Turbilhão •14

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Perdido em meio às milhares de recordações tanto recentes quanto das mais antigas que pude recordar estava eu, Jaziel, mal consegui chegar em casa não vendo que horas eram se era manhã, tarde ou noite, tudo que me lembro foi dos braços da minha mãe em volta de mim e o alívio por eu está em casa, depois só sentir meu corpo inerte sendo jogada no meu colchão fofo. Eu sabia do tanto de responsabilidade que estava sobre meus ombros, mas agora eu estava começando a sentir tudo aquilo pesar e o meu mental não era forte o suficiente mas estava me abalando. Agora eu estava sentindo como  era difícil estar no lugar do meu pai. Eu estava com tanto coisa na minha cabeça que estava sentindo várias pontadas na fronte, estava esgotado tanto físico quanto mental, principalmente mental, não estava conseguindo pensar em um só coisa, estava tendo flashes do momento em que entrei no prédio de Laila, lembro dela com uma flecha dourada nas mãos e bem no momento em que ela iria me atacar com aquela flecha que ela tinha roubado de Anna a porta foi arrebentada por uma moça a mesmo que me salvou, mas ainda não sabia o nome dela nem de onde ela era. Tudo que eu lembro foi de Daniel me levar para casa e depois acordei no paraíso e por último do acontecido no Ed'Bar, Barton estava lá com alguém vestido de púrpura que não queria ser identificado, mas não era Caim, era outro ser que mantinha sua identidade obscura, ele tinha cheiro de anjo mas cheiro de demônio, era como se ele estivesse na transformação. E a voz do meu avô afirmando que eu pagaria com a própria língua quando disse que não queria outra garota na minha vida além daquela que já tinha no meu coração pesou uma tonelada.

   Revirei na minha cama que estava tudo escuro, não saberia dizer que horas era naquele momento tão pouco eu tinha coragem de procurar meu celular para saber, não importava, queria muito que aquele dia passasse logo. A porta se abriu mas eu mantive meus olhos fechados, estava deitado de bruços com o rosto virado para a janela fechada com cortina, sentia mãos delicadas nos meus cabelos e beijos no mesmo instante.
— Filho? Está acordado?
Gemei ainda com os olhos fechados.
— Que era são? — Falei grogue.
— Duas da madrugada. Você chegou aqui era 10 horas da manhã, não almoçou, não jantou. Filho você precisa comer algo, seu pai está preparado um lanche para você.
— Não estou com fome, só queria dormir até… secar.
— Não fala isso, meu amor. — Minha mãe me repreendeu. — Vamos levantar.

Minha mãe me ajudou a ficar de pé ainda sentindo minha cabeça pesada, meus olhos estavam nublados, fechei rápido quando saí pela porta do meu quarto dando de cara com as luzes acesas no corredor, desci as escadas me apoiando na minha mãe e mão no varão da escada, me arrastei até cozinha onde meu pai estava fritando ovos. Minha mãe foi até a geladeira pegando uma jarra de vidro transparente com sucos de abacaxi, havia três sanduíche de mortadela no prato. Coloquei meu cotovelo na mesa de mármore depois depositei o peso da minha cabeça sobre a mão aberta.
— O que está sentindo? — Meu pai colocou os ovos mexidos no prato ao lado dos sanduíches.
— Meu crânio está rachando. — Minha voz estava rouca presa em algum lugar da minha garganta.
— Fui muita coisa de uma só vez, filho. Eu não queria te levar até Rafael, mas infelizmente não tive escolha você não estava se curando, o ferimento das suas costas estava só piorando.
— Ariel me disse alguma coisa sobre veneno e fogo do inferno!
Minha mãe ficou de pé no solavanco.
— Aquela vadia, fez o quer?
Nunca tinha ouvido minha mãe falar um só palavrão, ela estava realmente muito furiosa com Laila que até agora ela não saberia nada sobre aquela mulher, pelo menos eu não tinha dito nada, só se Daniel ou Klaus tivesse dito, algo que eu achava impossível, eles não contariam nada sem que eu soubesse.
— Quem era a mulher que você foi vê? — Minha mãe estava rangendo os dentes dando voltas na cozinha vestida com camisa bodó do meu pai que ficava acima dos joelhos.
— Você falou alguma coisa sobre ter ido na casa de alguém, alguma mulher. Perguntei a Daniel e ele disse que foi na casa de uma amiga, ele não me deu detalhes porque querendo ou não e leal a você.
Sabia que eu podia contar com meu amigo.
— Ela é minha professora, pelo menos era…. foi o que ela parecia ser. Mas…
—... mais do que filho? — Minha mãe era   uma mistura de fúria, preocupada e vingança.
— Ela era na verdade a esposa de Caim. —
Meu pai saltou da cadeira em que estava sentado, derrubando a frigideira ao chão, rapidamente ele pegou colocado dentro da pia.
—Laylah, esposa de Caim? Isso quer dizer que foi ela que roubou o fogo divino de uma das  crianças ofanim a alguns anos atrás? — Meu pai falou com grave entonação, minha mãe estava confusa e inacreditável no que estava passando em sua cabeça. Ambos ficaram com olhar de confusão e preocupação, ambos não disseram nada por alguns minutos, e não quis perguntar nada. Mas meu pai estava andando em círculo, minha mãe encarou a jarra de suco colocada no copo e deu uma única golada, dei uma mordida no meu sanduíche encarando minha mãe.
— Vocês querem me dizer algo? Porque as caras de vocês estão me assustando e olha que eu nem disse que ela além de ser ser minha professora de História e Biologia ainda estava dando em cima de mim, e que por muito pouco ela não me flechou com a flecha do amor. — Repetiu a palavra professora pois pareceu que eles não entenderam da primeira vez e era o que tinha dito.
—  O que? — Meu pai vociferou. — Ela estava na sua escola! Porque não me disse?
—Acabei de falar, pai. Eu não sabia quem era ela, ela chegou na sala dizendo que era nossa professora de História e Biologia, ela se apresentou como Laila. —Não contei ao meu pai que Ariel tinha dito o verdadeiro nome dela e que nós nos beijamos antes da explosão causada por ela. Eu não queria que meu pai achasse a irmã apta a cuidar de mim correndo o risco de colocar outro no lugar dela. Não.
— Sara?— Minha mãe começou. — Existe chances de Sara saber dela?
Minha mãe estava bem furiosa.
— Não, acho que não. — Meu pai respondeu. — Sara não conhece ela, somente nós dois e você amor, não deveria nem se lembrar mas dela, só viu uma vez.
— Vocês conhecem ela? — Dei um gole no suco e comecei a comer outro sanduíche.
— Uma vez, quando foi levada para escola do Nefius, eu a vi, ela era muito bonita mas não gostei dela, algo me dizia que ela não era como apresentava ao público. E pelo visto eu estava certa.
— Porque não disse sobre suas desconfianças? — Meu pai contestou.
— Porque eu achei que fosse ciúmes. — Minha mãe ficou corada.
— Ciúmes! De mim? — Meu pai deu a volta até minha mãe puxando pela cintura.
— De quem mais seria, seu bobo. Eu já estava começando a me apaixonar por você e ela era linda, deslumbrante, fiquei incomodada com ela, sim.
— Se vocês vão se pegar aqui me avisar que vou pro meu quarto. — Brinquei. — Não quero segurar vela.
— Engraçadinho. — Bagunçou meus cabelos o arcanjo. — Terminar de comer.
— O que mais? — Os olhos da minha mãe brilhavam no ar de preocupação. — Como foi no bar? Quero ouvir sua versão.

Confronto Imortal Vol:01Onde histórias criam vida. Descubra agora