Capítulo 15 - Ship of Fools

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Foi ordenado pela rainha que Thais e Beatriz acompanhassem Lilith, Emily e Amanda nas patrulhas diárias. Juliette não duvidou que o fariam com maestria, tudo era melhor do que ficar encarcerado. Além do mais, na festa que Alana e Sarah Andrade inventaram para ela, ouviu boatos sussurrados de que as fronteiras de Trotsten estavam sendo frequentemente sondadas por estrangeiros, o que significava investigar toda a área da muralha. Para isso, precisaria de todos que soubessem empunhar uma arma e a rainha já sabia que suas duas prisioneiras da guarda real de Sarah dominavam a arte da guerra. No mais, Amanda teria tempo de criar coragem para aproximar-se da filha perdida.

- Hoje patrulharemos apenas para que saibam como funcionam os turnos e os horários. Nossos batedores não identificaram nenhuma presença suspeita fora do reino nesta manhã. - Amanda falava seriamente, encarando as quatro guerreiras a sua frente, em especial Thais. - Mesmo assim, fiquem atentas. Seus cavalos estão selados e vocês já podem ir. - Assim retirou-se, sentindo-se queimada pelo olhar da loba sobre si, bufando por ter que abandonar seus compromissos diários para supervisionar Domenico no porto.

- Até mais tarde. Tomem cuidado. - Emily sorriu discretamente para Beatriz e Lilith, que evitavam se encarar, recebendo dois acenos em resposta. O grupo montou e partiram e duplas para a tarefa.

...

Apenas o duplo trotar abafado sobre a terra fofa das extremidades da fronteira de espinhos podia ser ouvida naquela tarde, além de uma brisa fina que assoviava amena. A morena olhava para um lado sem ousar desviar-se, mas sabia que a ruiva tinha os olhos sobre ela. A pele podia queimar por baixo da roupa somente com o olhar e, infelizmente, ela também sabia que a queimação não era acalentadora, mas sim porque a arqueira deveria estar aborrecida. Assim como Sarah Andrade, quando se tratava das palavras, Beatriz era impulsiva. Mas não com a inocência da princesa, muito pelo contrário. Logo, sim, ela esperava ouvir qualquer coisa que apaziguasse o silêncio desconfortável que caiu sobre ambas. Depois de tantas provocações, risos, fora a aventura que viveram juntas, ela não mais suportaria que permanecessem assim.

- Qual é o seu problema? - Beatriz puxou as rédeas de seu corcel, o jovem Bucéfalo, para questioná-la com semblante de poucos amigos.

Lilith também puxou bruscamente as rédeas de Viserion, recebendo um relincho em resposta.

- Problema é meu segundo nome, Beatriz.

- Por que ainda está brava comigo? - Ambas desciam dos cavalos para confrontarem-se.

- Não estou brava, apenas concentrada em meus deveres. E não gosto de ser questionada por prisioneiros. - Acusou por impulso.

Beatriz arregalou o olhos, franzindo o cenho. Porém, ela mesma já havia dito: Feras são sua especialidade.

- E o que vai fazer a respeito dos meus questionamentos, Lilith? Prisão domiciliar? Tortura? Sabemos que vocês nutrem um estranho gosto por torturar aqui em Trotsten, é isso que fará? Diga-me, porque estou quase certa de que você não tem coragem. - Replicou enfurecida, não admitiria tal tratamento depois de tudo.

- Cale a boca, sua ruiva abusada! - Usou sem perceber o apelido. - Não me teste, você é esperta o suficiente para saber exatamente o motivo disso.

- Não. Talvez eu não seja, porque não sei. Achei que fosse porque eu estava prestes a me casar com Macintosh, antes de você fritá-lo. Mas agora juro não fazer a menor ideia!

- Ah, sim! Porque estava com medo. - Disse a metamorfa debochando descaradamente. - Excelente!

- Sim! É isso mesmo, Lilith. E ainda estou, estou paralisada de tanto medo, droga. Vou ignorar seu descaso com isso e perguntar novamente: Por que ainda está brava comigo? Não é possível que seja pelo casamento, não minta para mim.

Dive (Sariette)Onde histórias criam vida. Descubra agora