frente.

Luiza- nossa, foi tão ruim assim?!- diz, percebendo meu desânimo.

Laura- ela só tá meio abalada- tento explicar.

Fico em silêncio novamente, sem conseguir encontrar mais palavras que possam descrever exatamente o que percebi quando a vi hoje.

Melanie- ela vai ficar bem- diz, tentando me consolar.

Eu lanço um sorriso fraco na sua direção, enquanto observo eles continuarem a arrumar tudo.

Olho pro garoto que vai em direção a cozinha e decido segui-lo, decidida a conversar sobre a ideia que tive no caminho até aqui.

Laura- aí, a gente pode conversar?!- pergunto, atraindo a sua atenção.

Lucas- claro- diz, largando o pano em cima da pia.

Eu tento pensar em uma maneira de pedir isso a ele, enquanto vejo-o parar bem diante de mim.

Lucas- o que foi?- pergunta, cruzando os braços.

Laura- preciso da sua ajuda com a Maya- respondo, indo direto ao assunto.

Lucas- claro- diz, assentindo- quando?- pergunta.

Laura- todos os dias- respondo, vendo sua testa franzir.

Lucas- o que?!- fala, confuso.

Laura- eu fiz um acordo com a chefe dela- começo a explicar- vou substituir ela no trabalho, até que esteja bem pra voltar- acrescento- provavelmente vou precisar trabalhar nos turnos da noite também- digo, vendo a expressão em seu rosto mudar.

Lucas- e alguém precisa ficar com ela- fala, entendendo onde eu quero chegar- por que tá pedindo pra mim?- pergunta, curioso.

Laura- vocês são os únicos em quem eu confio- respondo- o Miguel tem que cuidar de todo o morro, o Davi é o braço direito dele e o Vinícius tá ocupado demais tentando retomar a relação dele com a Mel- explico.

Lucas- e as outras?- pergunta e eu solto um longo suspiro.

Laura- elas têm empregos de segunda a sexta- respondo.

Ele não fala mais nada e consigo perceber que não gostou muito de ouvir o meu pedido.

Laura- olha- digo, atraindo o seu olhar mais uma vez- eu sei que a última coisa que você quer é deixar de fazer as suas coisas pra ficar cuidando de alguém- acrescento- mas preciso muito da sua ajuda, por favor- peço, torcendo pra que ele aceite.

Pelos próximos segundos, ele apenas continua me encarando e parecendo tentar decidir o que fazer.

Eu espero pela sua resposta, sentindo a esperança crescer dentro do meu peito, mas também o medo da possibilidade de recusar meu pedido.

Lucas- tá, tudo bem- diz e eu solto um suspiro de alívio.

Laura- muito obrigada, mesmo- digo, abraçando ele rapidamente.

O alívio toma conta do meu peito e fico feliz por estar conseguindo resolver tudo.

Lucas- ela já sabe?- pergunta, assim que eu me afasto.

Laura- ah, ainda não- respondo, lembrando que preciso contar pra ela.

Ele solta uma risada fraca, balançando a cabeça negativamente.

Lucas- ela não vai gostar, sabe disso, né?!- diz e eu assinto- mas beleza- acrescenta, encolhendo os ombros- já tô acostumado a lidar com a loirinha brava- comenta, me fazendo rir.

Vejo o sorriso no seu rosto e percebo que está com aquele olhar.

Aquele mesmo olhar que domina seu rosto toda vez que a vê e isso me faz sorrir ainda mais.

Operação CegaOnde histórias criam vida. Descubra agora