"Você tenta dizer a si mesmo que não importa, como se realmente não importasse. Você quer se livrar da coisa, da pessoa, do evento, da lembrança. Mas o sentimento ainda está lá, sempre lá, esperando por você, incomodando-o a reconhecê-lo, a conviver com ele, a engoli-lo por inteiro. E então, um dia, parece que ele simplesmente desaparece e você sente uma pontinha - só uma pontinha - de felicidade novamente. E você acha que finalmente está livre, mas então, das profundezas ocultas, lá vem ele novamente, inchando no início e depois arrastando você para baixo, desta vez mais fundo, muito mais fundo do que antes, e por todo o caminho ele grita repetidamente: 'isso importa, isso importa, isso importa'".
– Jesmyn Ward
Draco, distraidamente, passou os dedos pelos cabelos do filho, o peso da cabeça do menino em seu ombro era um conforto constante. O quarto deles estava em silêncio, exceto pelos roncos suaves do filho. Desde que Scorpius tinha ido dormir o cochilo da tarde, Draco tinha se perdido em seus pensamentos sobre a missão da outra noite. Embora eles tivessem conseguido sair vivos e salvado os prisioneiros graças aos elfos, Draco não conseguia ignorar a maneira como o evento havia deixado suas paredes de oclumência abaladas. Tinha sido demais - ver Granger espancada e ensanguentada, contorcendo-se de dor enquanto gritava ao ser atingida pelo cruciatus. Aquilo havia sacudido algo dentro dele. Era o mesmo grito que ele ouvia ecoando na sala de visitas da mansão, mesmo depois de ter sido lavada e polida. E era a mesma impotência que ele sentia - não fazer nada enquanto a via ser torturada. Mas algo estava diferente dessa vez. No segundo em que o corpo dela se ergueu do chão, tudo o que ele sentiu foi uma fúria ardente. Apesar da supressão de sua magia pelas algemas, ele podia senti-la lutando em suas veias.
Agora, na sequência, ela o aterrorizava. Vê-la ferida abriu um abismo que ele não estava pronto para explorar. Ele sabia que, uma vez rompido, não haveria mais volta. As portas de sua mente tremeram enquanto ele tentava fechar e trancar todas as portas. Sem que ele percebesse, uma porta, feita de madeira velha e escura, rachou.
— Draco, querido, o que foi? — perguntou a mãe do garoto.
Draco levantou a cabeça de onde estava olhando para o caminho e se deparou com dois pares de olhos que o fitavam com expectativa - um azul inverno e o outro prateado, gêmeo do seu.
— É um pardal — respondeu ele. — Deve ter caído de seu ninho.
O olhar do garoto voltou para a pequena criatura no chão diante dele. Ela era minúscula, do tamanho de sua palma. Suas penas marrons estavam inchadas em todas as direções, agitadas pela queda. O pardal guinchou e mancou, com uma de suas asas dobrada na direção errada.
— Deixe-o — ordenou seu pai em uma voz severa. Nas palavras de seu pai, havia uma clara aversão. — Está ouvindo, Draco?
Draco piscou os olhos e engoliu, hesitando em se tornar o objeto da atenção de seu pai. Era um belo dia de verão, o sol estava alto no céu e os jardins da mansão floresciam com as rosas e os cravos de sua mãe. No entanto, sob o olhar de seu pai, ele nunca havia sentido tanto frio.
— Sim, pai — disse ele estoicamente, pronunciando as palavras perfeitamente praticadas com a quantidade certa de deferência, a quantidade certa de respeito e a quantidade certa de dignidade. Afinal, ele também era um Malfoy.
Seu pai assentiu bruscamente e se virou para continuar a caminhada pelos jardins com sua mãe no braço. Draco tentou segui-los, mas parou quando o pássaro caiu em seu caminho e piscou para ele com olhos castanhos arregalados.
Ele hesitou.
— Draco. — A voz foi cortada dessa vez, um aviso que ele sentiu claramente, mesmo quando o pai ainda estava de costas.
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The Order Of Serpents | Dramione
ФанфикTradução concluída. Durante a Batalha de Hogwarts, Harry Potter entrou na floresta proibida, morreu e saiu com os olhos vermelhos como o novo receptáculo do Lorde das Trevas. Desde então, Hermione Granger serviu como membro de elite da Ordem Verdad...