Capítulo 17

8 0 0
                                    

Atravesso o corredor com passos lentos.

Tento arrumar o maior tempo possível pra me livrar do nervosismo que dominou meu corpo inteiro.

Assim que chego na sala, solto um suspiro de alívio ao ver o sofá vazio.

Joana- bom dia- sua voz me assusta e olho na sua direção.

Melanie- oi- digo, sorrindo.

Joana- tá se sentindo melhor?- pergunta, vindo na minha direção.

Melanie- oque?!- digo, confusa.

Joana- a Eve me disse que você não tava se sentindo bem ontem- explica, me analisando atentamente.

Melanie- ah, sim- falo, me lembrando- estou melhor, obrigada- acrescento.

Joana- que bom- diz, sorrindo- tô terminando o café, fica a vontade- acrescenta, apontando na direção da mesa.

Enquanto a mulher se afasta de mim e vai na direção da cozinha, analiso as coisas em cima da mesa.

Me aproximo e, à medida que vejo cada coisa à minha frente, minha barriga começa a roncar de fome.

Escuto passos cuidadosos próximos de onde estou e olho na direção dos mesmos.

Acabo franzindo a testa ao ver seu rosto.

Melanie- o que você...- antes que eu consiga terminar a frase, vejo outra pessoa surgir atrás dele.

Evelyn- você esqueceu seu celular- fala, parando ao lado dele.

O homem me encara com os olhos levemente arregalados e a garota demora um tempo pra perceber a minha presença.

Quando seus olhos fixam em mim, ela arregala os mesmos.

Evelyn- oi, Mel- fala, em um tom de voz baixo.

Eu já estou com os olhos extremamente arregalados, enquanto intercalo o olhar entre os dois.

Davi- bom, eu vou indo- fala, se recompondo e fingindo naturalidade.

Evelyn- é, é melhor- concorda, entregando o celular na sua mão.

Davi- tchau, Mel- diz, lançando um sorriso sem graça na minha direção.

Observo ele ir até a porta e desaparecer em poucos segundos, depois volto minha atenção pra garota que ainda me encara atentamente.

Melanie- ok- digo, ainda muito surpresa.

A garota se recompõe e se aproxima da mesa, fingindo que os últimos minutos não aconteceram.
...

Melanie- por isso você dormiu no quarto de hóspedes- digo, enquanto caminhamos pela rua.

Evelyn- quer, por favor, parar de falar sobre isso?!- pede, com um tom de cansaço na voz.

Melanie- é que eu nunca pensei que vocês dois...- não termino a frase.

Evelyn- é, pois é- diz- às vezes acontece- acrescenta.

Antes que eu consiga dizer mais alguma coisa, escuto gritos e olho pra frente, vendo uma pequena multidão formada bem próximo de onde estamos.

Melanie- o que tá acontecendo?- pergunto, confusa.

Evelyn- merda- fala, sem responder a minha pergunta.

Ela começa a correr na mesma direção em que as pessoas estão aglomeradas, então sigo ela no mesmo ritmo.

Evelyn- Maya!- grita, assim que enxerga ela.

Maya- Eve!- grita de volta, enquanto nós duas chegamos até onde ela está- é a Luiza- avisa, apontando pro centro da roda.

Evelyn- Talita?!- pergunta e a garota assente.

Ela começa a empurrar as pessoas e ir na direção dos gritos, então eu faço o mesmo, ainda tentando entender o que está acontecendo.

Todos os gritos acabam se misturando e eu não consigo mais entender nada do que estão falando.

Não demora muito até que nós duas chegamos no centro da roda, onde tudo está acontecendo.

XXX- eu te falei pra não mexer com ele, sua vadia- grita, acertando um tapa no rosto da garota.

Evelyn- aí, solta ela- fala, empurrando as duas que estão segurando a Luiza.

Letícia- não se mete nisso, Evelyn- fala, irritada.

Eu corro até a garota que está sangrando e ajudo ela a ficar em pé.

Melanie- você tá bem?- pergunto, preocupada.

Luiza- tô- afirma, com uma expressão de raiva no rosto.

XXX- eu ainda não acabei com você, piranha- fala, vindo pra cima dela.

Evelyn- eu já disse pra se afastar- fala, ficando na nossa frente e impedindo elas de se aproximarem.

Começo a ouvir o som de motos se aproximando e a multidão se afastando aos poucos, enquanto encaram alguma coisa que não consigo ver.

Maya- amiga!- grita, correndo até nós.

Letícia- você sabe como resolvemos as coisas por aqui- diz, enfrentando a Evelyn.

Evelyn- você não resolve porra nenhuma!- diz, irritada.

As três se entreolham e sinto uma pequena raiva crescer dentro do meu peito ao ver o que fizeram com a Luiza.

De repente, uma delas empurra a Evelyn e a outra vem pra cima de nós mais uma vez.

Em um movimento rápido, seguro seu braço e acerto meu punho no seu rosto, vendo ela cambalear pra trás.

As outras duas tentam me acertar, mas desvio das suas mãos com facilidade.

Meu cotovelo arde assim que bate no rosto da ruiva e meu pé acerta a barriga da loira.

Um, dois, três socos. Um, dois, três chutes.

Me movo tão rápido que não sei como é possível ainda ter fôlego e, com um último soco, as três estão no chão.

Vejo seus rostos machucados, escuto seus resmungos de dor e olho para os meus próprios punhos, observando o tom avermelhado que surgiu nos mesmos.

Minha respiração ofegante é a única coisa que pode ser ouvida por qualquer um ali.

Olho ao redor, vendo os rostos totalmente surpresos e confusos com o que acabou de acontecer aqui.

Evelyn- Mel- me chama e eu olho na sua direção.

Sua expressão me deixa mais nervosa ainda, mas minha atenção logo é atraída para os quatro homens parados um pouco distantes de onde estamos.

Observo os três com as mesmas expressões que os outros aqui, mas o homem que meus olhos fixam, me olha com curiosidade e interesse.

Eles se aproximam, fazendo as pessoas se afastarem na mesma hora.

Maya- que merda foi essa?- pergunta, com o tom de voz baixo.

Luiza- eu gosto cada vez mais dela- comenta.

Davi- todo mundo circulando- grita, assim que param na minha frente.

Lucas- levem elas pra boca- ordena pra alguns homens que estavam ao redor dessa confusão.

As pessoas logo já não estão mais ao nosso redor e as garotas que estavam no chão, foram levadas pelos homens que assistiam a cena.

Quando estamos sozinhos, todos os olhares fixam em mim.

Miguel- vai explicar?!- pergunta, me encarando.

Sinto minhas mãos tremerem e meu coração mais acelerado do que nunca.

Evelyn- como você fez isso?!- pergunta, ainda surpresa.

Eu solto um suspiro, tento controlar a minha respiração e o tremor nas minhas mãos, depois volto minha atenção pra eles.

Melanie- eu não sei- respondo, sincera.

Operação CegaOnde histórias criam vida. Descubra agora