Capítulo 17 - Surrender

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Sarah não conseguiu quebrar o contato visual dos olhos perversos da Rainha. Uma voz dentro de si a alertava, mas estar no quarto da rainha, sob seu domínio particular, dispersou-a de qualquer temor. Juliette, por sua vez, espancava-se com sua própria consciência. Ou melhor, com o resquício de consciência que lhe restara. O impulso, a curiosidade e a flama a estavam movendo automaticamente ao descontrole. Ao notar o semblante confuso da princesa, avançou para ela, fazendo-a dar passos relutantes para trás até encostar-se a porta. Ergueu as mãos, deixando-as repousadas na madeira, uma de cada lado de seu rosto. O sorriso lascivo e cruel voltou como uma bala de canhão acertando o peito da princesa, que respirou descompassada com os olhos nos seus.

Numa velocidade impressionante, ela já sentia seu corpo e seu rosto encontrarem-se com a porta, duas mãos rasgarem como uma faca a parte frontal de seu vestido do busto ao baixo ventre, arrancando-o de imediato, e finalmente o corpo escultural da rainha moldar-se ao seu, pressionando-o contra a porta, as mãos firmes em seu quadril impedindo-a de mover-se. A sensatez de Juliette fez um último apelo que foi completamente ignorado após o cheio inebriante dos cabelos inundar suas narinas. Mordeu bruscamente o pescoço de marfim exposto, enquanto suas mãos deslizavam do quadril para os seios num aperto agressivo que arrancou da princesa um murmúrio sôfrego e agudo.

- Sua aula hoje será peculiar, Senhorita Andrade. Estamos até agora tentando encontrar a delicadeza e temperança de uma princesa em você, mas hoje não. Hoje você será um leão. Sabe o que significa tornar-se um leão, Senhorita Andrade? - Circundou os bicos do peito rígidos entre o polegar e o dedo médio, gritando internamente consigo mesma.

"Controle-se, Juliette Freire!".

A princesa não respondeu. Não conseguia dizer uma palavra sequer. Arfou e discretamente assentiu trêmula, incentivando o sorriso malicioso da rainha fazer-se ainda maior.

- Não sabe? Muito bem! Significa que não pararei, nem que me implore. Não até que liberte o leão e me prove sua força. - Arrastou uma das mãos para os cabelos, puxando-os rudemente para si. - Não me decepcione Senhorita Andrade, não desejo reprová-la por exaustão! - Tudo dizia com o tom mais diabolicamente sensual possível. - Responda-me!

Sarah não raciocinou. Murmurou automaticamente.

- S-sim. Sim, Majest... Ah! - Gemeu novamente, comprimindo os olhos, pressionando a testa contra a porta a sua frente ao sentir a mão que estava em seus seios serpentear até o meio de suas pernas. Os dedos gélidos da Rainha apalparam-na vagarosamente, estremecendo-a. Como poderia ser tão intenso? Deveria ser?

- Oh, Senhorita Andrade. - A Rainha debochou. - Esforce-se! Pare de fraquejar na minha frente dessa maneira. Sua submissão é excitante, mas se tem algo que não suporto é fraqueza. Não era o que desejava, provar sua força? Prove! Seja o leão ou faça-me parar, mas prove. - Vociferou tão aturdida por ter esse tipo de poder sobre Sarah sem nem tê-la tocado ainda, que sequer registrou os próprios movimentos seguintes, quando a apertou ainda mais contra a madeira fria e invadiu-a com dois dedos impiedosamente, tocando-a de forma voraz e ferina. A sensação de quentura no meio de suas próprias pernas alastrou-se como um incêndio florestal quando a princesa arqueou as costas, roçando suas nádegas nuas no ventre da rainha. Sem saber que Sarah havia questionado-se o mesmo, a rainha respondeu-se: Não deveria ser tão intenso. Não para ela própria.

No primeiro impacto, Sarah tentou balbuciar algum som, sem sucesso. Sua voz morreu, restando-lhe apenas a busca desesperada pelo ar. Sua respiração era perfeitamente audível, como um vendaval sôfrego, enquanto Juliette parecia hipnotizada com o som e o movimento, contendo-se para ela própria não soltar nenhum gemido.

No segundo impacto, permitiu que uma lágrima solitária escorresse, sentindo seu interior rompendo-se, rasgando-se. A sensação fez seus batimentos cardíacos estourarem, a dor travava uma guerra sangrenta com o prazer. Mas o prazer venceria. Tratando-se da Dama Escarlate, ela já havia provado que poderia passar por qualquer provação.

Dive (Sariette)Onde histórias criam vida. Descubra agora