Capítulo 2.

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"E quando ninguém o acorda de manhã, e quando ninguém espera por você à noite, e quando você pode fazer o que quiser. Como você chama isso, liberdade ou solidão?"

Charles Bukowski

(3 anos e meio depois)

Draco Malfoy estava diante dela, com o rosto magro, os olhos atentos e as feições pálidas suavizadas em uma fria indiferença. Apesar das bolsas sob os olhos e do rosto manchado de cinzas e sangue, seu semblante tinha um toque de arrogância no arco da sobrancelha aristocrática e no nariz pontudo. Ele quase a dominava, pois três anos e meio aumentaram significativamente sua altura e constituição física. No entanto, Hermione permaneceu reta a poucos metros dele, com os olhos desafiadores e inabaláveis, encarando-o diretamente nos olhos, com a varinha apontada firmemente para o pescoço dele.

— Granger.

— Malfoy.

— Hermione — disse Kingsley Shacklebolt com sua voz calma e profunda. — Já conversamos sobre isso.

De fato, eles haviam conversado sobre isso. Na noite passada, Draco Malfoy apareceu em um dos pontos de encontro confidenciais da Verdadeira Ordem, entregando sua varinha e pedindo asilo em troca de informações. A Mansão Malfoy havia sido consumida por um incêndio, e nenhum habitante conhecido escapou. E, horas depois, lá estava ele, Draco Malfoy, coberto de fuligem e cortes, oferecendo-se para mudar de lado após três anos de serviço ao Lorde das Trevas.

Se a Ordem da Fênix - a Verdadeira Ordem - não estivesse desesperada, se não tivesse sido forçada a se esconder enquanto o Lorde das Trevas solidificava seu domínio sobre a Grã-Bretanha Mágica, controlando o Ministro da Magia e as publicações de notícias com o que ele chamava de Ordem das Serpentes, a Verdadeira Ordem não teria se mostrado tão disposta a deixar um Comensal da Morte entrar tão facilmente em suas fileiras. Um Comensal da Morte de uma das mais proeminentes famílias de sangue puro que defendia tudo o que Voldemort defendia.

No entanto, ali estava ele, sem nada, no esconderijo que ela habitava atualmente, sob sua supervisão. A mandíbula de Hermione se apertou.

— Ele foi liberado, Hermione — disse Kingsley, exasperado. — Usamos veritaserum nele, olhamos suas memórias e suas informações parecem legítimas. Precisamos das informações dele, você sabe que precisamos.

Hermione inalou, já tendo lido os relatórios.

— Mas vamos tomar cuidado, e é por isso que queremos que você monitore o comportamento dele. — Antes que ela pudesse protestar, ele continuou. — Estamos ficando sem informações, sem recursos, sem mão de obra. Olhe, eu entendo sua hesitação em confiar em outra pessoa, especialmente nele. Você está acostumada a operar por conta própria ao longo desses anos, realizando missões sem um parceiro, coletando informações vitais, de fato - e nós respeitamos seu desejo de se isolar de todos. Sei que tem sido difícil depois... da batalha, e depois que Ron fugiu...

— Não faça isso.

— Sim, eu sei, eu sei. Mas precisamos que você faça isso. É um risco que precisamos correr.

— E qual é o motivo dele? Está me dizendo que ele simplesmente mudou de ideia? — Ela riu sem humor.

— Seu filho.

Hermione baixou a varinha diante do olhar de advertência de Kingsley, notando os lábios de Malfoy se contraírem quase imperceptivelmente. Enquanto Kingsley reiterava os termos de sua supervisão, Hermione repassou mentalmente as informações em seu arquivo. Ele havia se casado com Astoria Greengrass alguns meses após a batalha. No entanto, ela havia morrido durante o parto de seu filho devido a uma doença do sangue. Seus pais estavam mortos, Lucius morrera durante uma emboscada e Narcissa durante o incêndio que consumiu a Mansão Malfoy algumas noites atrás. E, durante todo esse tempo, ele permaneceu devotado ao Lorde das Trevas, tendo não apenas se envolvido, mas também liderado várias incursões, batalhas e assassinatos para livrar o mundo dos sangues-ruins.

The Order Of Serpents | DramioneOnde histórias criam vida. Descubra agora