Capítulo 40.

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"Deus, este é um anjo pecador voltando para você novamente."

Anton Tchékhov

— Dia!

Draco se assustou, quase deixando cair sua caneca de madeira quando Senia saiu mancando da estrutura de videiras e galhos de sua casa. Ele desviou os olhos de onde Hermione e Scorpius estavam brincando perto do riacho e retribuiu a saudação da velha.

— Gostou da sua noite de núpcias?

Draco quase engasgou com o chá e Senia gargalhou com a ocorrência dele.

— Erm, sim... nós... foi... — ele gaguejou diante do olhar astuto dela.

— Não precisa ser tímido, garoto — ela riu, usando magia sem varinha para preparar uma xícara de chá antes que Draco pudesse oferecer. — O vínculo da alma é uma coisa maravilhosa e linda.

Um silêncio confortável se instalou entre eles, Senia assumindo um olhar distante enquanto bebia sua xícara.

— Fica sozinho? Aqui na floresta?

Senia inclinou a cabeça, considerando cuidadosamente a pergunta dele.

— Não tanto quanto parece — ela respondeu com um sorriso gentil. — Vivi muito tempo e passei quase toda a minha vida nesta floresta cercada apenas pela natureza. À medida que estas cidades são construídas, por vezes esquecemos de como é o prazer da simplicidade da  vida  que nos rodeia - na forma como os passarinhos quebram as suas conchas e fazem o seu primeiro voo, em riachos cheios de peixes prateados abrindo caminho contra a corrente , o bela decadência de folhas no outono. Não  - suponho que não me sinto sozinho. Solidão talvez, mas quando alguém não tem medo de si mesmo, é capaz de encontrar paz com ou sem a companhia de outras pessoas.

Draco concordou em compreender. Ao crescer, sua vida foi composta de políticas de sangue puro, eventos sociais e manobras para garantir o poder. Seu pai elevou o status da família e até ele teve que admitir que sua mãe não era imune ao luxo, à recepção e ao poder que acompanhava o legado de sua família. Mas durante uma guerra, sendo despojado de quem ele era e do que tinha – sendo convocado a confrontar-se como nada mais do que um homem mortal – ele viu que todo aquele status e poder não fez nada. Foi em Escorpião e Hermione, na vida simples do dia a dia com eles, que ele sentiu um tipo diferente de poder. Ele sentiu uma base em sua existência ao poder experimentar a vida nos momentos mais mundanos e poder compartilhar esses momentos com as duas pessoas que seguravam seu coração nas mãos.

— Posso? — Tirando-o de seus pensamentos, Senia mencionada para sua xícara agora vazia. Draco concordou e silenciosamente transmitiu a ela. Pegando-o com as duas mãos, Senia espiou dentro da xícara.

Vagamente, ele descobriu que ela estava lendo suas folhas de chá. Ele e Hermione compartilharam o mesmo ceticismo em relação à adivinhação, graças à Professora Trelawney. Mas ele manteve seus pensamentos para si mesmo.

Quando ela terminou, a velha brilhou para ele através das lacunas entre os dentes.

— Olha — disse ela, mostrando-lhe o fundo da xícara. Draco olhou, mas tudo o que viu foi um amontoado de folhas amontoadas. Ele realmente precisava dos óculos, pensou em contragosto.

— É uma fênix — Senia surgiu quando seu rosto apareceu inexpressivo. Draco apareceu quieto, não se lembrando o suficiente das aulas de Trawlaney para saber o seu significado. — É o símbolo de novos começos, de renascer das cinzas.

— Entendo... — Draco concordou em não sugerir suas opiniões sobre toda a prova.

— Um símbolo curioso, de fato. — Draco sentiu uma sensação de desconforto sob o olhar penetrante dela. — A magia funciona de maneiras curiosas, Draco Malfoy. Nós, seres mágicos, pensamos que podemos controlá-la, mas ela tem vida própria. Na verdade, a magia funciona à sua maneira, ela escolhe seu portador e  sempre  segue o equilíbrio da natureza – ela não pode ser tomada ou imposta, pois a magia sempre encontra um caminho. Você fará bem em se lembrar disso.

The Order Of Serpents | DramioneOnde histórias criam vida. Descubra agora