Capítulo 52 - Ultraground

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Sexto ato: Ascensão.

- Não, não, não! Domenico! - Alana correu até o precipício.

- Alana, pare! Não há nada há fazer! - Glinda, que tinha seu auxílio na cura de uma jovem recruta com um corte profundo no estômago, de onde, pela abertura, os órgãos internos apareciam, tentou contê-la.

A fada não a ouvia. Correu como todos os soldados, todas as armas e sons simplesmente tivessem desaparecido. Só havia ela, o penhasco e a imagem de Domenico Davis nele sendo atirado.

Juliette assistiu a tudo. Lutava contra os generais de George, impossibilitada de ajudar o rapaz. A questão sobre o uso da magia numa batalha é que sua eficiência era notável, mas não sua velocidade. Não comparada a uma espada, especialmente às leves e curvilíneas cimitarras.

Ao ver o desespero de sua protegida, sua magia desempenhou seu papel e seus oponentes, num piscar de olhos, jaziam sufocados e incinerados no gramado. Rocinante relinchou alto ao ter suas rédeas bruscamente puxadas e suas patas arrancaram terra sob os cacos. Correu. Abriu caminho pelos conflitos em direção a fada transtornada.

Alana olha para cima em meio ao próprio ofegar e os saltos da corrida, deparando-se com os meninos perdidos sobrevoando o penhasco a gargalhar, apontando para baixo enquanto divertiam-se do que haviam feito.

Finalmente, ao chegar, a fada escora-se na borda e respira fundo. O gancho de Domenico estava preso nas raízes que saíam do paredão lamacento, a face do abismo. O rapaz arfava, ferido, assustado. E ela estava longe demais para simplesmente esticar-se e puxá-lo.

- Domenico! Domenico! - Chama sua atenção, retraindo-se com a dor em seus olhos oceânicos. - Por favor, aguente! Segure firme, use sua outra mão! - Chorava.

- Não posso... - Sussurra entrecortado. - Não consigo, Alana...

- Faça um esforço, meu amor, por favor... - Suplica. - Eu vou t...

Não pôde concluir a frase. O grito de Domenico ecoou novamente em seus ouvidos enquanto o gancho escorregava do apoio. Alana desesperou-se mais uma vez. Uma força irrefreável agitou-se em seu interior, como um chamado de seu âmago para um risco que precisava correr, independentemente do que lhe custasse.

É assim que se afasta da beira e fecha os olhos. Consegue ouvir o trote terremoto de Rocinante, mas não ousará parar. Era tarde demais e não estava disposta a perdê-lo. - "Clink" - Soa o metal quando o gancho desprende-se de vez.

O tempo é curto quando toma o impulso necessário e mergulha no precipício. Não há meios de repensar sua atitude ou arrepender-se. Poderia nunca ter dito a ele, ou sequer ter dito a si mesma, mas em seu coração, estava cristalino. Alana amava Domenico Davis.

Juliette perde totalmente a concentração quando vê a fada pulando para alcançar o jovem Davis. Detém Rocinante com a mesma brutalidade com a qual o fez cavalgar. O ar se esvai de seus pulmões e é como se estivessem partindo sua alma ao meio. Novamente. E novamente.

- Protejam a Rainha! - Escuta Júlio gritar se aproximando, mas é como se o capitão estivesse a quilômetros de distância.

"Você vai ser minha mamãe, rainha Juliette?"

"Não grite com ela, tia Malévola, por favor! Ela está triste. Nós temos que alegrá-la, não brigar com ela!"

Dive (Sariette)Onde histórias criam vida. Descubra agora