#7: Berlim parte 2

417 28 0
                                    

Poucos dias depois...

Estou vendo o Simon treinar, ele é bem rápido na corrida.

— Ugh! — abraço a barriga ao sentir uma coisa ruim.

Levanto e abraço a barriga ainda mais forte, então vou me afastando. Não fui muito longe, tudo começou a rodar e a minha visão escureceu, então desmaiei.

— Daniel!

Acordo e vejo uma luz chata.

— Graças a Deus. Daniel, você assustou a gente.

Estou no hospital, e com soro na veia.

— Tia, o que aconteceu?

Aqui estão os meus tios e o Simon.

— Você desmaiou, querido.

— O médico disse que você desmaiou de fome. — diz o Simon.

Fecho os olhos como quem fez coisa errada e foi descoberto, não queria que eles soubessem...

— Daniel, por que não tá comendo, meu filho? — diz tio Herbert.

— Eu não consigo, tio. Não tô nem lembrando de comer.

— Daniel, você não pode fazer isso! — diz tia Heidi.

— Desculpa...

Começo a chorar.

— Eu tô sofrendo muito, parece que eu tô vendo meu corpo de fora. Eu tô me sentindo morto, não sinto nada...

— Ô, meu amor...

Minha tia me abraça.

— Eu tô vendo seu sofrimento. E isso me parte o coração, mas você precisa se alimentar, senão sua saúde estará em perigo.

Assinto.

— Eu tô desmotivado pra viver.

— Mas você quer, não quer?

— Eu quero, por mais que essa desgraça tenha acontecido, ainda tenho coisas boas. Vocês, meus pais, as memórias...

— Se prenda nisso, Daniel. — diz o tio Herbert.

— E eu vou estar aqui também pra te ajudar, primo.

— Obrigado.

— Ó, vou encher seu saco pra você comer. Você sabe, como eu sou atleta eu tenho que comer até sem querer.

— Obrigado, primo.

Uma enfermeira entra no quarto me trazendo algo pra comer.

— Oh, vielen dank (muito obrigado).

Ela sorri e sai.

— O que você acha? A gente fala pros seus pais? — tia Heidi pergunta.

— Ah, não, tia. Eles vão ficar muito preocupados.

— Se você prometer que vai se cuidar e comer direitinho, tudo bem.

— Eu prometo. Simon, pode brigar comigo.

— Tá bom. — ele dá uma risada nasalada.

— Você precisa ganhar peso, o médico também disse isso. — diz tio Herbert.

— Anemia, né?

— Sim, pois é. Tem que cuidar bem.

Assinto.

— Você vai ser liberado daqui há pouco.

Continua...

Perdido (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora