No final do culto, após o pastor dar a benção apostólica, Michael me manda uma mensagem confirmando nosso encontro. Ele tá me esperando à duas esquinas da igreja. É incrível como me sinto bem, quando recebo mensagens dele.
Estou em frente ao espelho, enviando um emoji para o Michael, e Camila aparece atrás de mim me dando um abraço.
— Tá falando com quem nesse celular aí, hein?
Bloqueio a tela.
— Com ninguém, tava tentando falar com a mamãe.
— Vim te chamar pra jantar lá em casa. — Ela se olha no espelho, ajustando o vestido. — Tô comemorando meu aniversário de namoro.
— Agora?
— Sim.
— Não, desculpa, mas não posso... — Meu celular vibra 4 vezes em sequência. — Marquei de sair com Estefany, era pra você ter me falado antes.
— Ah, sim! — Ela exclama, parecendo um pouco chateada. — Chamei Marty, ele vai.
Essa última parte atrai minha atenção. Ver Camila e Marty tão próximos assim nos últimos tempos tem me causado um leve ciúme.
— Que legal.***
Ando até a rua em que Michael tá me esperando. Checo todos os lados para ver se não tem ninguém nos olhando antes de dar um selinho nele. Definitivamente, isso parece ser tão errado, mas tão certo.
— E aí, bebê.
— E aí, gatinho. — Puxo a boca dele para mim. — Vamos?
— Onde quer comer?
— Não sei, um lugar que goste.
Ele franze os olhos e cruza os braços.
— Will, você é muito indeciso.
— Eu não, só não sei te dizer onde quero ir. Tem várias barraquinhas lá na praça, me leva em qualquer uma.
— Depois não vem encher meu saco: ai, Michael, eu não gostei daqui blá-blá-blá — ele satiriza minha voz.
— Cala essa boca, eu nem falo assim.
Ele ama me provocar. Aponto para o relógio dizendo que a hora tá se passando.
— Tô com fome, garoto. Preciso de energias pra te aturar.Michael acelera no neutro.
— O que tá fazendo aí parado que não sobe logo na moto, kiwi — ele rebate batendo na garupa da moto, e eu dou um tapa no ombro dele.
— Eu tô esperando você parar de ser chato. Como eu consigo gostar de ti mesmo com todo esse teu enjoo, me fala?
— Porque eu sou foda. — Ele me puxa para um beijo. Um beijo lento e preguiçoso. Seu corpo enrijece.
— Tá bom, né? Vamos? — Dando um passo para trás, subo na moto. — Meu estomago tá rocando que nem você quando dorme.Pelo jeito que agarra o guidão, vamos chegar lá em menos de um minuto, isso se a gente não cair antes.
Quando desço da moto, vejo alguns irmãos da congregação na mesma barraca que vamos lanchar.Enquanto Michael dá a volta na praça para estacionar, eu cumprimento todos antes de escolher uma mesa e me sentar.
— O culto foi uma benção, né meu filho? — Uma irmã do círculo de oração diz.
— Sim, com certeza.
Michael chega cumprimentando a todos e se junta a mim.
— E você, garotão. Por que não foi pra igreja, hoje? — ela pergunta para ele.
— Eu tava meio ocupado — ele responde.
— Não some, viu? Se não eu falo para irmã Cristina — ela brinca, e Michael não consegue disfarçar cara de incomodado.
Cristina é o nome da minha sogra, se é que posso chama-la assim. Uma vez, na brincadeira que tenho com Marty de nos
chamar de Pablo e Michael, Marty me desafiou a enviar uma mensagem para ela no Facebook. Ela me respondeu super fria,
mal educada, na verdade. Desde então, tenho medo da sogrinha quando a vejo no culto, principalmente quando estou do
lado do filho dela.
— Pensa numa mulher fofoqueira. — Michael bufa, e eu dou uma risadinha.
— Ela parece ser tão gentil.
— Ainda não viu foi nada, pô.
Durante nossa recém estadia no local, noto olhares de questionamentos e curiosidade da parte dos irmãos. Não é algo que eu me preocupe, e não acho que irá surgir algum boato sobre nós, mas é uma situação que me incomoda um pouco.Ao conversarmos, um rapaz que trabalha aqui, nos traz o cardápio da noite.
— O que vai querer? — Michael pergunta.
— Acho que um hamburguer. Agora não sei se quero com fritas ou sem.
— Tô te falando que você é indeciso — ele zomba de mim.
— Para — digo, encarando ele com os olhos semicerrados. — Eu vou querer com fritas.
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Corpos em chamas: um clichê de romance adolescente
RomanceCom 12 anos, Willian Rodrigues se apaixonou pela primeira vez. O cara que fez seu coração bater mais forte era Daniel, nada mais além do que o namorado da sua melhor amiga; uma menina evangélica que acabou conseguindo convencer ele a entrar para a i...