Sábado, Berlim
Hoje é o casamento do Simon, agora é de manhã e eu estou tomando café da manhã com meus pais e meus tios.
— Então você tá adorando o trabalho de verdade? — pergunta tia Heidi.
— De verdade, tia. Meus colegas de trabalho são ótimos.
— E o Paolo? — pergunta meu pai.
— Pai, o Paolo é um cara dez. Ele me apóia bastante, e mesmo que a gente se conheça há pouco tempo eu posso dizer que ele é um amigo que eu quero levar pra vida.
— Você nunca teve muitos amigos, né, Daniel? — minha mãe diz.
— Pois é. — diz tia Heidi. — Na época da escola ele só trazia o namoradinho pra casa, e de amigo só o Simon.
— Realmente. — digo. — Mas eu nunca me senti sozinho, só agora...
— Você sente, mas sabe que não está, não é? — diz meu pai.
Assinto.
— Eu preciso me lembrar disso toda hora. Mas o Paolo não me deixa em paz, de uma forma boa, então...
[...]
Estamos chegando na igreja.
— Daniel!
É Werner.
— Werner, oi!
— Quanto tempo, sete anos?
— Por aí.
— Sinto muito pelo seu namorado.
— Obrigado. Bem, como tá a sua vida em Munique?
— Ah, vai bem. Tô morando com meu namorado, e tô feliz no emprego também.
— Tô adorando meu emprego em Milão também.
— Tá num hotel?
— Numa clínica odontológica.
— Tá dentro da sua área também, né?
— Sim.
Ele faz sinal pra alguém atrás de mim.
— É o Tom.
Ele vem até nós.
— Você deve ser o Daniel.
— Sim. Prazer.
— Prazer.
— Meu mozão. — diz o Werner abraçando ele.
Sorrio.
— Nossa, vocês ficam lindos juntos. — digo impressionado.
Eles são, tipo, um casal que faz tanto sentido que nem dá pra alguém duvidar se são irmãos ou primos.
— Você viu o Simon e a Petra juntos, né? — Tom pergunta com um sorriso amigável. — Eles são perfeitos juntos.
— Sim, eu vi. Eles super se completam!
Isso me machuca um pouco, há um ano eu tinha a metade da minha laranja, mas hoje... Bem, não é por causa disso que as pessoas vão parar de amar.
— Fui o cupido deles, né, dá licença. — diz o Werner jogando um cabelo imaginário pra trás.
Rio.
— Eu percebia alguns olhares dela pra ele na escola, mas eu fui embora antes que a história se desenrolasse. Quando vi eles já estavam namorando sério.
Vejo o Simon no altar.
— Tá ansioso, que lindo. — digo rindo. — Vou falar com ele.
Vou até o altar.
— Oi, primo. Tá nervoso?
— Pô, demais, Daniel. Eu sou louco por essa mulher, casar é um sonho.
— Realmente, um sonho... — digo pensando no Bebeto.
— Sinto muito, Daniel.
Balanço a cabeça pra expulsar o pensamento.
— Desejo uma vida de alegria pra você e pra Petra. — digo dando um tapinha nas costas dele.
— Obrigado, primo!
— Vou sentar, tá bom?
Seguro pra não chorar, não quero roubar o holofote do meu primo, não é justo.
[...]
De volta na casa dos meus tios...
O casamento foi lindo, o Simon e a Petra trocaram belas juras de amor.
— Mamãe, vem cá. — digo puxando ela pro meu quarto.
— O que foi? — ela pergunta fechando a porta atrás de mim.
Viro pra ela já chorando, então ela abre os braços e eu a abraço.
— Ô meu amor...
— Eu queria tanto me casar com o Bebeto, mãe. Tanto...
— Eu sei, filho, eu sei.
— Tô duvidando se eu vou conseguir viver com isso.
— Claro que vai! Não fala um negócio desse, Daniel.
— Tá tão difícil. Eu tô fazendo de tudo pra manter a cabeça ocupada, mas não dá cem por cento do tempo, então eu fico nessa situação deplorável.
— Você precisa de terapia, amor, cuidar dessa tristeza.
Assinto.
— Você vai sair dessa e aprender a viver com essa dor.
Posso até escutar a voz da Ariana Grande cantando "ghostin".
— Eu não consigo respirar, mas eu preciso.
E agora lembrei da Taylor Swift.
Continua...
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Perdido (Romance Gay)
Roman d'amourDaniel é um jovem metade brasileiro e metade alemão, o mesmo perde o namorado num ato de violência na virada do ano e vai tentar a vida na Europa. Será que ele encontrará o amor novamente?