Capítulo 10

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Analiso meu reflexo no espelho e viro na direção dela mais uma vez, mas acabo revirando os olhos.

Melanie- Evelyn!- falo, vendo seus olhos se abrirem novamente.

Evelyn- ah, o que?!- fala, perdida- ah, claro, esse tá ótimo- diz, fazendo um sinal com a mão.

Melanie- você falou isso de todos até agora- rebato, cruzando os braços.

Evelyn- por que todos ficaram bons- diz, se aconchegando na cama de novo- posso dormir agora?- pergunta, fechando os olhos.

Melanie- você disse que iria me ajudar- falo, indo em direção ao armário mais uma vez.

Evelyn- eu tô te ajudando- fala, abrindo os olhos- não sei por que tá tão preocupada com isso- acrescenta.

Melanie- é meu primeiro dia em um emprego- falo, analisando cada peça de roupa pendurada nos cabides- quero estar apresentável- explico.

Evelyn- você tá apresentável- fala e eu olho na sua direção mais uma vez.

Melanie- jura?!- pergunto, ainda em dúvida.

Ela assente e seus olhos fixam no relógio ao lado da cama onde está deitada, depois volta sua atenção pra mim.

Evelyn- mas não acho uma boa você se atrasar no primeiro dia- comenta.

Eu arregalo os olhos e verifico que horas o relógio está marcando, sentindo meu coração dar um pulo dentro do peito ao perceber que tenho poucos minutos pra chegar lá.

Melanie- ai, meu deus- falo, pegando a pequena bolsa de cima da cadeira ao meu lado- é melhor eu ir- acrescento, indo em direção a porta.

Evelyn- boa sorte- fala, assim que eu saio do quarto.

Melanie- valeu- grito de volta.

Assim que chego na sala, vejo a mulher de cabelos cacheados sentada no sofá, com uma xícara nas mãos.

Melanie- bom dia- digo, atraindo seu olhar.

Joana- bom dia- fala, sorrindo- acordou cedo- comenta, com a testa franzida.

Melanie- consegui um emprego- digo, vendo suas sobrancelhas levantarem de repente.

Joana- sério?!- diz, surpresa- onde?- pergunta, curiosa.

Melanie- na loja de roupas da Luiza- responde, me aproximando da porta de entrada.

Joana- que legal- comenta- quer comer alguma coisa antes de ir?- pergunta, preocupada.

Melanie- não, obrigada- respondo- até mais tarde- falo, abrindo a porta.

Joana- até mais- diz- boa sorte- acrescenta, assim que passo pela porta.

Melanie- obrigada- grito, já do lado de fora da casa.

Respiro fundo e sigo o mesmo caminho que fiz ontem, sentindo o nervosismo revirar meu estômago vazio.

Mas, por mais que minhas mãos estejam tremendo levemente e minha respiração esteja irregular, sinto a satisfação dominar minha mente.

Nem consigo acreditar que eu esteja conseguindo ajeitar algumas partes da minha vida.

Desde a conversa de ontem com o Miguel, não consigo parar de repetir o meu nome na minha mente.

A cada instante repito as palavras dele na noite anterior, controlando o sorriso involuntário que surge no meu rosto toda vez.

Começo a ouvir o som de um motor vindo na minha direção, mas não olho na direção do barulho.

A Evelyn me disse que é normal andarmos no meio da rua e os motoristas já estavam acostumados a desviar das pessoas.

Operação CegaOnde histórias criam vida. Descubra agora