#8: "Por que esperou?"

427 29 0
                                    

Abril de 2019

Já estou em Berlim há pouco mais de dois meses, e enquanto passeava sozinho e saía pra ver o Simon treinar, refleti um pouco sobre o que fazer da vida agora.

— Eu acho que decidi o que vou fazer. Mais especificamente, pra onde eu vou. — falo com meus pais no telefone.

— É, filho? — minha mãe diz.

— Conta. — meu pai diz.

— Tô querendo morar na Itália pra melhorar meu Italiano.

— Oh!

— Rom? Mailand? (Roma? Milão?). — meu pai pergunta.

— Mailand, papa.

— Hm.

— Meu amor, eu acho que você deveria ir mesmo.

Dou um pequeno sorriso.

— Dei uma passada de olho nuns apartamentos pra alugar.

— Vai dando notícias. — meu pai fala.

— Pode deixar.

Converso mais com eles, então volto a procurar apartamentos no meu computador.

— Ei, tia, o que acha desse apartamento? — digo mostrando o computador pra ela.

— Olha, não é ruim, hein. Pra uma pessoa eu até diria que é perfeito.

— Ótimo. É bem localizado, praticamente no centro de Milão.

— Milão... Fico feliz que esteja tomando um caminho novo na sua vida, querido.

Assinto.

— Ah, a sua cidadania europeia vai te economizar uma boa dor de cabeça.

— Sem dúvida. Vou tentar alugar esse apê, então.

— Vai lá, meu filho.

[...]

Estou com meu primo, ele está malhando agora.

— Mailand (Milão)?

— Ja (sim).

— Vai ser ótimo pra você. Você parece uma máquina de aprender línguas.

Rio.

— I sure am (Sou mesmo).

— Primo, pega esse peso pra mim.

Entrego pra ele.

— Sua namorada deve gostar desse seu hábito de malhar.

— Tenho quase certeza que sim. — ele diz num tom sujestivo, então senta e me olha. — Daniel, sobre isso...

— O quê?

— Eu esperei um tempo pra te falar, mas eu vou casar com ela.

— Por que esperou?

— Bem, depois do que aconteceu com você, eu não queria te deixar mal.

— Simon, não precisava. Se você ama sua namorada e quer casar, você certamente deve fazer isso. Eu fico feliz por você.

— Obrigado, primo.

— Pra quando é o casamento?

— Junho. Os convites estão prestes a ser enviados.

— Eu vou.

— Quero mesmo que você vá. E tem mais uma coisa.

— O quê?

— Werner será meu padrinho.

— Sério?

Werner foi o meu primeiro namorado, na verdade foi com ele que perdi a virgindade, nosso namoro acabou em bons termos.

— É.

— Ele não mora em Berlim, certo?

— Não.

— Hum. E ele, tem marido?

— Namorado. Um colega nosso da faculdade.

— Que bom. Vocês merecem.

— Quando tudo isso tiver passado, você vai achar outro amor. Você também merece demais, primo.

Continua...

Perdido (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora