Capítulo 16.

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"Flectere si nequeo superos, Acheronta movebo;

Se eu não puder dobrar o céu, levantarei o inferno."

Virgílio

O vento continuava a uivar como um cão de caça moribundo enquanto as folhas tremiam no ar frio e úmido. Hermione permaneceu imóvel, agachada atrás dos arbustos, com Draco à sua esquerda e os irmãos italianos de cabelos escuros, Luca e Gina, à sua direita. Com Hermione como líder, o grupo foi incumbido de uma simples missão de reconhecimento de uma mansão rural de sangue puro na Itália, que eles suspeitavam conter prisioneiros da Verdadeira Ordem.

— Parece deserta, não? — Luca sussurrou, ainda mantendo os olhos no perímetro. Além da camada incomumente espessa de proteção, parecia não haver ninguém ocupando a casa.

— A maioria das casas de sangue puro tem encantamentos que permitem que o proprietário faça parecer que a casa está desocupada. É comumente usado quando os puros-sangues querem se esconder, mas mais frequentemente quando precisam de... discrição para satisfazer seus — o rosto de Draco se contorceu. — desejos carnais.

Apesar de os sangues-puros se vangloriarem de seu elitismo, Draco descobriu, desde jovem, que eles também eram escravos de seus desejos mais básicos. Seu pai nunca havia participado de tais atos, pois os considerava lascivos e primitivos - ele adorava Narcissa. No entanto, Draco não havia sido salvo de testemunhar a autopoluição da alta sociedade.

— Draco está certo sobre os encantamentos. Watson havia mencionado isso nas plantas. Vamos circular pelo perímetro como planejado e procurar sinais de que estão sendo usados. Mas, por segurança, prefiro manter distância - podemos voltar com uma equipe maior, se for necessário — disse Hermione.

Os outros três acenaram com a cabeça em concordância e continuaram com suas tarefas. Era uma noite sem estrelas, com apenas a lua pendendo pesada e cheia no céu.

— Ali, nos degraus — Gina apontou. — É sangue, sì?

Hermione olhou mais de perto para onde Gina estava apontando. De fato, um líquido escuro estava espalhado pelos degraus, como se alguém tivesse sido arrastado por eles. Sob a luz cinzenta da lua, o sangue parecia preto.

—Houve um ataque há alguns dias em uma cidade muggle não muito longe daqui, onde alguns de nossos membros estavam escondidos — murmurou Hermione. — Não sobraram corpos, então presumimos que eles devem ter sido capturados.

Antes que o grupo pudesse investigar mais, um rosnado reverberou das sombras da floresta. Hermione imediatamente ergueu a varinha, um feitiço se formou pela metade em seus lábios antes que uma luz amarela brilhante queimasse sua visão e o mundo escurecesse.

~.~

Hermione abriu um olho e estremeceu com a dor aguda na nuca. Estava escuro e frio onde quer que ela estivesse, exceto por uma camada de luz da lua que vinha de uma janela alta. Ela tentou mover os braços e pegar sua varinha, mas se deparou com o peso das algemas que prendiam seus pulsos e tornozelos, acorrentando-a ao chão. Embora se sentisse fraca e esgotada, ela ainda tentou invocar sua magia. Não houve resposta. Era o que ela esperava - as algemas estavam encantadas para suprimir sua magia.

— Merda — ela praguejou baixinho, sentindo a garganta irritada. Sua visão finalmente se concentrou, focalizando a sujeira e o sangue acumulados sob suas unhas. Hermione fez uma careta ao se sentar, observando as cicatrizes e os ferimentos na panturrilha e no peito, bem como os hematomas que subiam pelo braço e que ela não se lembrava de ter recebido. Um farfalhar de correntes imediatamente chamou sua atenção e ela conseguiu levantar a cabeça, examinando a masmorra escura.

The Order Of Serpents | DramioneOnde histórias criam vida. Descubra agora