Operação Cega

Capítulo 16

Me assusto com o barulho da porta da frente sendo aberta e saio da cama em um pulo.

Meus olhos encontram o relógio ao lado da cama, indicando que já passam das três horas da manhã.

Escuto sons de passos vindos da sala e meu coração acelera ainda mais.

Pego a primeira coisa que vejo no meio do caminho e me aproximo da porta lentamente.

Coloco a mão na maçaneta e respiro fundo antes de abrir a porta, ainda com a atenção fixa nos barulhos que chegam aos meus ouvidos.

Abro a porta bem devagar, evitando qualquer tipo de barulho e saio do quarto.

Posso estar cometendo um erro em ir em direção ao barulho, mas não posso ficar parada enquanto um ladrão leva tudo dessa casa.

Caminho lentamente pelo corredor, segurando a raquete com mais força e logo chego na sala.

As luzes estão apagadas, o que só me deixa mais nervosa ainda, mas tento me manter firme.

Vejo que o barulho vem da cozinha, então continuo me aproximando lentamente da mesma.

Antes de passar pela porta, espio lá dentro e vejo a porta da geladeira aberta.

A luz vinda de dentro da geladeira é a única coisa que ilumina o cômodo.

Levo mais um susto quando vejo um homem debruçado na pia e de costas pra mim, então me escondo.

Respiro fundo algumas vezes, tentando acalmar meu coração e pensando que foi uma ideia horrível vir até aqui.

Reúno toda a coragem que consigo e decido passar pela porta.

Corro na direção do homem que continua parado no mesmo lugar e acerto a raquete com força na sua cabeça.

Assim que escuto seu grito de dor, corro pra trás do balcão ao meu lado e me escondo ali.

Sinto meu coração mais acelerado como nunca esteve, enquanto os resmungos continuam do outro lado do balcão.

Resolvo espiar pra ver como ele está e se é possível acerta-lo mais uma vez.

Mas assim que meus olhos fixam no seu rosto, arregalo os mesmos.

Melanie- ai, meu deus- falo, indo até ele.

Miguel- tá maluca, garota?- pergunta, com as mãos na cabeça.

Eu me abaixo ao lado do seu corpo e largo a raquete que estava segurando.

Melanie- eu não sabia que era você- falo, preocupada- você me assustou- acrescento.

Ele tira uma das mãos de trás da cabeça e encara a mesma.

Miguel- merda- xinga, ao ver o líquido vermelho manchar a sua mão.

Melanie- meu deus, me desculpa- falo, nervosa.

Eu ajudo-o a levantar e observo ele cambalear até chegar na pia.

Melanie- me desculpa- repito, vendo o corte na sua cabeça.

Miguel- era só o que me faltava- diz, pegando o primeiro pano na sua frente e pressionando contra seu ferimento na cabeça.

Eu continuo encarando-o, acompanhando cada movimento, enquanto se vira e me encara de volta.

Melanie- quer que eu chame alguém?- pergunto, ainda um pouco nervosa.

Miguel- não- responde.

Fico em silêncio, esperando pra ver sua próxima reação e analisando cada mudança nas expressões do seu rosto.