Capítulo 7.

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"Escuto as trevas; e, por muitas vezes
Estive meio apaixonado pela morte fácil,
Chamei-lhe nomes suaves em muitas rimas,
Para levar para o ar minha respiração tranquila;
Agora, mais do que nunca, parece rico morrer,
Cessar na meia-noite sem dor."

John Keats

— Nós vamos voltar, papai? — Scorpius disse enquanto observava seu pai arrumar uma mala com alguns de seus itens.

— Sim, vamos - só vamos ficar na floresta por alguns dias — Draco respondeu, bagunçando o cabelo de Scorpius quando terminou de encolher o dragão de brinquedo do filho.

Uma semana depois da missão, Granger encontrou um local onde poderiam encontrar plantas de heléboro para colher suas lágrimas. As lágrimas eram um ingrediente listado em uma das substâncias experimentais nas quais os mestres de poções do Lorde das Trevas estavam trabalhando e que ela pretendia replicar. A receita foi deixada às pressas em um dos laboratórios em que a Ordem havia se infiltrado e, apenas semanas depois, Granger encontrou uma área em uma floresta perto das Montanhas Cárpatos que abrigava a planta. Era uma missão simples, segura o suficiente para permitir que ele levasse Scorpius junto, especialmente porque eles não tinham certeza de quanto tempo levaria. Eles deveriam ir e ficar na floresta por alguns dias para pegar o que precisavam e depois voltar.

— O Watsy está vindo? — Scorpius se animou, piscando para o pai com grandes olhos prateados.

— Ele vai nos encontrar lá. — Draco deu um sorriso. O filho não se intimidou com o velho elfo rabugento, que o seguia constantemente e falava com ele sobre seu dia. O elfo havia tentado fazer com que Scorpius o deixasse em paz - zombando do garoto e grunhindo sempre que Scorpius lhe fazia perguntas. Mas Scorpius simplesmente ria e copiava sua expressão facial. Exausto, Watson preferiu ignorar a criança.

— Tudo pronto, Malfoy? — Granger perguntou da porta. Seus olhos castanhos profundos apareceram por trás dos cachos de cabelo que caíam sobre seu rosto enquanto ela olhava para cima, para aquela sua bolsa de contas. Draco encolheu sua própria bolsa e, depois de colocá-la no bolso, pegou Scorpius e a seguiu para fora do quarto.

No saguão, Hermione desembrulhou um pedaço de tecido que revelou a chave de portal no formato de um botão. Com cuidado, ela colocou um dedo sobre ele, o dedo maior e mais fino de Draco roçando o dela enquanto ele segurava o filho com força com o outro braço. O botão brilhou, sinalizando sua ativação, puxando o trio pelo umbigo e, em segundos, eles se viram no meio da floresta.

— Não gostei — Scorpius gemeu baixinho quando eles chegaram, fechando os olhos e deitando a cabeça no ombro do pai.

— Já acabou. Não há mais chaves de portal hoje — Draco murmurou, esfregando círculos suaves em suas costas. Ele olhou para cima, sentindo o olhar de Granger sobre ele. Suas sobrancelhas estavam franzidas de preocupação e parecia que ela ia dar um passo à frente. Mas, ao ver o olhar perscrutador dele, ela corrigiu suas feições, pegou o mapa e estudou a dúzia de acampamentos em potencial que havia marcado.

Enquanto ela fazia isso, Draco observou o ambiente ao seu redor. Apesar de ser outono, essa seção da floresta parecia estar presa naquele breve momento entre o inverno e a primavera. As folhas brilhavam como se a geada tivesse acabado de descongelar como conchas cristalizadas. Havia uma espécie de tentativa de despertar no zumbido fraco das abelhas, os botões das rosetas se enrugavam e se desenrolavam como se tivessem sido acordados de um sonho nebuloso pelo toque suave da luz do sol que atravessava a copa das folhas.

Não havia guerra aqui. E, por um momento, Draco se sentiu como se fosse uma criança novamente, brincando no jardim de rosas de sua mãe quando a primavera chegou à Mansão. Quando os únicos gritos que ressoavam nos corredores eram os de uma criança enquanto sua mãe o perseguia descalça pelos corredores - risos quando ela o pegava, dizendo-lhe para se calar porque seu pai estava no escritório e ficaria chateado ao encontrar os dois descalços e sujos de lama do terreno. E seu pai, espiando discretamente pela porta, observando-os com carinho - fingindo que não os havia pegado.

The Order Of Serpents | DramioneOnde histórias criam vida. Descubra agora