Capítulo 39 - Come Undone

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Trotsten. Acalme a tempestade.

Ventos furiosos moviam os barcos no porto. O sol vespertino permanecia, mas Trotsten escurecia cada vez mais. Nas montanhas ao sul, névoa. Nos jardins coloridos, nos jardins escarlates, no jardim das macieiras, desbotar.

Na suíte real, silêncio.

Juliette estava desajeitadamente sentada de lado em cima das próprias panturrilhas no chão, recostada em seu divã com uma das mãos cobrindo o rosto. Em fúria e em dor confundia-se. O cabelo perfumado jazia apertado em seus dedos, com pequenas gotas de sangue em algumas pontas, fruto do golpe que Amanda dera na princesa pouco antes de cortar os fios do seu cabelo. À sua frente, no tapete felpudo, cinzas e pequeninas brasas do que antes era um pedaço de pergaminho com um recado.

"Fique com a juba, eu me aproveitarei do resto." Amanda.

O recado causava um reboliço perturbador em seus pensamentos. Mais do que nunca desejava ter aniquilado Amanda quando teve a chance. A verdade estava ali, no cabelo e no sangue. Sarah estava sendo ferida em Neverland. Agora, a Rainha se via com uma raiva tão grande que poderia explodir todas os vitrais do castelo ao mesmo tempo, poderia abrir uma cratera e engolir todo o reino para as profundezas desconhecidas do mundo. Gisele, ao lhe entregar, advertiu-a claramente que se tratava de uma provocação de Amanda para que ela fosse salvá-la. Debruçada sobre as próprias dúvidas em seu quarto, dividia-se. Não poderia arriscar um resgate fora de seus domínios com o Sombrio as mãos de George. Mas como poderia deixá-la lá?

Sarah Andrade era uma irresponsável... - Pensava. Uma menina impulsiva sem uma gota sequer de juízo. Mas ela poderia culpá-la por acreditar que seria facilmente trocada pelos cinco prisioneiros?

- Ai! Mas o que...?! - Um grito a fez mirar a porta do quarto. - Juliette! - Era Alana. A maçaneta queimara-lhe a palma. - Não faça isso. Por favor, deixe-nos entrar. Também nos preocupamos com Sarah...

- Não posso. Saiam. - Sussurrou em resposta. Temia que qualquer um que se aproximasse fosse transformado em cinzas.

- Sabemos como se sente, Juliette. - Foi a vez de Lilith. - Não nos afaste agora. Podemos pensar numa solução juntos, somos uma família. - Virou-se para as irmãs, sussurrando. - Onde minha mãe se enfiou?

- Juliette... - Emily tentou ser delicada. - Você me ajudou a manter as esperanças de que Thais está bem. Diante disso, se Sarah é valiosa para eles e foi machucada, o que estará havendo com ela, que de nada deve lhes valer? Não me deixe perder essa esperança novamente. Amanda está desafiando você.

- É minha culpa. - A voz da rainha levantou-se, como se confessasse. - Tudo. E tudo que vier a acontecer com ela em Neverland. Sou eu a responsável.

- Ela discordaria! - A fada rebateu. - Sarah o fez por acreditar que isso a faria feliz. E eu sei muito bem que fez. Você tem sua mãe de volta, a família de sua irmã e está a salvo e pode tentar esconder-nos o quanto desejar. Nós vimos. Trotsten sentiu.

- Chega, Alana. - O tom embargado lhe entregava. - Foi o suficiente.

- Não! - A loira deu um tapa forte na porta. - Nós não terminamos. Não a deixaremos sozinha, precisamos de você e sabemos que precisa de nós agora. Não podemos desistir e desacreditar da capacidade dela!

- Thais... - Emily aproximou-se para falar baixo. - Thais me contou que há um meio de vê-la. E você sabe do que se trata, Juliette. Vá vê-la. Por favor, não erga essa muralha em torno de si. Nós não somos tão eficientes quanto Sarah para ultrapassá-la... - Terminou com certo pesar.

Juliette comprimiu os olhos, jogando os cabelos para trás em sinal de nervoso. Seu modo de agir as estava preocupando e magoando. Como se estivessem se lembrando da mulher que ela foi durante tantos anos.

Dive (Sariette)Onde histórias criam vida. Descubra agora