Capítulo 19

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*Evelyn narrando*

Maya- o que será que aconteceu com ela?- pergunta, enquanto observamos as três.

Evelyn- eu não sei- respondo e continuo mexendo a comida na panela- aquilo foi inacreditável- digo, lembrando do que aconteceu.

As três continuam sentadas no sofá enquanto conversam e eu continuo analisando-as.

Maya- não acredito que seu irmão não fez nada- comenta e eu olho pra ela- não que eu ache ruim, mas pensei que ele não ia deixar assim- explica, parecendo confusa.

Evelyn- eu também- concordo, voltando a atenção pra panela à minha frente- é estranho- comento, atraindo o olhar dela.

Maya- o que exatamente?- pergunta.

Evelyn- ela não parecia estar batendo nas três por vingança ou só pra ensinar uma lição- respondo, voltando o meu olhar pra garota que eu costumava conhecer bem- é como se ela tivesse ligado o automático- acrescento, tentando descrever com as palavras certas o que estou pensando.

Maya- como se já tivesse feito isso muitas vezes- diz, concordando comigo.

Evelyn- exatamente- digo.

Maya- pelo menos descobrimos mais uma coisa sobre ela- comenta- e se, alguém a treinou, podemos descobrir também e entender como isso tudo foi acontecer- sugere e eu assinto.

Evelyn- o que será que ela fazia antes de voltar?!- pergunto, mesmo sabendo que ela não sabe a resposta.

...

Miguel- eu já falei várias vezes que não quero você aqui- diz, revirando os olhos e passando a mão pelo cabelo.

Evelyn- preciso falar com você- digo, cruzando os braços.

Miguel- não podia ter me ligado?- pergunta, encostando as costas na cadeira em que está sentado.

Evelyn- não- respondo.

Ele revira os olhos mais uma vez e espera em silêncio que eu inicie a conversa sobre o motivo de estar aqui.

Evelyn- quero ajudar a descobrir o que aconteceu com a Mel- anuncio.

Miguel- já falamos sobre isso- diz, voltando a sua atenção aos papéis jogados na mesa a sua frente.

Evelyn- ela é minha amiga e eu quero ajudar- digo, sem desistir da ideia.

Miguel- você já ajuda mantendo ela por perto e tentando fazer com que se lembre de alguma coisa- rebate e sou eu que reviro os olhos dessa vez.

Evelyn- qual é, Miguel?!- digo, sentindo a frustração me atingir- pelo menos me mantém informada sobre o que descobrir- peço, torcendo para sua resposta ser sim.

Ele larga os papéis em cima da mesa e volta a olhar na minha direção.

Depois de alguns segundos em silêncio, ele solta um longo suspiro de cansaço.

Miguel- tá bom- concorda e eu acabo sorrindo- agora vai pra casa, por favor- pede.

Evelyn- tá, eu vou- digo- valeu, maninho- agradeço e saio pela porta ao meu lado.

Assim que estou do lado de fora da pequena casinha onde ele trabalha, passo pelos homens que estão fumando e conversando na entrada da mesma.

Bernardo- e ai, morena- fala, assim que me vê.

Evelyn- e ai, Bê- cumprimento ele.

Me afasto rapidamente, sem prestar atenção nos comentários que surgem logo em seguida.

Quando começo o caminho em direção à casa da Luiza onde deixei todas as minhas amigas, escuto alguém me chamar e olho na sua direção.

Evelyn- oi- digo, assim que ele se aproxima o suficiente.

Davi- e ai- cumprimenta, caminhando ao meu lado- tá indo pra casa?- pergunta, curioso.

Evelyn- pra casa da Luiza- respondo- as meninas estão lá- explico.

Ele apenas assente e continua caminhando ao meu lado, enquanto eu penso sobre o motivo de ele estar fazendo isso.

Evelyn- olha, o que aconteceu...- digo, dando uma breve pausa- foi a última vez, beleza?!- acrescento, tentando demonstrar o máximo de tranquilidade possível.

Mantenho meus olhos no caminho à nossa frente, esperando os poucos segundos em silêncio que se instalam de repente.

Davi- ah, é- afirma, parecendo perceber que seu silêncio deixou o clima um pouco estranho- claro- acrescenta.

Evelyn- ok- digo, sem saber o motivo pra tantas afirmações.

Continuamos o resto do caminho em silêncio e isso me causa uma sensação estranha dentro do peito.

Poucos minutos depois, chegamos à frente da casa da nossa amiga e eu paro diante dele.

Evelyn- valeu por me acompanhar- digo, sorrindo levemente.

Ele apenas assente, enquanto continua me encarando fixamente.

Meu sorriso fraco se desfaz aos poucos, porque as lembranças da noite passada me atingem de repente.

Acabo mordendo o lábio inferior involuntariamente, por causa do pequeno nervosismo e, claro, das lembranças.

Vejo seus olhos fixarem na minha boca por alguns segundos e depois voltar a atenção para os meus olhos.

Davi- então...- começa a dizer, se aproximando um pouco mais de mim- tchau, morena- fala, me dando um beijo na bochecha.

Chego a fechar os olhos rapidamente quando sinto sua boca encostar no canto da minha e ele se afasta apenas um pouco.

Encaro seus olhos novamente, sentindo algo diferente por causa da sua proximidade.

Evelyn- acho que não tem nada de mais em uma visita de amigos hoje, não é?!- digo, vendo um sorriso surgir no seu rosto.

Ele morde o lábio inferior e agora sou eu que encaro sua boca, tentando controlar a vontade de beijá-lo neste momento.

Davi- às oito horas, pode ser?- sugere, enquanto eu volto a encarar seus olhos.

Evelyn- beleza- respondo, assentindo.

Ele se afasta, ainda com um sorriso no rosto e eu me recomponho.

Viro na direção oposta da dele e me aproximo da porta, sabendo que ele ainda está parado no mesmo lugar.

Entro na casa e fecho a porta atrás de mim, respirando fundo logo em seguida.

Melanie- oi- escuto sua voz e olho pro lado, levemente assustada.

Vejo a garota em pé ao lado da janela, com um sorriso convencido no rosto e os braços cruzados.

Evelyn- oi- digo, fingindo naturalidade.

Me afasto da porta e vou em direção à cozinha onde as outras três estão, enquanto escuto uma risada fraca atrás de mim.

Melanie- relaxa- fala, se aproximando de mim- eu não vi nada- afirma, caminhado ao meu lado.

Mesmo que eu não queira que ninguém saiba, sei que com esse comentário, ela quer dizer que não vai contar pra mais ninguém.

Então isso me deixa um pouco mais tranquila de alguma forma.

Operação CegaOnde histórias criam vida. Descubra agora