#12: A vida continua

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Sábado, Berlim

Hoje é o casamento do Simon, agora é de manhã e eu estou tomando café da manhã com meus pais e meus tios.

— Então você tá adorando o trabalho de verdade? — pergunta tia Heidi.

— De verdade, tia. Meus colegas de trabalho são ótimos.

— E o Paolo? — pergunta meu pai.

— Pai, o Paolo é um cara dez. Ele me apóia bastante, e mesmo que a gente se conheça há pouco tempo eu posso dizer que ele é um amigo que eu quero levar pra vida.

— Você nunca teve muitos amigos, né, Daniel? — minha mãe diz.

— Pois é. — diz tia Heidi. — Na época da escola ele só trazia o namoradinho pra casa, e de amigo só o Simon.

— Realmente. — digo. — Mas eu nunca me senti sozinho, só agora...

— Você sente, mas sabe que não está, não é? — diz meu pai.

Assinto.

— Eu preciso me lembrar disso toda hora. Mas o Paolo não me deixa em paz, de uma forma boa, então...

[...]

Estamos chegando na igreja.

— Daniel!

É Werner.

— Werner, oi!

— Quanto tempo, sete anos?

— Por aí.

— Sinto muito pelo seu namorado.

— Obrigado. Bem, como tá a sua vida em Munique?

— Ah, vai bem. Tô morando com meu namorado, e tô feliz no emprego também.

— Tô adorando meu emprego em Milão também.

— Tá num hotel?

— Numa clínica odontológica.

— Tá dentro da sua área também, né?

— Sim.

Ele faz sinal pra alguém atrás de mim.

— É o Tom.

Ele vem até nós.

— Você deve ser o Daniel.

— Sim. Prazer.

— Prazer.

— Meu mozão. — diz o Werner abraçando ele.

Sorrio.

— Nossa, vocês ficam lindos juntos. — digo impressionado.

Eles são, tipo, um casal que faz tanto sentido que nem dá pra alguém duvidar se são irmãos ou primos.

— Você viu o Simon e a Petra juntos, né? — Tom pergunta com um sorriso amigável. — Eles são perfeitos juntos.

— Sim, eu vi. Eles super se completam!

Isso me machuca um pouco, há um ano eu tinha a metade da minha laranja, mas hoje... Bem, não é por causa disso que as pessoas vão parar de amar.

— Fui o cupido deles, né, dá licença. — diz o Werner jogando um cabelo imaginário pra trás.

Rio.

— Eu percebia alguns olhares dela pra ele na escola, mas eu fui embora antes que a história se desenrolasse. Quando vi eles já estavam namorando sério.

Vejo o Simon no altar.

— Tá ansioso, que lindo. — digo rindo. — Vou falar com ele.

Vou até o altar.

— Oi, primo. Tá nervoso?

— Pô, demais, Daniel. Eu sou louco por essa mulher, casar é um sonho.

— Realmente, um sonho... — digo pensando no Bebeto.

— Sinto muito, Daniel.

Balanço a cabeça pra expulsar o pensamento.

— Desejo uma vida de alegria pra você e pra Petra. — digo dando um tapinha nas costas dele.

— Obrigado, primo!

— Vou sentar, tá bom?

Seguro pra não chorar, não quero roubar o holofote do meu primo, não é justo.

[...]

De volta na casa dos meus tios...

O casamento foi lindo, o Simon e a Petra trocaram belas juras de amor.

— Mamãe, vem cá. — digo puxando ela pro meu quarto.

— O que foi? — ela pergunta fechando a porta atrás de mim.

Viro pra ela já chorando, então ela abre os braços e eu a abraço.

— Ô meu amor...

— Eu queria tanto me casar com o Bebeto, mãe. Tanto...

— Eu sei, filho, eu sei.

— Tô duvidando se eu vou conseguir viver com isso.

— Claro que vai! Não fala um negócio desse, Daniel.

— Tá tão difícil. Eu tô fazendo de tudo pra manter a cabeça ocupada, mas não dá cem por cento do tempo, então eu fico nessa situação deplorável.

— Você precisa de terapia, amor, cuidar dessa tristeza.

Assinto.

— Você vai sair dessa e aprender a viver com essa dor.

Posso até escutar a voz da Ariana Grande cantando "ghostin".

— Eu não consigo respirar, mas eu preciso.

E agora lembrei da Taylor Swift.

Continua...

Perdido (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora