Capítulo 32

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Bato algumas vezes na porta à minha frente, ainda pensando se isso é uma boa ideia.

Enquanto espero pacientemente, brinco com meus próprios dedos, tentando me livrar dessa inquietação que tomou conta do meu corpo.

Em poucos segundos, escuto a porta ser aberta e vejo o homem aparecer à minha frente.

Vinícius- oi- diz, parecendo surpreso.

Melanie- oi- digo, com um pequeno sorriso no meu rosto- preciso falar com você- acrescento, direta.

Vinícius- claro- fala, abrindo mais a porta e dando um passo pro lado- entra aí- acrescenta, fazendo um gesto com a cabeça.

Eu passo por ele e escuto a porta sendo fechada, mas minha atenção está fixa na sala ao meu redor.

Analiso o sofá logo a frente da televisão enorme presa à parede, os lustres simples que cobrem as lâmpadas no teto e alguns quadros espalhados pelas paredes.

Realmente, esse lugar não é como eu imaginei.

Vinícius- então- diz, atraindo a minha atenção- tá tudo bem?- pergunta, cruzando os braços.

Não consigo evitar o rápido olhar na direção dos músculos descobertos, mas tento disfarçar antes que ele perceba o que estou analisando.

Melanie- é, eu tô bem- respondo, desviando meu olhar pro seu rosto novamente.

Seus olhos continuam me analisando, tentando detectar algo de errado pela expressão em meu rosto e esperando pelas minhas próximas palavras.

Melanie- é que eu acho que lembrei de uma coisa- digo, finalmente.

A expressão de surpresa domina seu rosto, enquanto avança alguns passos na minha direção.

Vinícius- é sério?!- diz e eu assinto- do que você lembrou?- pergunta e consigo ver a esperança pelo seu olhar.

Sei exatamente o que ele quer ouvir agora e me sinto mal por saber que vai ficar decepcionado com o que vou dizer.

Melanie- durante a invasão, enquanto eu escutava os disparos à minha volta, eu lembrei de um tipo de treinamento- digo, um pouco confusa ao forçar a minha mente a se lembrar de novo- eu estava segurando uma arma e atirava na direção de um alvo várias vezes- explico, vendo sua atenção totalmente presa em meu rosto- eu não errei um tiro- acrescento.

Depois de alguns segundos em silêncio, garantindo que eu não vou continuar, ele decide falar.

Vinícius- bom, isso explica o motivo de você ser boa com armas- comenta, desviando seu olhar pro chão, parecendo pensar.

Eu fico um pouco indecisa sobre a segunda parte da minha lembrança, sem saber se devo contar a ele, mas sinto que posso confiar no homem à minha frente.

Melanie- tem mais uma coisa- digo, atraindo o seu olhar de novo- tinha alguém lá comigo- acrescento.

Vinícius- quem?- pergunta, imediatamente.

Melanie- eu só sei que era um homem- respondo- quando eu terminei de atirar contra o alvo, ele me parabenizou e, então, não lembro o que aconteceu depois- explico, detalhadamente.

Vinícius- parece que alguém treinou você- comenta.

Eu assinto, concordando com seu pensamento, mas depois deixo que o silêncio se instale entre nós.

Involuntariamente, meus olhos desviam do seu rosto mais uma vez e tenho quase certeza que ele percebe minha atenção fixa em seu corpo.

Melanie- posso perguntar uma coisa?!- digo, mesmo que isso já seja uma pergunta.

Operação CegaOnde histórias criam vida. Descubra agora