- Onde aprendeu a fazer isso? - Sarah observa Eldarion misturar os frascos na grande mesa de madeira da torre, concentrado.
- Eu nunca disse à ninguém, Andrade, mas conheço o mago de Camelot há mais tempo do que gostaria de admitir. Fui por pouco tempo um de seus aprendizes. Mas eu... - A encara tristemente. - Eu o decepcionei. Desviei-me do caminho. E isso condenou-me a ser eternamente um menino. Até que uma mudança de dentro para fora ocorra, assim será. - Lamenta.
- Isso significa que você não pode crescer? - Espanta-se. - Por quanto tempo esteve procurando Diana?
- Já não me recordo. - Dá de ombros. - Mas isso passou. Eu irei ajudá-la e depois procurarei algo para me prender. Deve haver um lugar ou um objetivo à minha espera.
- Sou uma companhia tão desagradável? - A princesa riu.
- Perdão? - Arregala os olhos, pousando os frascos na superfície plana.
- Para você querer me ajudar e partir. - Explica. - Por que não pode ficar? Por que não pode se apegar a um lugar onde já tem um amigo?
- Um amigo? - Deglute em seco. Eldarion nunca teve amigos.
- Sim. - Exibe seu sorriso brilhante. - Você é meu amigo. Talvez ainda não me considere como uma, mas podemos mudar isso. Eu sou persuasiva e você precisa de alguém para te vigiar. A combinação ideal.
- Talvez eu possa me acostumar a isso. - Sorri timidamente. - Desde que sua amiga Thais pare de falar da minha altura. - Reclama.
- Ela não precisará mais falar. - Toca sua mão sobre o último frasco, fitando-o. - Porque você crescerá. E será um homem admirável.
- Sarah! - Domenico os desperta quando sua voz ecoa pela torre. - Venha até aqui!
A princesa desce as escadas apressada, temendo que os cavaleiros que permaneceram em Camelot pudessem estar atacando. Com a espada em punho, salta os degraus velozmente.
Ao chegar em terra, estranha ao ver Vitor e Beatriz amparando Lilith. A guerreira está ofegante, apertando violentamente os dedos do príncipe do Norte que a segura. Olha para todos os lados, aspira o ar com sofreguidão.
- Lili? - A princesa segura seu rosto, assustada.
- Temos que voltar, Sarah. - Seu maxilar se contrai. - Temos que voltar imediatamente!
...
- Eu imploro. - Isabela continua. - O que aconteceu com a minha filha, Juliette?
A Rainha desce relutante da sela de Rocinante para tomar os pergaminhos ilustrados. Página por página, seus olhos arregalavam e a boca jazia num círculo trêmulo. Era ela. Versos. Desenhos. Um confidente escarlate de sua princesa que retratava somente sua imagem.
Quando voltam a se encarar, os dois pares de olhos mergulham um dentro do outro. Juliette não sabe por onde começar. Havia tanto, tanto. E era tudo tão doloroso. Sempre fora. Mas agora era diferente. E por mais doloroso que ainda fosse, havia mais. Havia Sarah Andrade. Pensar nela faz o coração da rainha falhar uma, duas, três vezes. O ar se esvaiu de seus pulmões e as pernas bambearam. Não era hora de entregar-se ao desespero que o próprio corpo denunciava. Era hora de encarar todas as verdades.
- Isabela... - Tentou começar, respirando fundo.
- Eu sei. - Interrompeu-a a rainha do Leste. - Sei que Bursheim come... - Corrige-se. - Sei que cometi um erro terrível e permiti que um julgamento descabido e suspeito detivesse-me quando eu poderia ter salvo Kaique. - As lágrimas voltavam a escorrer. - Mas estou implorando a você como jamais implorei a qualquer outro... Por favor... Eu preciso saber o que está havendo e sei que ninguém pode me dizer além de você. Juliette... - Repete. - Pelos deuses, o que aconteceu com a minha filha? Onde está minha Sarah e seus companheiros?
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Dive (Sariette)
Fiksi PenggemarPerante o assassinato de seu bondoso Rei Kaique nas mãos cruéis do Rei Leopold, a Rainha de Trotsten, Juliette Freire, transforma-se numa mulher tétrica e perversa, ornando assim o título de Rainha Má através dos reinos do Continente. Com o nascimen...