Operação Cega

Capítulo 7

Mantenho minha atenção fixa na pequena tela à minha frente, enquanto sigo cada ordem da mulher que apresenta o vídeo.

Sinto um cheiro estranho vindo do meu lado e arregalo os olhos ao perceber o que é exatamente.

Largo a faca e o pão, depois desligo o fogo do fogão ao meu lado.

Pego a frigideira e analiso os ovos com uma parte levemente queimada, mas não deixo que isso me abale.

Pego uma colher em uma das gavetas que descobri a pouco tempo ser onde se guarda os talheres.

Retiro a parte queimada e jogo no lixo, depois largo a frigideira no fogão e volto a cortar o pão em várias fatias.

Joana- o que você tá fazendo?- escuto sua voz atrás de mim e viro na sua direção.

Vejo sua expressão confusa, enquanto analisa as coisas ao meu redor.

XXXX- bom, eu estou tentando preparar o café da manhã- respondo, com um pequeno sorriso no rosto.

Vejo suas sobrancelhas levantarem e ela volta a encarar as fatias de pão dentro do prato de vidro.

Evelyn- bom dia- sua voz surge logo depois de ela surgir na cozinha- o que é isso?- pergunta, apontando na direção das coisas atrás de mim.

Joana- ela tá tentando fazer o café da manhã- responde a mesma coisa que eu e solta uma pequena risada logo em seguida.

Evelyn- você sabe o que é café da manhã?!- fala, surpresa.

Eu assinto, um pouco sem graça e acho que elas percebem.

Joana- ah, querida- diz, se aproximando- não precisa se incomodar com isso- afirma, ainda com o pequeno sorriso no rosto- mas você se saiu muito bem- comenta, analisando os ovos dentro da frigideira.

XXXX- obrigada- agradeço, sorrindo também.

Joana- deixa que eu termino isso- diz, pegando a faca da minha mão- podem ir lá pra mesa já- acrescenta.

Eu obedeço, indo em direção a porta e saindo da cozinha, vendo a Evelyn fazer a mesma coisa.

Assim que paramos na frente da mesa, a garota para e encara a mesma.

Evelyn- você arrumou a mesa, é?!- fala, surpresa.

XXXX- queria retribuir de algum jeito- digo, sentando na primeira cadeira vazia que encontro.

Percebo que ela continua parada ao meu lado, em pé e encarando a mesa por mais alguns segundos.

Evelyn- ok- diz, encolhendo os ombros.

Ela senta na cadeira ao meu lado e nós começamos a nos servir com o que encontramos à nossa frente.

Meu primeiro café da manhã e são com pessoas totalmente desconhecidas, incluindo a mim.

Pouco tempo depois, a Joana chega com o prato de pão e a frigideira, colocando-os na mesa.

Joana- bom, descobrimos algo que você sabe fazer- comenta, sentando na cadeira à nossa frente.

XXXX- a moça do vídeo que me ensinou, há alguns minutos- falo, rindo.

Joana- ah, então, aquele celular em cima da pia era seu?!- diz, se servindo.

Evelyn- seu celular novo?- pergunta, me encarando.

XXXX- é- afirmo, um pouco sem jeito- ainda não estou acostumada em andar com ele o tempo todo- explico.

Elas acabam rindo e isso me deixa mais aliviada ao saber que a Evelyn não ficou chateada ao saber que eu esqueço o celular que ela me deu em alguns lugares.

Depois, terminamos o café da manhã e arrumamos tudo.

Quando tudo já está limpo, a Joana diz que vai na casa de uma das amigas dela e que vai almoçar por lá.

Evelyn- bom, eu tenho que ajudar a Iza na loja- comenta e eu franzo a testa- quer ir?- pergunta.

XXXX- claro- respondo- mas quem é Iza?- pergunto de volta.

Evelyn- ah, é a Luiza- responde, rindo.

Eu assinto, guardando essa informação e seguindo ela em direção ao quarto.

Trocamos de roupa em questão de minutos e depois saímos da casa.

...

Depois de arrumar as roupas na boneca enorme à minha frente, pego a mesma e me aproximo da porta de entrada.

Como estava aberta, tenho facilidade em passar pela mesma e depois posiciona a boneca ao lado das outras.

Solto um suspiro, satisfeita com o pequeno trabalho que realizei e volto pra dentro da loja.

Me aproximo do balcão, onde as duas conversam animadamente, enquanto dobram várias peças de roupas.

XXXX- tudo pronto lá fora- anuncio, parando na frente delas.

Luiza- ah, muito obrigada mesmo- agradece, parecendo estar aliviada.

Evelyn- você deveria contratar alguém pra te ajudar com isso tudo- comenta, olhando ao redor.

Luiza- é, eu sei- concorda- mas é difícil achar pessoas comprometidas- acrescenta e percebo a frustração na sua voz.

Evelyn- eu trabalharia aqui, se não fosse pelo meu estágio no postinho- diz, colocando a última peça de roupa na enorme pilha ao seu lado.

Luiza- eu sei- fala, sorrindo levemente.

As duas encaram o balcão, parecendo se perder nos pensamentos e uma ideia surge na minha mente.

XXXX- eu posso ajudar- falo, atraindo o olhar das duas.

Luiza- o que?- pergunta, franzindo a testa.

XXXX- bom, eu tenho bastante tempo livre e gostei desse lugar- explico.

Evelyn- não é uma ideia ruim- fala, concordando.

Luiza- tá falando sério?!- fala com esperança no tom de voz- quer trabalhar aqui?- pergunta, só pra confirmar se entendeu certo.

XXXX- claro- confirmo, com um sorriso no rosto.

A garota sorri, parecendo ter gostado da minha ideia.

Luiza- muito obrigada- agradece, animada- você pode começar amanhã?!- segure e eu assinto.

XXXX- combinado- concordo.

Por mais que eu não tenha ideia de como é ter um emprego, não acho que vou me sair tão mal assim.

Afinal, só preciso fazer exatamente o passamos a manhã toda fazendo hoje.

Organizando peças de roupas nas estantes e vestir algumas bonecas enormes com as peças mais bonitas, deixando-as amostra na parte de fora da loja.

Evelyn- ah, merda- fala, atraindo a minha atenção.

XXXX- o que foi?- pergunto, franzindo a testa.

Evelyn- meu celular- fala, mostrando a tela do aparelho pra nós duas- acabou a bateria e eu não trouxe meu carregador- acrescenta.

Luiza- pior que eu também não trouxe, porque pensei que não fossemos demorar muito aqui- diz, logo antes de prensar os lábios um no outro.

Vejo a garota tentar ligar seu celular de qualquer maneira, mesmo sabendo que suas tentativas são inúteis.

XXXX- eu posso buscar- sugiro e elas olham na minha direção.

Evelyn- ah, não precisa- recusa, balançando a cabeça negativamente.

XXXX- não tem problema- falo- é sério- acrescento, recuando alguns passos.

Evelyn- não precisa ir até lá só por causa de um carregador, tá tranquilo- insiste, tentando me convencer.

XXXX- eu volto rápido- digo, me aproximando da porta- onde você guarda?- pergunto.

Evelyn- na primeira gaveta da cômoda ao lado da minha cama- explica.

XXXX- ok- afirmo- eu já volto- acrescento, passando pela porta.

Evelyn- obrigada- escuto ela gritar.