Capítulo 37 - Afterlife

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Neverland. Espanto.

Neverland estava diferente desde a última vez em que estiveram ali. As casas pareciam deteriorar-se. O chão estava ainda mais lamacento na província e a chuva torrencial fazia as ruas vazias e mudas. Uma infantaria as cercava com suas espadas à postos. Sarah os conhecia perfeitamente, eram os cavaleiros da távola redonda. Cavaleiros de Camelot. Homens da alta ordem, defensores da justiça e da paz. Uma piada.

George possuía quatro exércitos consigo: O próprio, o do Sul, o do Leste e o do Norte. Trotsten claramente estava em desvantagem.

- É um prazer revê-las, belas donzelas. - Eldarion abriu caminho entre os soldados, sorrindo irônico e dançando as sobrancelhas com o Sombrio atrás de si.

- Nós leve de uma vez ao velhote, garoto. - Thais bufou. - Você deve se achar muito engraçado, mas a verdade é que é extremamente cansativo e todos o acham um perfeito idiota. Só não dizem nada por temer o que George pode fazer caso ofendam a meretriz dele.

- Incrível! Até uma mocinha consegue desafiá-lo e você não, Rumpelstiltskin! - Zoso debochou. - Aliás, uma mocinha muito bonita também. Diga-me que essa poderemos ter!

- Calado, imbecil. me livrei de -lo, logo me livrarei de ouvi-lo. - Conseguia finalmente respondê-lo em silêncio, sem atrair a atenção de terceiros.

- Ousada, Thais Braz. Será que vai agir assim quando encontrar a mamãe? - O menino pôs as mãos na cintura. - Vejo pelas marcas em seu pescoço que ela...

- Certo, certo, Pouca Sombra. - Referiu-se à sua baixeza. - Como já disse, cansativo. Agora vá sentar no colo do rei como um bom escravo sexual enquanto conversamos com ele. Está um gelo aqui fora. - A loba não temia ultrapassar os limites.

Alguns cavaleiros seguraram gargalhadas, por sorte abafadas pelo som pesado da tempestade. Eldarion perdeu sua pose, mas não permitiria ser humilhado.

- Acha-se muito esperta, não é, garota-lobo? Seu excesso de confiança deve-se apenas ao demônio dentro de você. Caso contrário, estaria bem quietinha, como sua princesa está. - Apontou para a mulher.

Na verdade, Sarah não estava em silêncio por temor, respeito ou mesmo prudência. Seus pensamentos vagavam para terras distantes dali, enquanto parte de sua consciência feria-se com o estado deplorável do povo de Neverland. Porém, ouvi-lo referir-se a ela, despertou-a.

- Compreendo como isso deve ser divertido para você, Eldarion. - Forçou um sorriso. - E eu realmente não desejo que Thais o trucide da cabeça aos pés. Não ainda. Pode, por gentileza, nos levar ao rei? Vocês me queriam e aqui estou.

Suas expressões abatidas denunciavam que não o estava simplesmente desafiando ou caçoando. Por um momento, o pequeno rapaz contraiu-se. Ainda havia em si algum gênero de consciência e ponderação? Sarah fazia parecer que sim.

- Acompanhem-me. E em silêncio. - Limitou-se, trocando olhares confusos com a princesa.

Assim, quanto mais avançavam, mais os olhos da princesa chocavam-se. Havia corpos em decomposição na beira das estradas. Odor pútrido, sangue coagulado. Um parque para moscas e ratos.

Mas não o palácio. Quando atravessaram o pátio, sua respulsa pelo avô intensificou-se. Era limpo, bem cuidado, com flores coloridas em canteiros. O ouro reluzia em sua beleza impecável. Como um universo pararelo de paz cercado pelo caos.

Dive (Sariette)Onde histórias criam vida. Descubra agora