Capítulo 25 - Said it All

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Juliette tinha as mãos espalmadas sobre o peito de Thais na floresta. Empenhava-se em fechar o ferimento, mas não tinha certeza quanto ao golpe deixar fortes sequelas. Suas mãos ardiam com a pressão, tentava atingir o próprio limite afim de acelerar o processo. Em seus olhos impassíveis, a imagem refletida de Sarah, o tempo todo. Foi incapaz de desviar sua atenção dela. Desejava esfolar Amanda viva pelo que fizera, mas amargamente lembrara-se de que também já a havia ferido daquela forma. E de forma até mais inconcebível, definitivamente.

- Ela está bem. Concentre-se. O coração está protegido. - Malévola orientou, percebendo um olhar que vira poucas vezes em sua rainha: Medo.

- Em pouco tempo e estará feito. Alana poderá cuidar dos últimos reparos. - Murmurou entredentes. Traga-me a princesa de Brusheim.

- Deveria cuidar de Amanda e do médico, Juliette. Eu terminarei isto, agora. - Levantou-se, segurando cautelosamente Thais em seu colo.

A rainha imitou seu movimento às pressas, estendendo o braço trêmulo.

- Dê-me o coração.

A feiticeira titubeou.

- Eu farei isso. Preocupe-se com seus traidores.

- Obedeça-me, Malévola. Dê-me o coração. - Franziu o cenho.

- Para que o quer? - Desta vez, não se mostraria condescendente. A desafiaria.

- Para que acha que eu o quero?! - Juliette a encarou, desconfiada de suas indagações e relutância.

Malévola respirou o mais fundo que pôde.

- Quando Emily correu ao meu encontro e não ao seu, eu soube que ela buscava ajuda para a princesa e para Thais Braz. Antes de sairmos, Lilith suplicou-me que as levasse de volta em segurança, amparando a arqueira ruiva, que parecia extremamente abatida pela notícia de que ambas corriam perigo. Já sabe que apoiarei suas decisões, Juliette, mas hoje eu farei o que minhas meninas desejam. Ao menos por hoje. Não acredito que tenha permitido as ações de sua Capitã da Guarda, mas também não pode me culpar por exigir saber para que quer o coração de Sarah Andrade.

Juliette recolheu sua mão para o próprio peito, fechando o punho. É claro. Malévola acreditava que ela daria o coração à Kaique. E com razão, ela não tinha o direito de culpá-la. Virou-se de costas, fitando o corpo silencioso uma vez mais, os cabelos espalhados pelo rosto.

- Quando voltar é melhor que esta menina esteja segura. Fui clara? - Usou de seu tom mais autoritário, contradizendo-o com sua própria afirmação.

- Assim será. Emily, traga-a. Precisamos de Alana.

Emily ergueu-se com cautela, seguindo-a, mas detendo-se por um instante para ver sua rainha e protetora. Sorriu fracamente, murmurando.

- Obrigada, Juliette. Muito obrigada.

Ela assentiu sem olhá-la. Se mantivesse os olhos por tempo demais em Sarah, certamente não faria o que sabia ser seu dever: Prender, questionar e punir. Após ver-se sozinha, conjurou nas mãos um bracelete negro, pondo-o no pulso da loba desmaiada, estalando os dedos uma única vez para transportá-la para as masmorras, de onde não sairia tão cedo, principalmente pelo fato de que o bracelete neutralizaria seus poderes.

Caminhou vacilante de volta à choupana. Sabia que o corpo de Kaique estaria lá e não desejava vê-lo. Não naquele momento. Carlos ainda jazia semimorto, o rosto desfigurado, sem consciência. Mandou-o para junto de Amanda e observou sabe se lá por quanto tempo o caixão de vidro. Aproximou-se receosa, tocando o rosto gélido e, inesperadamente, um sorriso tímido e carinhoso saltou de seus lábios, seguindo para um beijo em sua testa e um sussurro.

Dive (Sariette)Onde histórias criam vida. Descubra agora