Capítulo 51 - Flight of the Silverbird

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Primeiro ato: Salvamento.

Breno mal viu duas flechas o atingirem, uma em cada panturrilha. Caiu de joelhos, contorcendo-se, enquanto Beatriz e Sarah se aproximavam. A arqueira defendeu-os dos soldados ao redor, enquanto a princesa puxava os braços do homem ferido pelos cotovelos, ouvindo-o gritar ainda mais. A cena chocante embrulhou seu estômago. Havia um buraco no lugar do olho direito e o esquerdo estava quase totalmente debilitado. Espalmou as mãos em seu rosto, amenizando a dor, apesar de não ter desenvolvido bem a cura. Seguia o instinto de salvá-lo somente.

Pouco a pouco o corpo do rei do Leste para de tremer e sua respração volta a ser compassada. Sarah enxuga as lágrimas que escorrem de suas pálpebras. O rosto marcado deixava de ser dor física para tornar-se dor emocional.

- Minha princesa... Eu não posso vê-la. Não claramente... - Ergue uma das mãos, perdido, para tocar seus cabelos. - Com este aqui... - Aturdido, pousa a mão livre próxima ao olho esquerdo.

- Está tudo bem, pai. - Seus lábios tremelicam. - Vamos tirar o senhor daqui. Beatriz, pode ir! - Permite que a arqueira continue a investida.

- Não. - Sussurra fracamente. - Preciso continuar lutando, Sarah. Minha espada! - Levanta-se, recuperando-se do choque.

- Não pode. - Segura seu rosto com as mãos. - Pai, temos que levá-lo para Glinda e Alana.

- Eu não a deixarei sozinha aqui. - Determina, piscando repetidamente o único olho restante, que quase nada via, aliviado por Isabela não poder vê-lo. - Nunca mais, me entendeu?

Comovida, amarra um lenço em volta de sua cabeça, para proteger o ferimento aberto, deixando apenas o olho esquerdo à mostra.

- Não precisa fazer isso. - Sorriu. - Nunca deixou de ser meu herói e isso não mudará agora.

- Peguem-nos! - Breno gritou, estirado no chão, para seus cavaleiros da távola redonda que se aproximavam a passos largos com as espadas em punho. - Matem os dois!

O grupo os cercou, ordenados como sempre. As costas de Lucas encontraram as de sua filha, ambos analisando seus oponentes, cientes das habilidades e sintonia dos guerreiros de Camelot. Os homens pareciam avaliá-los, exibindo seus sorrisos debochados, crentes de que venceriam somente pela vantagem.

- Lembra-se dos meus treinamentos? - Sarah sussurrou.

- Como me esqueceria? - Ousou esboçar um fraco sorriso.

- Ouça-me. Esqueça que ainda pode enxergar. - Respira fundo. - Apenas ouça a minha voz.

Lucas não responde, mas Sarah sabia que estava concentrando-se em ouvi-la. Ambos em posição de ataque aguardam o próximo movimento.

Quando quatro cavaleiros avançam juntos, Sarah olha à sua frente e à frente do pai, iniciando.

- Onze horas!

Lucas afunda a espada no na altura do pulmão do cavaleiro, que cai imediatamente morto, enquanto a princesa defende-se dos outros dois. O confronto se desenrola com os gritos da princesa ecoando com clareza nos ouvidos do homem. - Doze horas! Quinze horas! Dez horas! - E assim o rei de Bursheim orienta-se por seus comandos, abatendo os inimigos que o atacavam. É árduo para ela concentrar-se em si mesma e em seu pai, as lâminas passam perto demais. Mas a prepotência é a queda certeira dos cavaleiros de Breno, um a um, derrotados pela realeza do Leste. O sangue espirra em seus rostos e armaduras, Sarah diversas vezes precisa atacar os inimigos que avançam contra seu pai, uma vez que sua visão estava limitada.

Mas como Juliette acreditava, ela não fora feita para uma guerra. Juliette, na verdade, acreditava que o universo havia concebido Sarah Andrade somente para a luz. Porque a princesa temia a escuridão e além: Temia ver-se na escuridão. Ela fitava os cadáveres no chão e sentia como se estivesse arrancando um pedaço de si própria. Novamente os sábios e sábias diriam que o assassinato é uma forma de romper a alma.

Dive (Sariette)Onde histórias criam vida. Descubra agora