#9: Milão

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Maio

— Here's your keys (Aqui suas chaves). — diz o porteiro me entregando.

Acabo de chegar ao prédio onde irei morar em Milão.

— Grazie.

— Prego.

Subo até meu andar, que é o sexto, então entro no meu novo apartamento.

— Realmente, nada mau...

Fecho a porta, então levo minha mala até o meu quarto e abro as janelas pro Sol entrar. Não estou tão cansado, até porquê o voo de Berlim até aqui foi super rápido.

— Vou sair um pouco...

Hoje é sábado, então é um ótimo dia pra eu conhecer o bairro, está um lindo dia de primavera. Pego meu celular e saio com as chaves, andando pelo corredor até um rapaz mw chamar.

— Mi scusi. — ele diz se aproximando.

Ele é moreno, tem cabelo preto com um topete bonito, olhos verdes, é levemente malhado e tem a mesma altura que eu, mediano.

— Yeah? Parla inglese?

— Yes. I'm Paolo, your neighbor (Eu sou o Paolo, seu vizinho). — ele diz estendendo a mão.

— I'm Daniel. — digo apertando a mão dele.

— American?

— Brazilian. Well, half German (metade alemão).

— I'm half American.

— So, we're both half from America and Europe (Então, nós dois somos metade da América e da Europa).

— That's right! — ele diz rindo simpático. — I was excited to meet you, you're my first young neighbor since... forever (Eu tava ansioso pra te conhecer, você é o meu primeiro vizinho jovem desde... sempre).

— Oh, I feel flattered (fico lisonjeado).

— You must be the same age as me (Você deve ter a mesma idade que eu).

— I'm almost 26.

— Me too.

Assinto.

— Can I show you around (Posso te mostrar os arredores)? — ele pergunta.

— Yes, thank you. You're very nice.

— Shall we (Podemos)?

— Yeah. 

Descemos até o térreo e saímos do prédio.

— Hey, Daniel, what do you do for a living (O que você faz pra viver)?

— I'm unemployed at the moment, but I work with hospitality (Eu tô desempregado no momento, mas eu trabalho com hospitalidade).

— So you can work, like, at hotels and stuff (Então você pode trabalhar, tipo, em hotéis e essas coisas)?

— Precisely (Precisamente). — And you?

— I'm a dentist.

— Ooh, I like this street (Eu gosto dessa rua).

— I'm here all the time. There we have Alessandro's bar, great place to have a beer, or another drink, and catch up with friends (Ali nós temos o bar do Alessandro, ótimo lugar pra tomar uma cerveja, ou outra bebida, e botar o papo em dia com os amigos).

— Nice.

— Here we have the bakery La Nonna, where you'll find really good pastries (Aqui temos a padaria, onde você vai achar pães doces muito bons).

— I like croissants (Eu gosto de croissants).

— The pistachio one is amazing (O de pistache é maravilhoso).

— I will remember that.

— So, Daniel, what brought you to Milano (O que te trouxe à Milão)?

— I, uh, came to improve my Italian (Eu, hum, vim pra melhorar meu Italiano).

— Nice!

— Hey, Paolo, can you help me getting a SIM card (Você pode me ajudar a comprar um chip)?

— Yeah, sure! There's a Vodafone store right down the street (Tem uma loja da Vodafone logo descendo a rua).

— Great.

— You're staying in town for a while then (Você vai ficar por um tempo na cidade então)?

— Yeah, maybe for a year or so (Talvez por um ano mais ou menos). — I don't want to go back to Brazil or Germany for a while (Não quero voltar pro Brasil ou pra Alemanha por um tempo).

— You're not wanted, are ya (Você não está sendo procurado, está)?

Balanço a cabeça em discordância e ele gargalha.

— Just kidding.

— You're funny.

[...]

Estamos chegando de novo no prédio.

— Thank you, Paolo. You are very nice, I think you could even work with hospitality (Eu acho que você até poderia trabalhar com hospitalidade).

Ele ri.

— I love people.

— You're a natural (Você tem jeito pra coisa).

— Should we grab a drink some day (Devemos sair pra beber qualquer dia)?

— Totally! You have my number. See ya.

— Arrivederci.

Entro no meu apartamento aliviado, é ótimo ter alguém gentil pra te mostrar as coisas, e o Paolo é ótimo. Vou pro banheiro, tomo um banho e sento na cama de toalha e tudo, e isso me sentindo ruim.

— Droga...

Abro o celular numa foto do Bebeto e fico chorando baixo, bateu uma tristeza do nada. Bem, do nada não é bem como aconteceu.

— Não queria essa vida, amor, sem você. Mas o que eu posso fazer?

Me visto e deito, ficando numa posição bem triste.

— Não... Levanta e toma um rumo!

Abro o guarda-roupa e começo a organizar minhas roupas, também mando mensagem pro Paolo pedindo indicação de um bom supermercado. Meu celular toca, são meus pais, então eu atendo e deixo no viva-voz.

— Filho?

— Oi.

— Já se instalou?

— Tô arrumando o guarda-roupa agora. Eu dei uma saidinha pra conhecer o bairro, um vizinho gentil fez um pequeno tour comigo.

— Ah, que bom.

— Você falou Italiano?

— Não, ele fala Inglês.

— Assim você é compreendido.

— Pois é. Daqui a pouco eu vou fazer compras, não tenho nada ainda.

— Ó, vai se alimentar direitinho, hein. Aqui em casa você não tava comendo muito.

— Não, eu vou comer direitinho, mãe. Não é bom brincar com anemia.

— Isso aí, meu amor.

— A gente é preocupado de natureza, mas se cuide direitinho pra essa preocupação diminuir um pouco. — diz meu pai.

Rio.

— Tá bom, papai.

Continua...

Perdido (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora