Quarta, 1 de janeiro de 2020
Acordo e vejo o Paolo.
— Oh, merda...
Me mexo, então ele me abraça dormindo e nós ficamos uns minutos assim até o mesmo acordar.
— Bom dia, Daniel.
— Bom dia...
— Ai, eu dormi tão satisfeito, você é ótimo na cama.
— É, foi bom, né. — digo nervoso coçando a cabeça.
— Você não se arrepende, né?
— Não! É que agora eu tô preocupado.
— Don't overthink it (Não pense demais nisso).
— Sorry, but...
Ele coloca um dedo na frente dos meus lábios.
— Não se preocupa, Daniel, isso não precisa dar em nada. Eu queria dar pra você há muito tempo, e eu posso te consolar assim, ou te beijando. De qualquer forma, eu espero continuar como seu amigo.
— Eu também.
— Sempre que você quiser um carinho diferenciado, eu tô aqui. Bem, de qualquer forma eu tô aqui pelo meu amigão.
— Tá bom. Eu vou pra casa tomar um banho.
— Vai malhar agora?
— Ah, sim. A gente se vê na academia.
Ele sorri, então eu pego minhas roupas espalhadas pelo chão e me visto.
— Tchau.
Vou até minha casa, tomo um banho, como alguma coisa e me preparo pra ir à academia.
— Oi! — diz o Paolo quando chego lá.
— Oi. Como o seu contatinho reagiu com você desmarcando ontem?
— Oh, he was fine.
Dias depois...
Saio do consultório da terapeuta e ando no automático com uma expressão neutra até a rua, onde fico parado na calçada de frente pra faixa de pedestre. Acabo de ser diagnosticado com depressão, a doutora foi bem amável ao me contar, e aconselhou iniciar o tratamento, que consiste em continuar com a terapia tomando remédio.
Ando até em casa me sentindo anestesiado e fora de órbita, voltando à mim quando bato na porta do Paolo.
— Daniel...
— Depressão.
— O quê?
— Eu tenho depressão. Acabei de ser diagnosticado.
— Oh, honey.
Ele me abraça.
— Eu sinto muito, meu amigo.
Ele se separa do abraço e segura meus ombros, então umas lágrimas descem.
— Eu iria dizer pra você não chorar, mas você não deve reprimir seus sentimentos. — ele diz limpando minhas lágrimas, fazendo carinho.
Assinto.
— Entra.
Entro e sento no sofá dele, deitando de lado, e ele faz o mesmo de frente pra mim.
— Não é uma sentença de morte, só se lembre disso.
— Eu sei. Mas eu tô com medo, fez um ano da morte do Humberto e eu não superei nem um pouco, e a cada dia ele fica mais distante. Eu tinha ele nos meus braços em 2018, e já estamos em 2020...
— Você tem fotos, memórias lindas com ele. — Paolo me faz um cafuné.
— Está tudo sendo tomado por tristeza.
— Mas essas memórias não são tristes.
Abraço ele.
— Eu preciso de você... — digo mesmo não me sentindo bem com isso.
Paolo me dá um beijo calmo me alisando, pedindo passagem com língua, então o beijo fica molhado e não muito intenso, além de lento e longo.
— Eu te faço gozar e relaxar agora mesmo. — ele diz apertando o cós da minha calça.
Ele beija meu pescoço e vai descendo.
[...]
Pouco mais de duas semanas se passaram, o Paolo já me consolou muitas vezes, só que eu não me sinto mais à vontade de continuar o que estamos tendo. Não quero condicionar minha "felicidade" à ele, não me sinto bem o usando, e isso está me deixando mais triste ainda.
— Paolo. — digo enquanto ele dirige de volta pra casa.
— Hum?
— É melhor a gente parar.
Ele olha pra mim por um segundo.
— Hã?
— É, eu não consigo mais suportar ficar te usando.
— Eu que dei iniciativa, Daniel.
— Mesmo assim, eu estou te usando. Eu me sinto mais triste ainda por estar fazendo isso contigo.
— É?
Assinto.
— Eu sei que parte o seu coração quando eu choro de novo por ele, nos seus braços ou quando eu te falo que chorei e fiquei triste sozinho. Isso não deve fazer bem pra você, mesmo que você queira, e eu estou me odiando porquê você não quer admitir que isso te machuca.
Ele sorri.
— Eu não tô preparado pra transar, não dá mesmo pra eu me envolver. E envolver você nisso só me faz piorar.
— Tudo bem.
— Nossa amizade não vai ficar abalada, né? — digo.
— Nós vamos sair dessa, botar atrás da gente e seguir em frente.
— But I love you, we'll get past this... — ele canta "ghostin" e eu rio.
— Eu também te amo, amigo.
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Perdido (Romance Gay)
RomanceDaniel é um jovem metade brasileiro e metade alemão, o mesmo perde o namorado num ato de violência na virada do ano e vai tentar a vida na Europa. Será que ele encontrará o amor novamente?