#19

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É outro dia, eu estou na praia central de Balneário tirando fotos da praia e dos prédios pro Axel. Eu acabei de vir do hotel onde eu trabalhava, visitei os meus antigos colegas de trabalho e foi uma festa.

Quando eu fui embora eu nem conseguia pensar nessa praia, tudo o que eu sentia era uma tristeza profunda. Eu ainda sinto a dor da tristeza, mas eu aprendi a viver com ela, e as memórias do Humberto não me dão mais vontade de morrer.

Recebo uma mensagem do Axel depois que eu mando as fotos pra ele.

Axel: Que lindo!
Daniel: É, não é? Esse lugar é conhecido como a Dubai brasileira.
Axel: Não me surpreende. Uau.
Daniel: Eu amo a Alemanha, mas o Brasil tem metade de mim.
Axel: É.
Daniel: Só queria que estivesse um pouco mais quente.
Axel: Aqui tá bastante.

[...]

No dia do meu aniversário...

É de noite, estou em casa com meus pais, a Elaine, o Geraldo e o Pedrinho.

— Parabéns, Daniel. — Pedrinho me abraça.

— Obrigado, garoto. Tô muito feliz que você veio, bem, todos vocês.

— A gente te ama. — ele diz.

— É bom passar meu aniversário de volta em casa com pessoas tão importantes pra mim quanto vocês.

— Estamos todos felizes de volta, agora acostumados com a dor. — diz o Geraldo.

— Vocês estão mais fortes agora, o tempo sabe o que faz. — diz minha mãe.

— É. — concorda Elaine.

— Alguém tem que dizer, o Daniel está radiante hoje, não é? — diz meu pai.

Todos concordam.

— 30 cai bem em você. — diz o Pedrinho.

— Ih, daqui a pouquinho cê chega lá.

— Eu, não, você que tá velho. — ele ri.

— É o que, garoto?

Rio e pego ele no colo tão rapido que ele nem reage.

— Daniel! — ele dá um gritinho assustado e gargalha.

— Tô velho mas te pego no colo, e olha só o seu tamanho.

— Tá bom, eu me rendo. Me põe no chão, vai.

Coloco ele no chão.

— Posso tirar umas fotos sua? — ele pergunta.

— Ele leva jeito pras fotos. — diz a Elaine.

— Sério?

— Isso veio do Bebeto.

— Ah, Pedrinho, você é o melhor.

Ele pega na minha mão e sai me puxando.

— Vem, vou tirar umas fotos suas.

— Vocês ouviram. — rio olhando pros outros.

Chegamos no quintal, e eu vejo que tá tudo decorado com luzes brancas.

— Então essa era a surpresa que meus pais falaram?

— Era. Eu queria tirar fotos suas num lugar bonito, é pra mostrar pra você mesmo que você passou pela tempestade e que o arco-íris está aparecendo.

Sorrio.

— Fica de costas pra essas luzes aí.

Obedeço.

— Agora dá um sorrisão.

Obedeço e ele tira a foto.

— Você tá bonito hoje.

— Obrigado. 

— Olha. — ele me mostra.

— Ficou bom. Gostei, garoto.

Ele sorri.

— Agora eu quero que você faça uma expressão mais séria, mas com charme, e uma bela pose.

— Que vergonha, eu não sou nenhum modelo.

Ele ri.

— Qual é, Daniel, sou eu.

— Tá bom. — sorrio.

Ele tira mais algumas fotos, em ângulos e poses diferentes, o garoto manda bem definitivamente.

— Meninos, vamos jantar.

Arrumamos a mesa do jantar no quintal iluminado, então todos jantamos juntos.

— Pode soprar a vela no três. — diz o Pedrinho quando estou atrás do bolo.

Desligamos as luzes e agora só o que ilumina é a vela.

— Um, dois, três!

Assopro e ele tira a foto.

— Hum, boa...

— Deu certo?

— Se deu certo? Deu ótimo!

Continua...

Perdido (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora