Sobreviveremos?

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Narrador: Ao fechar a porta, Malu deslizou até o chão com a mão no rosto, chorando. Enquanto a outra lá fora, reunia forças pra voltar pra casa dirigindo. Dirigiu, mas não pra casa e sim pra casa da mãe de Malu.

Ao chegar, deu de cara com a sogra. Não demorou e disse: Vocês venceram! Está terminado. Cuide dela, ela vai precisar!
A sogra, com um sorriso de canto, rebateu: foi melhor assim. Eu saberei cuidar de minha filha!
Daniela não respondeu, deu as costas e saiu com seu carro cantando pneus!

A verdade é que Daniela, diante de toda aquela situação do suposto flagra, das dificuldades da relação das duas devido aos seus trabalhos difíceis e aos apelos da sogra, acabou se permitindo fraquejar e por um ponto final no que de mais lindo, um dia já viveu: seu amor por Malu!

Os dias que seguiram foram de muito sofrimento para ambas: de um lado, uma Daniela triste, morrendo de vontade de desfazer tudo aquilo, sem condições pra seguir adiante na sua carreira, sem ânimo até pra cantar... por outro lado, Malu já havia comunicado a todos da família que havia acabado o seu relacionamento com Daniela e que de agora em diante, não queria mais ouvir o nome daquela que um dia fora o amor da sua vida. Como editora-chefe do jornal, reunia forças todos os dias para ir trabalhar. Pensava que se, se enterrasse no trabalho, pensaria menos em tudo o que aconteceu, nas lembranças boas vividas com a cantora e seria mais fácil pra superar, mas não poderia esconder que ainda a amava... e muito.

- Deus, por favor, tira do meu peito essa dor, faz com que eu supere logo, me faz esquecer essa mulher - Malu rogava entre lágrimas.

Enquanto Daniela apenas se deixava escrever nos seus cadernos poemas dedicados à amada, juras de amor, confissões de uma mulher que apenas queria amar e se deixar ser amada pela jornalista.

Tão logo passou - se 15 dias do ocorrido e as duas tentavam seguir em frente, cada uma com seus objetivos profissionais. Desde o dia do término, não se falaram mais, nem Daniela fez questão de pegar algumas poucas peças de seu guarda roupa da casa de Malu, assim como Malu também não fez questão de pegar as dela na casa da outra.

A família por parte de Daniela dava forças para a cantora, mas não se envolvia muito, pq sabia como era artista, sempre sente demais, ama demais, mas logo que tem um fim, supera logo. Já da parte de Malu, seu pai tentava sempre que a filha ia aos domingos pra lá, conforta-la dizendo que se não seria melhor procurar a cantora e tentar uma reaproximação.

- Minha filha, eu sei que você ainda a ama, talvez vocês estivessem muito sobrecarregadas com aquela situação do "flagra" que não houve e acabaram colocando as coisas desse jeito - acarinhava os cabelos da filha que estava deitada no seu colo.

- Nunca pai, nunca mais vou procurá-la... eu não fiz nada e ela sabia muito bem o que estava fazendo, as palavras que ela usou - fungava, mas não chorava - como ela foi cruel dizendo que talvez tivesse se enganado em relação aos sentimentos dela comigo. Como pode pai? Ela que ficou tanto tempo correndo atrás de mim...

No mesmo instante, a mãe foi chegando e tratou logo de encerrar aquela conversa para que o pai não colocasse na cabeça da filha, essa invenção de ir procurar a cantora.

- Para de ficar dizendo isso para nossa filha - falou sutilmente, mas zangada - não está vendo que não era pra dar certo? Você me desculpe viu minha filha, mas nunca confiei nessa sua namorada, sabia que uma hora ou outra ela iria te deixar na mão. Artistas... Que bom que foi agora, pelo menos, não existe uma relação consolidada e será mais fácil pra você se reerguer.

- Mas tá doendo tanto mãe - agora Malu não conseguia segurar o choro e se permitiu chorar ali no colo dos pais.

Não tinha muito o que se fazer, apenas dar tempo ao tempo para curar as feridas de ambas... se é que isso seria possível um dia.

Daniela e Malu - MAKTUB - Já Estava Escrito ✨Onde histórias criam vida. Descubra agora