Capítulo 13

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*Melanie narrando*

Melanie- o que?!- digo, sem acreditar no que acabei de ouvir.

Luiza- pois é- fala, assentindo.

Melanie- mas que coisa ridícula- comento, revirando os olhos.

Ela assente mais uma vez, enquanto volta a digitar alguma coisa no computador à sua frente.

Assim que algumas clientes saíram daqui há alguns minutos, a Luiza começou a me contar uma história que aconteceu com ela.

Melanie- tá, mas, e o cara?- pergunto, enquanto desço da escada que usei pra trocar uma lâmpada- não fez nada?- acrescento.

Luiza- ele nunca faz- responde, sem tirar os olhos da tela- é outro ridículo- acrescenta.

Eu me aproximo do balcão e largo a lâmpada queimada em cima do mesmo.

Melanie- mas você gosta dele- digo, apoiando meus braços no balcão.

Luiza- eu já superei- diz e eu ergo as sobrancelhas.

Melanie- claro- falo, com ironia no tom de voz- superou- acrescento e ela finalmente olha na minha direção.

Luiza- ok- fala, me fazendo rir do seu jeito- eu vou guardar essa escada lá atrás e arrumar algumas coisas- avisa, se aproximando do objeto posicionado no meio da loja.

Eu vou pra trás do balcão, enquanto ela vai em direção à porta nos fundos da loja.

Luiza- e só pra você saber- diz, atraindo meu olhar- eu superei sim, nem penso mais nele o tempo todo- acrescenta, com um tom de superioridade na voz.

Eu ergo as sobrancelhas de novo e seguro ao máximo o riso, então vejo sua expressão mudar.

Luiza- ah, você entendeu- diz, percebendo o erro na sua frase e passa pela porta.

Balanço a cabeça negativamente, enquanto rio e volto minha atenção pro balcão à minha frente.

Vejo uma caixa aberta com alguns recibos dentro da mesma, então fecho-a e me abaixo pra guardá-la.

Escuto o som da porta sendo aberta e guardo a caixa em uma das gavetas do balcão.

Melanie- em que posso...- começo a falar, enquanto levanto e meu corpo paralisa ao ver ele se aproximando- ajudar?- completo, ainda surpresa.

Percebendo a expressão no meu rosto, o homem para um pouco distante de mim e consigo ver um certo nervosismo no através do seu olhar.

Vinícius- oi- fala, em um tom de voz baixo.

Melanie- oi- digo, no mesmo tom de voz que ele.

Analiso seu rosto levemente inchado e com um vermelho quase imperceptível cobrindo a área abaixo dos olhos.

Seus olhos me encaram de volta e tento decifrar o que está sentindo.

É como se isso que está fazendo fosse muito difícil e ele parece tão cansado.

Melanie- você tá bem?- pergunto, percebendo o silêncio eterno que se instalou entre nós dois.

Ele parece levemente surpreso com a minha pergunta e isso o faz se recompor.

Vinícius- estou- afirma, assentindo- eu...- tenta falar, mas não termina a frase.

Continuo apenas encarando ele e esperando pacientemente suas próximas palavras.

E, então, o homem solta um longo suspiro e abaixa seu olhar pro chão.

Vinícius- me desculpa- fala, voltando a olhar na minha direção- me desculpa por ontem, sei que agi feito um idiota impulsivo e sinto muito mesmo- acrescenta, com o tom de tristeza na voz.

Assim que para de falar, seu olhar vai novamente pro chão.

Não sei por que, mas sinto um pequeno aperto surgir dentro do meu peito ao observar ele.

Saio de trás do balcão e me aproximo dele, com passos não tão rápidos.

Paro diante do homem que mantém o olhar longe do meu.

Me surpreendo com minha própria atitude de colocar a mão no seu rosto e guiar seu olhar na minha direção.

Assim que seus olhos encontram os meus novamente, percebo que estão cheios de lágrimas.

Mesmo vendo a dor através de seus olhos, também consigo ver a força.

O homem se mantém firme, enquanto analisa cada detalhe do meu rosto.

A imagem que vi ontem, a foto, que estava estampada na tela do celular dele surge na minha mente.

Lembro que tentei perguntar a ele se nós dois éramos algo além de amigos e também consigo lembrar que não precisei de uma resposta em palavras, porque vi a confirmação no olhar dele.

Sei que fiquei assustada com seu jeito impulsivo e que não estou errada por isso.

Mas também sei que vi muita dor nos seus olhos ontem e vejo agora novamente.

Em meio a esses pensamentos, me aproximo mais dele e passo meus braços pelo seu pescoço, abraçando-o.

Percebo seu corpo paralisado por alguns minutos, com os braços longe de mim e deixo que descanse sua cabeça em meu ombro.

Espero um tempo, até começar a sentir seu corpo tremer levemente e sua respiração ficar irregular.

Suas mãos pousam lentamente nas minhas costas, enquanto permaneço parada e com a cabeça apoiada em seu ombro também.

Deixo que isso dure o tempo necessário pra ele.

Mesmo que eu não consiga me lembrar de nada que possa ter vivido com esse homem, acabo sentindo algumas lágrimas escaparem dos meus olhos ao perceber que deve ter sido especial.

Luiza- ei, você sabe onde...- escuto sua voz e acabo me afastando do homem.

Olho pra trás e vejo a loira parada perto da porta pela qual passou há vários minutos.

Suas sobrancelhas erguidas e sua boca levemente entreaberta me confirmam que está surpresa com o que viu.

Volto meu olhar pro homem à minha frente e observo enquanto limpa seu rosto com as mãos.

Vinícius- eu vou indo- anuncia, sem nenhuma firmeza na voz.

Eu assinto, limpando rapidamente meu rosto também.

Vinícius- obrigado- agradece- obrigado mesmo- acrescenta.

Eu lanço um pequeno sorriso na sua direção, vendo ele fazer o mesmo e, logo em seguida, se aproximar da porta.

Quando o perco de vista, solto um longo suspiro, enquanto penso em tudo o que acabou de acontecer.

Viro meu corpo e vejo que a garota ainda está parada no mesmo lugar.

Melanie- tudo bem?- pergunto, franzindo a testa.

Luiza- se eu tô bem?!- fala, finalmente se aproximando de mim- você tá bem?- pergunta de volta, curiosa.

Melanie- tô- confirmo, colocando uma mecha do cabelo atrás da orelha.

Depois de mais perguntas que eu respondo vagamente cada uma, mais clientes aparecem e agradeço mentalmente por isso.

Mas sei que não vou fugir das perguntas pra sempre.

Operação CegaOnde histórias criam vida. Descubra agora