Você me deixa doente

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Já estamos perto da terceira avaliação, e o professor de história passa um seminário em grupo valendo a metade da prova. Olho para Marty e Estefany em confirmação que iremos fazer juntos. É um grupo de 5 pessoas, já somos 3. 

— Ei, posso fazer com teu grupo? — Michael pergunta. 

— Acho que sim. Pode gente? — pergunto aos meninos.

 Eles assentem.

 — Eu e mais um amigo, aí fica 5 certo.

 — Tá bom.

Percebo que nosso trabalho é fácil. Cinco pessoas para pesquisar sobre 1ª guerra mundial é moleza, nossas partes não vão ficar tão grande, basta apenas uma tarde para conseguirmos termina tudo sem precisar enlouquecer para isso. 

12h40, depois da aula, em um dia comumente ensolarado, nós estamos todos a pé voltando para casa. Venho ao lado de Estefany e Marty. Michael vem logo atrás com o amigo dele, Felipe. Ele está sem blusa, e essa altura eu já enlouqueci 999 vezes nas olhadas que dei para trás.

 Michael apressa os passos, deixando Felipe para trás. 

— Oi — ele diz, olhando para Estefany.

 Uma pontada de ciúmes alfineta meu peito. Os dois vão ficando cada vez mais para trás, até ficarem uma distancia consideravelmente longe, a ponto de eu não conseguir escutar o que estão falando. Isso não é nada bom. 

Não é minha primeira experiência em ficar com ciúmes do que não é meu, e mais uma vez com uma amiga. Mas quando eu gostava de Daniel era muito menos intenso, sei lá, sinto que com Michael tá sendo bem diferente. 

O que quero dizer com isso é que parte da culpa de eu estar apaixonado também é dele. Eu provavelmente nem teria notado sua existência se não tivesse vindo falar comigo e agido do jeito que age. Minha paixão por Daniel foi algo completamente ilusória onde eu literalmente tirei da minha cabeça depois daquele sonho. Mas por Michael vem das brincadeiras que ele tem em relação a mim que se mistura com a carência de um adolescente gay encubado da igreja.

 — Will, trabalho hoje à tarde na tua casa, pode ser? — Estefany grita.

Levanto o polegar para trás em confirmação, sem olha-los.

 — Que horas é bom pra ti? — Ela pergunta.

 — Às 15h00.

 Em frente à casa dela, abraço-a. Em seu ouvido, pergunto:

— Vocês vão ficar? 

— Não sei, ele pediu, mas não dei certeza pra ele — ela responde. 

Não sei o que responder, a informação ainda está em processo. Não tinha outra garota para ele pegar? 

Chego em frente de casa, e Michael vem me abraçar. Nesse momento nem sei o que estou sentindo, mas não é bom. Fico apenas com meus braços abaixados. 

— Hm, já tá né Michael — Felipe diz, zombando da gente.

— Te sai, doido! Quero é a Estefany. — Michael me larga.

Marty me olha e percebe minha expressão nada agradável. 

— O que foi? — pergunta. 

— Nada, só uma dor de cabeça chata — respondo, evasivo. 

Ele sabe que minha dor de cabeça tem nome e sobrenome, assim como eu sei que ele gosta de Pablo, Marty sabe que gosto de Michael. 

Me despeço apenas de Marty e tento abrir o portão de casa que mais parece um cofre de tão difícil que tá encontrar a fechadura do cadeado. Michael grita: 

Corpos em chamas: um clichê de romance adolescenteOnde histórias criam vida. Descubra agora