Capítulo 24.

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"Como podemos nos perdoar por todas as coisas que não nos tornamos?"

– Doutor Luben

Alguns dizem que o mundo acabará em fogo, um fogo tão puro que queima tudo o que já existiu, reduzindo-o a cinzas. O acerto de contas. Para Hermione, parecia simbólico, até poético. Fogo para limpar a alma – o portador da luz. E destruição. Só agora ela realmente sabia como era queimar, estar do outro lado, onde não havia como escapar das chamas. E dor.

— Hermione?

Hermione engasgou, enxugando rapidamente as evidências de suas lágrimas antes de levantar a cabeça. Ao fazer isso, ela encontrou um par de olhos verdes atrás de óculos de aros circulares presos por fita adesiva.

— Você precisa de algo, Harry? — Hermione desviou o olhar do olhar penetrante dele, preferindo observar a lula gigante à distância, que espirrava as pontas de seus tentáculos na superfície do lago negro. Era um dia de outono, com as árvores perdendo suas folhas cor de calêndula e castanho-avermelhadas, algumas flutuando suavemente na superfície do lago, assim como os barcos que se lançavam sozinhos e que os trouxeram para essa mesma margem há poucas semanas.

— Eu... eu ouvi o comentário que Snape fez sobre você na aula sobre não ser boa o suficiente, não importa o quanto você tentasse...

Hermione fechou os olhos, recusando-se a quebrar na frente dele. Ela tentou ser amiga dele, mas ele e Ron estavam presos juntos, às vezes desconfiados dela sempre que ela tentava ajudar. Estas últimas semanas em particular foram demais. Ela sentia falta dos pais. Ela tinha vergonha de admitir, não porque não amasse os pais ela amava. Era porque ela tinha vergonha de que mesmo aqui em Hogwarts ela fosse uma estranha. Ela pensou que finalmente estaria em algum lugar ao qual pertencia, em algum lugar que as pessoas entendessem, porque durante toda a sua vida ela se sentiu tão sozinha, mesmo que seus pais tivessem tentado. Ela pensou que vindo aqui encontraria pessoas como ela. Mas, novamente, ela era diferente. Ela percebeu rapidamente que ter pais trouxas não era comum. Ela havia lido todos os livros disponíveis sobre seres mágicos. Nascida trouxa. Era apenas uma palavra preta em um velho livro de couro com páginas amareladas. Mas a maneira como soou nos lábios dos outros bruxos e bruxas, jovens e velhos, continha um gosto subjacente de descontentamento. Não, ela sabia, no fundo de seu sangue, mais uma vez ela não pertencia.

— Ainda não sei por que você está aqui, Harry — Hermione murmurou assim que ele parou de balbuciar, passando os dedos distraidamente pela pena emplumada.

Quando ele não respondeu, Hermione só deu uma breve olhada em seu rosto contraído antes de ele se sentar ao lado dela.

— Olha, eu sei como você está se sentindo eu também não sabia sobre magia até vir para cá. Mesmo tendo ambos os pais mágicos eu sou... um estranho. Quando caminho pelos corredores ouço os sussurros. Não somos como eles. — Ela piscou para Harry, que lhe deu um sorriso torto. — Sei que as coisas não têm sido fáceis, mas podemos descobrir. Juntos.

Hermione franziu a testa. — E quanto a Rony?

O rosto de Harry se abriu em um sorriso. — Ele vai concordar, não se preocupe.

Como se estivesse sendo convocado, o Weasley ruivo saiu cambaleando das árvores, tropeçando em suas vestes enormes. O cabelo dele estava desgrenhado, tão brilhante que ela quase não distinguiu as folhas presas em seu cabelo.

— Harry! Onde você esteve, cara? — ele disse, espanando o cabelo enquanto se aproximava.

— Apenas saindo com Hermione e compartilhando nosso ódio por Snape.

The Order Of Serpents | DramioneOnde histórias criam vida. Descubra agora