Sangue de Abel • 22

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O sinal tocou, Emma se despediu indo para sua sala onde ela teria aula de espanhol, queria lhe perguntar de onde ela conhecia Barton mas o crápula grudou nela que nem parasita acompanhando até sua sala, Daniel segurou na alça da minha mochila impedido que eu desse mais um passo e arrancar daquele demônio seu sorriso sínico e provocativo. Se eu dei o sarrafo em Heitor que era humano, não queria imaginar o que eu fazia com esse desgraçado que se fizesse alguma coisa com Emma lhe arrastaria pessoalmente até o inferno.
 
     Tentei de todas as formas me concentrar nos treinos e nos detalhes que Sr Miller ditava com cautela para que decoremos, mas estava difícil prestar atenção em qualquer coisa que sai da boca do treinador, levando várias broncas e puxões de orelhas de Daniel que estava fazendo o meu trabalho de capitão. Depois de várias tentativas insanas de prestar atenção, pedi pelo amor de Deus que o Sr Miller me deixasse sair, pois não estava me sentindo bem, muita dor de cabeça que não era mentira, tanta coisa da minha cabeça que não sei como ela ainda não explodiu indo pelos ares.
— Não esqueça de hoje a noite — Me alertou Daniel pouco antes de sair do campo.
— Será que existe em algum lugar, manuscrito, livros ou pergaminho que mostre a árvore genealógica de Abel? — Mudei de assunto.
— Podemos procurar no templo, mas você precisa focar nos treinos pelo menos os que serão essenciais na luta contra Caim. Já que os jogos esse ano você está totalmente fora de foco. —
Dei um riso sem jeito.
— Acho que já podemos treinar Sebastian, para ser meu substituto caso precise, não sei até quanto tempo Caim se manterá calmo e paciente.

Parei para pensar que já fazia uns dias que não tive nenhuma ameaça, e isso não era boa coisa. Caim estava aprontando algo. E se fosse pela história que Emma contou?  Que Caim descobriu o paradeiro da mãe dela, matando-a e agora ele estaria à procura da única filha e descendente de Abel, ainda viva e se sim porque as queria morta?

— E se for verdade! O que Caim faria com alguém que descendesse o sangue de Abel?

Sr Miller chamou atenção de Daniel apertou meu ombro e colocou o dedo nos lábios.
— Se for o que estou pensando muda o rumo da história. Se for o que eu ouvi durante este milênio que vivi aqui na terra, existem duas formas de destruir Caim. Você é o sangue de Emma que se ela for descendente dele é o mesmo que sangue de Abel. —Daniel acenou voltando a se misturar com jogadores, Daniel entregou a bracelete de capitão para Sebastian que relutou em receber.

        †‡†

Entrei no prédio aproveitando que tinha aquele horário livre indo direto para a sala de natação, peguei uma sunga preta, óculos e touca, saltei para dentro da piscina fazendo nado borboleta flexionando o corpo para baixo girando os braços. Não sei quantas vezes eu repetir aquele nado sem parar, só sei que meus pulmões já estava ardendo como se fogo queimava por dentro, cheguei a borda da piscina cuspindo água, respirando profundamente sentindo meu peito arfar, retirei a touca mergulhei depois emergir chacoalhando as água do meu cabelos. Olhei em volta e não tinha ninguém, saí e fui para choveiro.

Encontrei com Daniel entrando na sala de trigonometria, Max conversando com Chloé e Emma que estava mais leve, não sei o que Max disse que tirou uma linda gargalhada das garotas, Emma corou ao me vê na porta.
— Olha quem vai está na mesma aula que você, Jaziel. — Daniel me deu uma cotovelada na minha costela.
— Amigos!— Chloé nos saudou, vindo até mim. — Tenho algo a  te dizer.
Chloé fixou seus olhos negros em mim depôs Daniel.
— Alguma coisa com relação a Emma?— Me preocupei.
— O pai dela — disse abaixando o tom da voz, antes de olhar para Emma que conversava com Max. — Gutierrez, esse é o nome do pai dela. É totalmente paranóica, violento, bêbado. Senti vontade de levar Emma para minha casa, ficamos do lado de fora, eu e seu pai ouvimos toda discussão. Emma parece uma garota forte, Jaziel, mas não é. Ela precisa de alguém que possa fazer se sentir segura, protegida.
O olhar de Chloé ficou nublado.
— Se depender de uma boa amiga, eu serei para que ela possa se sentir confiante e ter alguém que ela possa contar.  — disse Chloé.
— Tudo isso por causa da mãe dela! Porque ela foi embora? — Daniel se compadeceu de Emma — Mas ela não disse o motivo?
— Sim, mas ele não acreditou, pelo que tio Gabriel disse, o pai dela não acredita em Deus, nunca acreditou. Mas depois do que ouvi com a mãe dela, ele se perdeu por completo — disse Chloé, me deixando ainda mais indignado, ainda mais pelo fato dele não acreditar na existência do meu avô! Não, isso era demais, só de pensar que ele é só um dentre tanto com o mesmo pensando reprimido. Me fazia pensar em como meu avô era forte e ainda se mantinha um ser bondoso e misericordioso.
— Encontrei ela no banheiro feminino — continuou Chloé, me trazendo de volta dos meus pensamentos — ela estava muito deprimida pelo que aconteceu ontem chorando até, e piorou bastante quando….— Chloe deixou as palavras morrer.
Pensei no que Barton poderia ter feito com ela, já querendo encontrar e quebrar sua mandíbula.
— Pérola— disse por fim. Estreitei meu olhar. — Pérola pegou pesado na aula de espanhol, mas Miguel a defendeu.
— O que ela fez?— Daniel perguntou por mim. Ele sabia que eu estava sentindo, isso não ficaria assim. Emma já sofre em casa e não sofreria na escola, não por causa de Pérola.
Não esperei Chloé terminar de dizer o que Pérola tinha feito com ela na aula de espanhol. Passei pelos amigos indo até Emma e me sentei ao lado dela ainda com os cabelos úmidos.
— Estava na piscina e não me chamou! — Emma desviou seu olhar rápido.
— Da próxima posso te levar. Pode ser sábado? É aberto para natação nos finais de semanas. — Coloquei seus cabelos atrás de sua orelha, puxando seu queixo para  olhar em seus olhos que estavam vermelhos.
Emma desviou seu olhar.
— Eu soube que Pérola fez — disse— Desculpas, mas não vai mais acontecer.
— Está tudo bem, seu amigo Miguel me defendeu. — A voz dela saiu como um sussurro.
— Não importa, ela não tem direito de te destratar.
— O que ela disse? — Queria ouvi dos lábios delas. Insistir mais de três vezes para que Emma pudesse contar.
Emma engoliu seco procurando as palavras certas.
— Ela disse… que era sua namorada, que era pra eu ficar longe, senão coisas muito ruins iria acontecer comigo. Creio que Chloe contou pra você, agora pouco.
— Contei mesmo —  disse Chloé. — Não concordo com as atitudes infantis de Pérola, já chega dela se achar superior às outras pessoas, eu guardei o segredo dela de ter sabotado a apresentação da Emilly para capitã da cheerleader.

Confronto Imortal Vol:01Onde histórias criam vida. Descubra agora